Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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RISCOS DE CONTÁGIO DE TUBERCULOSE OCUPACIONAL NO AMBIENTE HOSPITALAR: UMA REVISÃO INTEGRATIVA DE LITERATURA
Rebeca Arce Guilherme, Leandro Michel Afonso, Leandro Michel Afonso, Ellen Cristine de Oliveira Silveira, Ellen Cristine de Oliveira Silveira, Maria Eduarda Leão de Farias, Maria Eduarda Leão de Farias, Bianca Albuquerque Castro, Bianca Albuquerque Castro, Ana Carolina Scarpel Moncaio, Ana Carolina Scarpel Moncaio

Última alteração: 2018-01-21

Resumo


APRESENTAÇÃO: A tuberculose é um problema de ordem mundial, atingindo principalmente os países em desenvolvimento, levando de 1,2 a 1,5 milhões de mortes ao ano. Mesmo sendo uma doença que requer de um diagnóstico, tratamento e acompanhamento na Atenção Primária à Saúde, a Atenção Terciária ainda acaba sendo a porta de entrada de muitos pacientes bacilíferos ou sintomáticos respiratórios, ou seja, em plena fase de transmissão da doença. A existência da tuberculose nosocomial não é algo novo, este assunto vem sendo levantado desde a década de 80 e, vem se tornando preocupante a cada ano, principalmente com o aumento das coinfecções por HIV, aparecimento da tuberculose multirresistente e, observa-se que a falta de estudos direcionados ao assunto é alarmante, visto que, comprovadamente os profissionais de saúde mais especificamente da área de enfermagem estão 20 vezes mais suscetíveis a desenvolver a doença do que o restante da população, principalmente em países que apresentam altos índices epidemiológicos da tuberculose, como o Brasil. Outro fator contribuinte do cenário epidemiológico da tuberculose ocupacional é o atraso no diagnóstico da doença ou mesmo na hipótese diagnóstica da mesma, principalmente no ambiente hospitalar, atrasando as iniciativas de medidas preventivas e biossegurança, aumentando assim, o risco e tempo de exposição dos trabalhadores ao agente causador da doença. Componentes de ordem estrutural também são elementos de agravação do cenário e, é comum a inexistência de exaustores específicos para o manejo correto dos pacientes em isolamento em tratamento intra-hospitalar. OBJETIVO: Revisar a literatura científica nacional e internacional sobre a tuberculose ocupacional intra-hospitalar e a existência de medidas preventivas na Atenção Terciária. DESENVOLVIMENTO: Tratou-se de uma Revisão Integrativa da Literatura com a seguinte questão norteadora: “Qual a produção científica sobre a tuberculose ocupacional em âmbito hospitalar e qual a existência de recomendações de prevenção dentro dos hospitais?”. Utilizou-se a base de dados LILACS e, para a seleção dos artigos consultou-se os Descritores em Ciência da Saúde (DeCS), sendo utilizados: tuberculose pulmonar, risco ocupacional, prevenção e controle e, seus correspondentes no idioma inglês, com operador boleano “and”. Os critérios de inclusão foram artigos que abordassem a temática da tuberculose pulmonar, riscos ocupacionais na área da saúde, prevenção e controle da TB em âmbito hospitalar, nacionais e internacionais, nos idiomas português, inglês e espanhol, dos últimos cinco anos, e os de exclusão foram artigos referentes à TB extra pulmonar e com enfoque nos pacientes, além dos artigos não disponíveis na íntegra e publicações secundárias. RESULTADOS: A amostra final resultou em oito artigos originais, sendo todos correspondentes à base de dados LILACS. Os artigos foram divididos em duas categorias temáticas: “contágio por tuberculose ocupacional em unidades de atendimento hospitalar” e “recomendações de prevenção da tuberculose adotadas por unidades hospitalares”. Destaca-se a escassez de produções científicas atuais quando se fala em perfil epidemiológico dos profissionais afetados, visto que a tuberculose continua sendo uma doença negligenciada, em especial quando acomete os trabalhadores de saúde. Em um estudo descritivo e retrospectivo de 2002 a 2006, foram notificados 25 casos de TB nosocomial em um Hospital Universitário, sendo 32% técnicos de enfermagem, 16% médicos e 12% enfermeiros. Dos casos reportados, 96% foram constatados como sendo casos novos e apenas 4% como reincidência. O teste de sorologia para HIV foi realizado apenas em 84% dos trabalhadores, sendo 9,5% positivos para o vírus. Foi afirmado por 33% dos profissionais o contato prévio com pacientes sintomáticos respiratórios em ambiente hospitalar e apenas 1,5% tendo contatos na comunidade. A partir da análise das produções, pode-se observar a maior prevalência da transmissão entre os profissionais de enfermagem e medicina, respectivamente e diversos aspectos podem ser considerados com estes achados, tais como o maior tempo de exposição ao agente devido a uma maior aproximação com os pacientes em unidades hospitalares, o manejo correto dos pacientes e principalmente, o uso ativo ou não das medidas de biossegurança. Um estudo realizado em 2014 com 13 instituições de diversos estados brasileiros observou que apenas 46,2% das unidades realizavam capacitação dos profissionais acerca das medidas de prevenção da tuberculose. Em 53% das instituições foi afirmada a existência de exaustores HEPA em locais adequados. Com relação a precauções por aerossóis, 100% das instituições afirmaram disponibilizar máscaras N95 para seus funcionários, em contrapartida, 92,3% confirmaram fazer uso da reutilização das mesmas. Com relação a exames periódicos de teste tuberculínico em seus profissionais, 62,9% das instituições afirmaram não o realizar. Uma pesquisa quase-experimental realizada em um hospital brasileiro observou que há lacunas relacionadas aos conhecimentos acerca da tuberculose em todas as categorias profissionais, principalmente em tomadas de decisão na prática hospitalar e concluiu, após intervenções educativas, que medidas simples como distribuição de panfletos informativos e discussão de caso-problema se tornam muito efetivas na disseminação do conhecimento e obtiveram interesse significativo pela população alvo do estudo. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Observou-se que as ações de prevenção e controle tomadas por algumas instituições brasileiras estão caminhando para uma maior preocupação com a disseminação da tuberculose ocupacional, mas essas medidas ainda não são suficientes e possuem pontos a serem trabalhados, como a capacitação dos profissionais que não é realizada na maioria das unidades pesquisada bem como no melhoramento de estratégias já implantadas, visto que quase 70% das unidades afirmaram possuir projetos relacionados à tuberculose. Ainda assim, a maior fragilidade é relacionada à questão da infraestrutura da unidade, algo que requer mais tempo e investimento. Além disso, é necessário mais do que uma comoção somente institucional, como também ações individuais ativas por parte de todos os profissionais de saúde. O índice que contágio por tuberculose intra-hospitalar, como se pode observar, é multifatorial e pode sofrer mudanças devido ao cenário epidemiológico de cada região. Quando consideramos o Brasil como uma área endêmica, observamos a necessidade de ações conjuntas pessoais, institucionais e governamentais, visto que mesmo sendo preconizada a formação de comissões de biossegurança relacionadas à tuberculose em todos as instituições que prestam serviços de saúde, ainda não existem normas regulamentadas que orientem e direcionem os gestores quanto a esta temática na Atenção Terciária.

 


Palavras-chave


tuberculose pulmonar, risco ocupacional, prevenção e controle