Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Entre o ideal e o real na gestão de pessoas na Atenção Primária: análise pela escala da agency community.
Yane Carmem Ferreira Brito, Rayssa Veras Camelo, Catarina Laborê Vidal Fernandes, Ilse Maria Tigre de Arruda Leitão

Última alteração: 2018-01-25

Resumo


Apresentação: A Atenção Primária à Saúde, desde a criação do SUS, se mostra como elemento ordenador do modelo assistencial de saúde, sendo vista como a forma preferencial dos usuários, por ser a porta de entrada da Rede de Atenção à Saúde. É pautada nos princípios do SUS, de integralidade, equidade, universalidade, descentralização e transversalidade na assistência, e para proporcionar condições adequadas de infraestrutura e gestão de recursos são necessários instrumentos de organização do processo de trabalho e da gestão de pessoas. A gestão de pessoas se tornou elemento fundamental e requisito imperativo nas organizações de saúde. A gestão de pessoas deve ter como princípio o desenvolvimento de ações centrado cada vez mais no desenvolvimento de uma relação saudável entre pessoa e serviço em que o trabalhador contribui para o desenvolvimento do serviço e o serviço para o desenvolvimento do trabalhador. No contexto político da saúde brasileira são constantes as transformações no processo de trabalho e investimentos na gestão de pessoas para o alcance de uma assistência de qualidade e de um modelo de gestão eficaz. Um serviço de saúde precisa aprender a trabalhar o coletivo, na interdisciplinaridade, com motivação e planejamento entre gestores e trabalhadores para que haja uma convergência de interesses em busca de um sistema adequado de qualidade. A partir disso, faz-se necessário levar em consideração os modelos de gestão de pessoas que priorizem o conhecimento e o comprometimento das crenças e valores dos trabalhadores e da instituição. A pesquisa tem como objetivo analisar a percepção de trabalhadores de saúde sobre o modelo de gestão de pessoas, comparando o real e o ideal, adotado na Atenção Primária em Saúde no município de Fortaleza, Ceará. Desenvolvimento do trabalho: O presente estudo é do tipo transversal, analítico e de abordagem quantitativa, recorte de uma pesquisa sobre modelo de gestão de pessoas na Atenção Primária de Saúde intitulada “Avaliação do Modelo de Gestão em Saúde da Atenção Primária na percepção dos trabalhadores de saúde: a distância entre o ideal e o real”. Foi realizada no período de quatro meses, de maio a agosto de 2017. Participaram do estudo 93 profissionais de saúde, dentre eles, agentes comunitários de saúde, técnicos de enfermagem, técnicos de saúde bucal, médicos, enfermeiros e dentistas. O critério de inclusão foi trabalhar na unidade há pelo menos um ano e os critérios de exclusão foram trabalhadores que estivessem de férias ou afastados no período da coleta de dados. A coleta de dados foi realizada nas unidades de Atenção Básica da Regional de Saúde IV de Fortaleza (SER IV), através da aplicação de um instrumento composto por um questionário sóciodemográfico e pela a escala Agency Community (Rousseau e Arthur,1999) adaptada por Grangeiro (2006). A Escala agency-community, trabalha em duas dimensões: os princípios gerais e as práticas de gestão, relações de cooperação dentro da organização, tipos de vínculos estabelecidos, valores impostos pela cultura da organização, processos de treinamento e desenvolvimento, como a carreira do trabalhador é encarada pela organização, e no modo que são distribuídas recompensas. Projeto foi submetido pelo Comitê de ética da Coordenadoria de Gestão do Trabalho e Educação na Saúde (COGTES) do município de Fortaleza e aprovado com CAAE de número 63253416.0.0000.5534. Resultados: Obteve-se como resultado que a maior parte dos trabalhadores e profissionais de saúde que participaram da pesquisa são do sexo feminino (89,2%) e os que tiveram maior participação no estudo foram os profissionais enfermeiros (26,9 %). A renda, predominou de 1 a 3 salários mínimos (60,2%) e a grande maioria possui o contrato do tipo estatutário (82,8%). A média de idade foi de 42,8280, enquanto o tempo de trabalho foi de 6,4849.  O modelo de gestão agency-community constitui importante contribuição para os estudos que procuram analisar a construção de vínculos entre indivíduos e organização a construção de vínculos entre os mesmos à luz de como se articulam o conjunto de práticas de gestão de pessoas proporcionando o entendimento entre o fatídico e o que seria ideal na concepção dos trabalhadores. Através da análise dos dados, obteve-se como resultado que na Escala do Real, as médias ficaram geralmente inferior ou próximo ao ponto médio, indicando que na percepção dos trabalhadores de saúde, há bastante deficiência no modelo de gestão, principalmente no que se refere as políticas de estímulo a cooperação de seus funcionários e o fortalecimento de interação entre as equipes, que se aplica a noção community, em contrariedade nota-se que há uma cultura individualista, que não foca no trabalho em equipe nem na troca de conhecimentos e habilidades, que não há tanta preocupação com ações de qualidade de vida nem com relações trabalhistas, ou seja, ir de encontro as necessidades dos trabalhadores, nem de suporte mútuo, e também avaliação dos mesmos com base no sucesso coletivo e da organização, já na Escala do Ideal, os valores eram próximos ou superiores à média, indicando que na percepção dos profissionais as expressões de suporte mútuo, adaptação coletiva ao ambiente e incentivo ao desenvolvimento profissional com ênfase no melhor desempenho, são essenciais para o crescimento e sucesso da organização. Considerações finais : Percebeu-se em uma primeira análise sobre a comparação da percepção dos trabalhadores de saúde sobre a realidade que eles vivenciam e o que eles idealizam vivenciar, ou seja, o que deveria existir nas relações interpessoais e nos vínculos com a organização na concepção deles, que as políticas e práticas voltadas para a gestão de pessoas como intermediadoras das relações entre indivíduo e organização, necessitam dar ênfase nas práticas coletivas, na cooperação, no suporte mútuo, no trabalho em equipe, e priorizar vínculos mais duradouros. Deve-se equilibrar ou misturar características de arranjos coletivos e de individuais, manter o envolvimento e horizonte de tempo em longo prazo, que caracterizam troca relacional, enquanto permite, ao mesmo tempo, maior flexibilidade e mudanças no requerimento do contrato. Condições equilibradas incluem exigências de desempenho dinâmico e desenvolvimento de carreira. O modelo de gestão de pessoas agency-community tenta estabelecer o equilíbrio entre as características paradoxais da nova ordem socioeconômica afirmando que as organizações necessitam de uma visão sinergética dessas duas práticas, coletivas e individuais, visto que uso dessa delas pode trazer benefícios positivos as organizações de modo a considerar a qualidade dos trabalhadores como papel importante para o seu desenvolvimento.


Palavras-chave


Modelo de Gestão Agency-Community; Atenção Primária à Saúde; Comportamento organizacional.