Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
Tamanho da fonte: 
A implantação do comitê local de prevenção e investigação de mortalidade materno infantil em São Bernardo do Campo-SP: dispositivo de educação permanente
Rosimary de Oliveira Pedrosa, Paula Bertoluci Alves Pereira, Claudielle de Santana Teodoro, Cristiane Lopes de Souza, Talita Luíza Faria, Giovanna Martini Perovano Cesar, Vanessa Manno Frasca, Cintia Ferreira, Caroline Amorim Mesquita de Oliveira, André Paiva, Pâmela Silvestre Almeida Macáu, Elisa Carolina de Carvalho

Última alteração: 2018-01-21

Resumo


INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA:

Considerando o alarmante índice de mortalidade materno infantil referente ao ano de 2015 no território 5 de saúde do município de São Bernardo do Campo-SP, várias discussões foram disparadas junto aos gestores e trabalhadores para o enfrentamento dessa situação no início de 2016. O cuidado materno infantil permeou a pauta de vários encontros de educação permanente territorial, sendo estabelecido como uma das estratégias a implantação de comitês locais de prevenção e investigação de mortalidade materno infantil nas unidades básicas de saúde (UBS). A partir de março de 2016, foi constituída uma rede de comitês locais nas UBS Silvina, UBS Leblon e UBS Montanhão os quais buscam identificar todos os óbitos maternos/infantis para elaboração de estratégias de prevenção e intervenção na atenção básica, discussão do cuidado a gestante, puérpera e criança, bem como construir parcerias intersetoriais a fim de potencializar o trabalho em rede e garantir a integralidade do cuidado.

 

OBJETIVOS:

- Estabelecer uma rede setorial e intersetorial de vigilância aos óbitos, incentivando a identificação de todos os óbitos, o conhecimento de suas causas e fatores determinantes;

-Monitorar e acompanhar sistematicamente os indicadores de avaliação da assistência obstétrica, neonatal e de saúde da criança;

-Identificar em cada caso discutido o que deve ser modificado para evitar mortes preveníveis e comunicar àqueles que podem interferir para a realização de mudanças necessárias, propondo medidas para sua redução. As recomendações e medidas são encaminhadas pelo Comitê às autoridades responsáveis (Departamento de Atenção Básica, Gerência da UBS);

- Reunir dados levantados do nível municipal e local, com a finalidade de identificar os subgrupos de população de maior risco;

- Sensibilizar os gestores, profissionais de saúde e usuários sobre a situação da mortalidade visando a melhoria da qualidade no cuidado à saúde da mulher e criança;

 

METODOLOGIA:

Cada comitê é formado por uma equipe multiprofissional, que são representantes das equipes locais de saúde da família, contendo: enfermeiro, médico generalista, ginecologista, pediatra, psicólogo, agente comunitário de saúde, técnico de enfermagem, além do gerente da UBS, apoiadores em saúde e referência da atenção básica. Os encontros são realizados mensalmente em cada UBS, com duração de 04 horas, com calendário previamente estabelecido e aprovado pelas equipes.

As pautas são elaboradas com base nas discussões disparadas a partir da investigação dos óbitos maternos, fetal e infantis ocorridos, por temas propostos por membros do comitê e/ou do Departamento de Atenção Básica, a discussão gestão do cuidado e da clínica das linhas da gestante/puérpera e criança.

Em situações especiais e havendo interesse por parte do Comitê, são convidados representantes de órgãos e entidades que possam contribuir para execução de trabalhos específicos. Tal ação vem desencadeando a construção de parcerias junto a trabalhadores de outros pontos de atenção e da rede intersetorial.

Cada representante do comitê tem a responsabilidade de capilarizar as discussões, orientações e estratégias pactuadas para a equipe de saúde da família de sua referência a fim de garantir o envolvimento de todos e a qualificação do cuidado, bem como o monitoramento e acompanhamento de cada caso.

As reuniões são registradas em livro ata e as condutas/encaminhamentos de cada caso registradas em prontuários.

RESULTADOS:

Os comitês locais vêm atuando como um dispositivo importante de educação permanente contribuindo para a qualificação das linhas de cuidado da gestante, puérpera e criança, ampliação da caixa de ferramentas das equipes de saúde, ao mesmo tempo em que aprimora as ações de vigilância de óbitos.

A análise de cada evento permite identificar os nós críticos nas linhas de cuidado em cada serviço e na rede de saúde do município de São Bernardo do Campo, propiciando a construção de estratégias de enfrentamento e resolução dos problemas.

A partir dos comitês várias ações foram desencadeadas de acordo com as singularidades e necessidades de cada unidade de saúde, sendo algumas delas: Parceria da unidade básica com a creche/escola para realização de roda de conversa dos médicos da UBS com Professores e Educadores para tirar as principais dúvidas com relação aos problemas de saúde apresentados pelos alunos durante período escolar; Articulação municipal com a regulação estadual para cadastrar o município de São Bernardo do Campo para receber cota de agendamento no Ambulatório de Erro inato de metabolismo da UNIFESP; Articulação e parceria com Centro de Detenção Provisório do município para a realização do  tratamento de parceiros reclusos das gestantes com sífilis; Discussão do protocolo municipal do tratamento de sífilis com Infectologista do SAE no Comitê; Encontro dos conselheiros tutelares com profissionais da saúde do ambulatório de infectologia infantil, unidade básica de saúde, apoiadores para discussão da saúde da criança como garantia de direitos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS:

Os comitês locais representam uma possibilidade de reflexão acerca do seu processo trabalho, bem como ampliação da caixa de ferramentas para a construção compartilhada de novas estratégias que garantam o cuidado integral na assistência da saúde da mulher e da criança.

Promover a discussão em espaços que envolvam as equipes de saúde da família utilizando como disparador as investigações dos óbitos ou eventos maternos infantis favorece a produção de sentido para os mesmos. Além disso vem desencadeando ações setoriais e intersetoriais a fim de potencializar essa linha de cuidado ao estabelecer uma rede de proteção e vigilância.


Palavras-chave


Comitê Mortalidade materno infantil; Educação permanente em saúde, Micropolítica do trabalho