Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
Tamanho da fonte: 
Práticas de Educação em Saúde como estratégia de promoção à saúde de mulheres em um Centro Saúde Escola de Belém-Pa
ana kedma correa pinheiro, Ana Paula Rezendes de Oliveira, BRUNNA SUSEJ GUIMARÃES GOMES, Eliene do Socorro da Silva Santos, Gabriela Evelyn Rocha da Silva, Widson Davi Vaz de Matos, Samantha Modesto de Almeida, Jackline Leite de Oliveira

Última alteração: 2018-01-06

Resumo


APRESENTAÇÃO: A atenção à saúde da mulher no Brasil tem passado por diversas mudanças e se desvinculado da abordagem exclusivamente materno-infantil que anteriormente lhe era dirigida. A partir de ações impulsionadas pelo movimento feminista da década de 80, em 1984,com a criação do Programa de Assistência Integrada da Saúde da Mulher (PAISM), foi inserida uma nova abordagem à saúde da mulher, com enfoque na necessidade da mesma ser percebida e assistida em toda a sua singularidade, considerando seus aspectos biológicose suas outras dimensões (social, econômica, histórica, política e cultural). Outro acontecimento importante ocorreu em 2004, com a criação da “Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher – Princípios e Diretrizes” (PNAISM), a qual incorporou o enfoque de gênero, a integralidade, a promoção da saúde e a busca pela consolidação dos avanços no campo dos direitos sexuais e reprodutivos, bem como a prevenção e o tratamento de mulheres vivendo com HIV/AIDS e das portadoras de doenças crônicas não transmissíveis e de câncer, principalmente de mama e de colo de útero. No campo da atenção primária, os serviços direcionados à atenção saúde da mulher devem considerar todos esses aspectos e dispor de estratégias que consigam abrangersuas necessidades em consonância com esse novo olhar para a saúde feminina, que rompe definitivamente com a oferta de ações direcionadas apenas à gravidez e ao parto e inclui a valorização da autonomia, o que denota a importância de práticas de educação em saúde, com a possibilidade de lhes fornecer maior conhecimento e capacidade crítica, a fim de que isto possa contribuir com a manutenção de sua qualidade de vida. A educação em saúde relaciona-se a um novo modo de pensar e de operar, que deve responder às necessidades sociais dos indivíduos, por se tratar de um conjunto de saberes e práticas destinadas a prevenção das doenças e a promoção da saúde, que se somaà construção de saberes, os quais são intermediados pelos profissionais de saúde eatingem a vida cotidiana dos usuários, oferecendosubsídios para a adoção de novos hábitos de vida. A partir desse contexto e considerando a relevância do assunto, este trabalho tem como objetivo relatar a experiência de discentes de enfermagem ao realizarações de educação em saúde com mulheres durante as aulas práticas da disciplina de Enfermagem em Saúde da Mulher na Atenção Básica, em um Centro Saúde Escola de Belém- PA. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: Trata-se de um estudo descritivo do tipo relato de experiência, realizado a partir da vivência de acadêmicas do curso de enfermagem da Universidade do Estado do Pará – UEPA, ao realizar ações de educação em saúde com mulheres, no período de outubro a novembro de 2017, em um Centro Saúde Escola de Belém- PA. Essa unidade destina-se a realizar um conjunto de ações de saúde, que abrangem a promoção, proteção da saúde, prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento, reabilitação e a manutenção da saúde epossui características organizacionais de policlínica, que inclui serviços de atenção básica e atenção especializada; oferece consultas médicas de rotina, consultas pediátricas, consultas ginecológicas, acompanhamento de pré-natal e puericultura, consulta de enfermagem, imunização, curativos, retirada de sutura, atendimento odontológico e psicológico, entre outros. As ações foram desenvolvidas durante o componente curricular Enfermagem em Saúde da Mulher na Atenção Básica, foram abordados três grupos distintos: mulheres que aguardavam a consulta de seus filhos no Programa de Crescimento e Desenvolvimento; mulheres que aguardavam a coleta de exame Preventivo do Câncer de Colo Uterino (PCCU); mulheres que aguardavam consulta de enfermagem no pré-natal.Utilizaram-se tecnologias leves e leve-duras, tais como folders explicativos, roda de conversa e comunicação oral. Na abordagem do primeiro grupo, buscou-se sensibilizá-las sobre a importância, por meio de informações e orientações quanto a uma alimentação adequada, ao auto exame de mama, exame do PCCU e planejamento familiar. Com segundo grupo de mulheres foi trabalhado o Exame PCCU,abrangendo os principais conceitos e as principais dúvidas referentes ao procedimento. Já na ação realizada com o terceiro grupo, abordou-se as mulheres grávidas em diferentes trimestres para conversa sobre o puerpério, enfatizando os cuidados preconizados neste período. RESULTADOS E IMPACTOS: Na primeira atividade realizada pelas acadêmicas, foi possível identificar, através dos relatos de algumas mães, que a maiorianão realizava algumas consultas e exames necessários e que não utilizavam nenhum tipo de método contraceptivo de barreira, especialmente durante a amamentação. Quando discorrido sobre a relevância da realização anual do exame PCCU, analisou-se que algumas estavam com seus exames atrasados e outra parcela menor realizava o procedimento de rastreamento no período correto.Foi possível sensibilizá-las sobre a importância do autocuidado para a manutenção da saúde.Quanto ao segundo grupo trabalhado nas ações de educação em saúde, notou-se atenção e interesse das mulheres pelo assunto abordado, surgiram várias dúvidas e questionamentos por parte das mesmas, os quais foram sanados, bem como uma satisfatória interação entre elas e as acadêmicas de enfermagem. As principais indagações foram relacionadas à necessidade da realização do exame por mulheres histerectomizadas e as que não possuem mais vida sexual ativa, devido à possibilidade de desconforto durante a coleta. Foi elencada a necessidade de retornar a unidade a fim de receber o resultado e encaminhá-lo para avaliação do médico ginecologista, devido relatos de que parte das participantes não são acolhidas de modo efetivo por alguns dos profissionais médicos, sendo essa uma das principais justificativas das mesmas de apenas realizarem o exame ou se dirigirem a outras unidades. Algumas consideraram a ocasião oportuna para aprenderem um pouco mais sobre seu corpo e os respectivos cuidados com sua saúde e sugeriram que momentos como esse pudessem ocorrer diariamente no CSE. Ao final da atividade, elas conseguiram repetir as informações repassadas. Em relação às mulheres abordadas no terceiro momento, observou-se que estas possuíam dúvidas sobre os cuidados no puerpério e pós- aborto, pois fizeram vários questionamentos que foram prontamente explicitados. Pontuou-se a autonomia da mulher no uso de métodos contraceptivos e a importância da dupla proteção.CONSIDERAÇÕES FINAIS:Através das experiências vivenciadas, foi possível notar a contribuição de ações de educação em saúde no estabelecimento do cuidado dentro da atenção primária. Tais vivências se fortificam como algo imprescindível no âmbito da academia, no qual futuros profissionais estão sendo formados e podem ter a oportunidade de conhecer melhoro papel do enfermeiro como protagonista do cuidar, através de diversas ações, dentre elas, as educativas, por meio do incentivo ao autocuidado e a procura do serviço pela população de forma preventiva, evitando possíveis complicações por causas, na maioria das vezes, evitáveis. Desta forma, ressalta-se que a promoção à saúde e a prevenção de agravos devem estar presentem na atenção prestada a todos os grupos populacionais, não somente as mulheres, sendo fator fundamental no estabelecimento de uma assistência de qualidade.


Palavras-chave


Saúde da mulher; Educação em saúde; Enfermagem