Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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USO DE METODOLOGIAS ATIVAS NA ABORDAGEM DE SAÚDE MENTAL PARA ADOLESCENTES
CAMILA LEÃO DO CARMO, Thaís Alaíde Reis Meireles, Camilo Eduardo Almeida Pereira, LAIS CRISTINA PEREIRA DA COSTA GOMES

Última alteração: 2018-05-28

Resumo


Apresentação: A juvenilidade é o período que ocorre o confronto de tarefas fundamentais ao desenvolvimento, designadamente o momento de construção da identidade, da autonomia e a procura de novas relações significativas. Segundo Silva (2016) a adolescência é uma fase com mudanças físicas e emocionais importantes para a construção da identidade. Apesar da aquisição de habilidades sociais, se iniciar na infância, é aqui que se consolidam e condicionam as estratégias que poderão ser utilizadas na gestão de situações geradoras de stress. Desta forma, quando o jovem que não conseguiu resolver suas crises dos estágios anteriores de forma benéfica será mais suscetível a ter medos, vergonha, dúvidas e insegurança que poderão estar na base da estruturação de sintomas da ansiedade, podendo desencadear síndromes de ansiedade. Nesse sentido, ter um olhar mais atento à saúde mental de qualquer pessoa, seja em qualquer faixa etária, é fundamental para o desenvolver do cuidado em saúde. O número de pessoas adoecidas mentalmente, na faixa etária entre 12 a 18 anos, estabelecida pelo Estatuto da Criança e Adolescente (ECA), está mais incidente com patologias complexas que modificam a vida do indivíduo e de sua comunidade de forma extremamente profunda. Infelizmente, as políticas públicas sobre saúde mental para este público ainda são escassas, pois relutam a existir uma necessidade de promover a saúde destes jovens antes que adoeçam, contrapondo as necessidades de atuações emergenciais e curativistas. Abordar sobre esse tema requer práticas humanitárias com bases de reflexão e transformação. A ideia de realizar abordagens dialogadoras por meio de técnicas ativas com estes jovens, é admitir práticas pedagógicas éticas, críticas, reflexivas sobre o assunto e transformadora, ultrapassando as barreiras de autoridade que colocam estes jovens como dominados e sem a capacidade de expor suas angústias e medos por sentir culpa ou receio de errar. Outro aspecto pouco abordado quando se envolve saúde metal é a questão da espiritualidade como parte de sua assistência integral, afinal muitas vezes a saúde é voltada à medicalização. Segundo Salimena et al (2016, p. 4) “a espiritualidade se define como uma das principais fontes de inspiração de autotranscendência do ser humano, sustentando esperanças para construção de uma vida nova” portanto, tem suas influências na saúde mental do indivíduo e deve-se perceber seus intuitos na qualidade de vida deste. Neste sentido este trabalho teve por objetivo de aplicar a roda de conversa, metodologia bastante utilizada nos processos intervenção comunitária que consiste em um método de participação coletiva de debates sobre uma temática, por meio da criação de um espaço acolhedor e de diálogo, nos quais os sujeitos poderão se expressar, escutar os outros e a si mesmos, tendo a problematização, da socialização de saberes e da reflexão voltada para a ação. Descrição da experiência: A ação em saúde se deu em uma escola Estadual do município de Belém, com um grupo de estudantes de faixa etária de 12 a 16 anos e esta foi dividida em dois momentos, um tendo como questões norteadoras a vivências do meio escolar que podem implicar na sua saúde mental e o outro voltado a espiritualidade. No primeiro momento, os participantes juntamente com as facilitadoras, encontravam-se sentadas no chão. No centro do círculo estavam algumas perguntas relacionadas ao tema, como: É normal se sentir menos competente que os outros por causa de uma nota?; É normal brigar com todo mundo por causa do estresse?; É normal sentir medo constantemente?; É normal se sentir culpado por descansar no fim de semana?; É normal não ter tempo para a família?. Cada um dos participantes pegava uma das folhas e compartilhava de forma informal o que pensava a respeito da frase exposta. De forma simultânea à exposição e diálogo sobre as frases, conversou-se sobre temas como, ansiedade, saúde mental e síndrome do pânico. Construiu-se, ao longo da roda de conversa, conceitos sobre saúde mental e reafirmando a importância do cuidado com essa área da saúde na a adolescência. No segundo momento, foi utilizado um jogo chamado Conecta, trata-se de um conjunto de imagens do quotidiano, enumeradas de um a trinta, criado pela Cruzada Estudantil Profissional para Cristo. Cada participante fazia a leitura das imagens respondendo às seguintes perguntas: Qual imagem representa o que você está vivendo?; Qual imagem representa o que você gostaria que já fosse realidade em sua vida?; Qual imagem representa Deus, ou sua crença?; Qual imagem representa o que você já viveu na sua jornada espiritual?; Qual imagem representa o que você gostaria de viver espiritualmente?. A partir dessa dinâmica, pode se trabalhar os jovens na sua integralidade. Resultados: Devido ao público alvo, a escolha da abordagem foi pensada de modo que permitisse o envolvimento destes por se tratar principalmente de dinâmicas que os tornassem ativos na discussão e com uma linguagem clara e juvenil. Notou-se este envolvimento, pois no começo as participantes ficaram contidas, mas foram participando das conversas, fato evidenciado pela argumentação das perguntas das placas que não se restringiram a uma resposta com “sim ou não”, mas com complementos ou exemplos de sua própria experiência com o tema. Na abordagem inicial com as repostas das placas, percebeu-se que as adolescentes interagiram e suas experiências eram bem positivas em relação ao tema. Muitas relataram que de fato não é normal as situações evidenciadas nas perguntas, bem como não se sentiam afetadas pelas mesmas. No entanto, no segundo momento da roda de conversa, a qual foi realizado o “Conecta”, as participantes expressaram mais seus sentimentos, como nas falas expressas pelas imagens de algo que desejam na vida, de dificuldades enfrentadas atualmente, sentimento de medo da solidão que algumas imagens representavam. Pode-se destacar falas que ao serem questionadas com a frase: Qual imagem representa o que você está vivendo? Uma adolescente direcionou sua fala a uma foto que tinha emaranhados fios elétricos o qual disse representar a sua mente, já outra jovem escolheu uma foto que mostrava um pássaro em frente a uma janela e esta por sua vez disse que a mesma se sentia solitária como o pássaro. Foi possível percebeu a representatividade da espiritualidade na expressão dos sentimentos das jovens, pois elas relataram suas experiências com o que acreditam na vida, ao defini-las através de imagens como sinônimo de paz, conforto e porto seguro. A influência positiva da espiritualidade na saúde foi perceptível frente aos relatos de quando precisam enfrentar problemas cotidianos.  Por fim, quando indagadas sobre o evento promovido, as participantes relataram ter gostado da abordagem, pois se sentiram mais à vontade para expor seus sentimentos e seus pensamentos quanto ao assunto; disseram ser este um tema que dificilmente é esclarecido em eventos da escola; bem como também fizeram uma comparação entre a rodada de conversa realizada e as palestras, relatando que este último não lhe eram de grande interesse, pois além de não manterem atenção integral ao palestrante, não tinham participação no processo. Considerações finais: A utilização de metodologias ativas para desenvolver a promoção de saúde mental, proporciona um conjunto de trocas de experiências, conversas, discussão e divulgação de conhecimentos entre os envolvidos nesta metodologia. Desta forma, ao aplicar a socialização de experiências de forma lúdica e livre de pré-julgamentos, além de promover saúde, exerce-se a reflexão de diferentes saberes, proporcionando a alteridade e empatia com relação aos mediadores e os jovens participantes.

Palavras-chave


saúde mental; espiritualidade; adolescente