Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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CONSTRUÇÃO DOS CUIDADOS COM A SAÚDE MATERNO INFANTIL NO MUNICÍPIO DE ALVARÃES/AM: A EXPERIÊNCIA COM AS PARTEIRAS TRADICIONAIS
Dávila Corrêa, Maria Elena Aponte, Maria Mercês da Silva, Ana Claudeise Nascimento, Isabel Soares de Sousa

Última alteração: 2018-01-02

Resumo


O movimento de humanização do parto é organizado por diversos segmentos da sociedade, cientistas (da área da saúde e social), ativistas do direito da mulher e parteiras. Desde 1998, no Brasil, iniciativas e projetos buscam transformar a política de institucionalização do parto, desde a redução das intervenções cirúrgicas até o atendimento acolhedor da equipe de saúde. Este relato objetiva descrever a articulação entre as parteiras tradicionais e o sistema de saúde do município de Alvarães, para a conciliação dos valores culturais. O Hospital Municipal de Alvarães foi o ponto de partida deste relato. O referencial teórico é a Sociologia da Ausência e Emergência que embasa a discussão entre saberes. A relação das parteiras tradicionais com o sistema de saúde de Alvarães (SSA), foi na 1ª capacitação para parteiras e agentes comunitários de saúde (ACS’s), em 2001, promovida pelo Instituto Mamirauá. Participaram 60 parteiras, 25 ACS’s e profissionais de saúde, dos municípios de Tefé, Alvarães, Uarini e Maraã. Um dos objetivos do evento foi o reconhecimento das parteiras pelos serviços de saúde. Em 2002, o SSA já realizou a 1º capacitação do município, foi relatado que a gestão pública estava motivada em conhecer as parteiras e realizar a prevenção da morbi-mortalidade materno-infantil em Alvarães. Por parte do SSA, essa capacitação foi marcada por “Muito conhecimento de pré-natal – parto – puerpério humanizado. Os saberes tão simples que formam parte de um grande atendimento a mulher em estado gravídico” (Enfermeira). Atualmente, são 16 parteiras cadastradas e atuantes pelo município, mas já se chegou a 25. Algumas morreram, outras saíram da área administrativa e outras foram morar na cidade para tratar de doenças crônicas. Estas não fazem mais parto, mas fazem “toque da barriga". A participação das parteiras no SSA ocorre da seguinte forma: todas possuem crachá de identificação; o atendimento de parto nas comunidades é informado pelo cadastro, com o auxilio dos ACS’s; a solicitação de materiais é feita por elas; a parteira pode entrar no hospital com a gestante que traz da comunidade e às vezes participa do atendimento de parto normal e todas são convidadas a participar dos encontros anuais e recebem certificado. Os ACS’s são os responsáveis por informar os partos domiciliares, que chega a 50 partos ao ano. O diálogo entre o SSA e as parteiras, possibilita reconhecer a vivência cultural e a participação como aspectos chave na construção do cuidado com a saúde, “antes as parteiras eram desconhecidas, atualmente são mais aceitas pela população da cidade e pelos profissionais de saúde mais antigos” (Enfermeira). É possível caracterizar a experiência do município de Alvarães a partir de dois fatores: a pequena extensão geográfica possibilita conhecer as parteiras e estabelecer a proximidade com os ACS’s e o permanente quadro da equipe de saúde, especificamente da coordenação que acompanha as parteiras, cria vínculo de referência e compromisso. No entanto, o SAA ainda enfrenta desafios. É preciso mobilizar a participação de novas parteiras e sensibilizar os profissionais de saúde jovens sobre a importância de compartilhar saberes.

Palavras-chave


parteiras tradicionais; saberes; sistema de saúde