Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Última alteração: 2018-03-06
Resumo
APRESENTAÇÃO: Considerando o cenário de saúde mental no Brasil, no decorrer de sua trajetória, o doente mental esteve associado ao modelo hospitalocêntrico, cujas principais características do tratamento eram: internações prolongadas, maus tratados, exclusão social, com práticas asilares e violação de direitos humanos e de cidadania. Atualmente a sociedade brasileira, tem gerado mudanças na perspectiva do cuidado em saúde mental, principalmente após a reforma psiquiátrica e a Política Nacional de Humanização. Tendo em vista essa realidade, depara-se com os conceitos de internação e internamento. As internações psiquiátricas atualmente é motivo de inúmeros questionamentos, baseado na ambígua finalidade de sua aplicação. O objetivo deste trabalho é apresentar os desafios do acolhimento qualificado diante da necessidade de internação em detrimento das frequentes indicações de internamento em instituições psiquiátricas. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: Trata-se de uma pesquisa de revisão integrativa da literatura, exploratória, qualitativa. Para a elaboração desta metodologia as seguintes etapas foram percorridas: estabelecimento do problema de pesquisa; busca na literatura; categorização dos estudos; avaliação dos estudos incluídos na revisão; interpretação dos resultados e apresentação da revisão. RESULTADO E/OU IMPACTO: Foram selecionados 12 artigos em três bases de dados eletrônicas. A maioria dos artigos selecionados apresentou boa qualidade metodológica e viés reduzido, oferecendo credibilidade aos resultados alcançados. Houve grande recorrência de pesquisas do tipo qualitativa. Esta abordagem corresponde a um domínio das relações e se trabalha o universo dos significados, evidenciando que os autores buscaram compreender o modo de desenvolvimento do acolhimento e internações em instituição psiquiátrica. Os dados relevantes encontrados na amostra foram agrupados em três categorias, na busca de sintetizar e articular o conhecimento obtido: O acolhimento qualificado como uma prática equitativa em Saúde Mental; A internação como recurso resolutivo diante dos fatores de risco para o sujeito em crise; O internamento: Um legado histórico? CONSIDERAÇÕES FINAIS: A noção do acolhimento é crucial para modificação das maneiras tradicionais de lidar com a loucura, começando no sentido da humanização das relações, e mais radicalmente, no sentido do respeito à palavra do sujeito. É preciso algo mais, além dos estabelecimentos de vínculos mais humanos, no intuito de articular internações por decisões mais precisas relativas ao contexto de realidade de cada sujeito. A noção de acolhimento e de escuta está associada à ideia de cuidado, apresentada nas novas formas de assistência ao indivíduo e suas origens. Aí está a ambiguidade da prática psiquiátrica: ao mesmo tempo “tratamento” e prática disciplinar. Conforme apresentado por Foucault, o hospital psiquiátrico se viu preso desde sua origem na dualidade “cuidados-punição”.