Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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A PREVALÊNCIA DE HEPATITE B NA REGIÃO DO BAIXO AMAZONAS, ESTADO DO PARÁ, BRASIL
Tainara Silva Thomaz, Ana Caroline De Macedo Pinto, Bianca Linda Pinheiro de Sousa, Emilly Ane da Mota Cardoso, Herman Ascenção Silva Nunes, Isadora Barbosa da Gama, Susani Cruz Sousa, José Almir Moraes da Rocha

Última alteração: 2018-01-21

Resumo


Apresentação: Hepatite é qualquer processo inflamatório que tem como consequência a morte das células hepáticas. Essa inflamação se dá por vários agentes infecciosos, sendo um deles os vírus que possuem tropismo pelo fígado. O Hepatitis B Vírus (HBV), causador da Hepatite B, considerada uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST), devido as suas diversas formas de contágio e o curto período de transmissibilidade em comparação ao de incubação. O vírus da hepatite B pode ser transmitido de várias formas, como através de transplante de órgãos ou tecidos, relações sexuais desprotegidas, por seringas contaminadas, sangue e fluidos corpóreos. Quando infectado, o indivíduo pode não apresentar sintomas, sendo mais elevada a possibilidade da doença se cronificar e, posteriormente, evoluir para cirrose e/ou câncer hepático, as duas principais complicações da infecção. Segundo dados recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente 325 milhões de pessoas em escala mundial vivem com o vírus da hepatite B. Há muitos artifícios importantes na prevenção da infecção pelo HBV, podemos citar o uso de agulhas e seringas descartáveis e preservativos. Segundo o boletim epidemiológico do Ministério da Saúde no período compreendido entre 1999 a 2016 foram notificados 561.058 casos de hepatites virais no Brasil, sendo 212.031 (37,8%) de hepatite B, com a região Norte (14,2%) ocupando a terceira posição entre as cinco macro regiões nacionais com maior número de casos. É importante analisar em que contexto a mesorregião do Baixo Amazonas, pertencente a região Norte do Brasil, está inserida no cenário nacional e regional, quando trata-se da disseminação do vírus HBV. Visto que a partir das informações coletadas serão cogitadas hipóteses que busquem justificar semelhanças e diferenças em relação aos dados regionais obtidos em comparação ao quadro nacional de infecção pelo vírus. O objetivo da pesquisa foi estimar a prevalência do vírus da hepatite B na região do Baixo Amazonas. Desenvolvimento: A presente investigação possui caráter documental descritivo, retrospectivo e transversal, com a realização de estudo comparativo da infecção por hepatite B nos municípios do Baixo Amazonas, em relação ao cenário nacional, uma vez que foram coletados dados do Departamento de Informática do SUS/PA (DATASUS) no período de 2014 ao primeiro semestre de 2017, sendo analisado o número de pessoas diagnosticadas com o vírus da hepatite B na população fazendo analogia as informações nacionais disponibilizadas pelo Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde de 2017. Em relação aos aspectos éticos, o presente estudo por se tratar de análise documental, não necessita de avaliação do Comitê de Ética em Pesquisa de acordo com a resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde (CNS). Porém, foram respeitados todos os preceitos éticos no que se refere aos dados obtidos e na discussão do estudo. Resultados: Os municípios da mesorregião do Baixo Amazonas possuem aproximadamente 702.476 habitantes, segundo o IBGE 2016, onde foram organizados os dados de diagnóstico de pessoas com o vírus da hepatite B somando o sexo masculino e feminino, entre o ano de 2014 ao primeiro semestre de 2017, que estão disponíveis no site do DATASUS/PA. No total, foram notificados 209 casos de hepatite B nos municípios da mesorregião do Baixo Amazonas, desses, 58,85% acometeram o sexo feminino e 41,15% o sexo masculino. A análise por municípios demonstrou que dos 13 verificados, 8 apresentaram predominância feminina no número de casos, ficando apenas Belterra e Prainha com o sexo masculino a frente do feminino, com o mesmo número para ambos os sexos ficaram Placas e Óbidos, e Faro foi o único a não notificar casos, no período de 2014 ao primeiro semestre de 2017. Analisando os dados observou-se que na maioria dos municípios o número de mulheres infectadas foi maior que o de homens. Pode-se supor que um dos responsáveis por esse quadro, seja o uso compartilhado de objetos perfuro cortantes dos serviços de manicure e pedicure. O relato mais frequente de transmissão de hepatite B em mulheres, no atual contexto em que estão inseridas, se dá por via sexual, devido a liberdade conquistada para a escolha de mais de um parceiro para manter relação. Porém, mesmo com as mudanças nas relações conjugais, muitas mulheres ainda permanecem submissas a decisão do homem, fato comprovado pela negligência com o uso de preservativos, ficando expostas a infecção, por medo de perder o parceiro ou até mesmo de agressão física e psicológica. Outro aspecto a ser considerado é a baixa endemicidade da região Norte, segundo o boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, sendo obtido nos resultados números relativamente elevados apenas nos municípios de Placas e Santarém, respectivamente. Esses dados podem demonstrar a maior infecciosidade nesses municípios em comparação aos outros, mas também pode estar relacionado a qualidade no sistema de detecção e notificação de casos. Pois, ainda se verificam falhas no sistema de notificação da mesorregião do Baixo Amazonas, caracterizando-o como bastante heterogêneo. Os municípios de Belterra e Prainha foram os únicos que apresentaram maior número de casos de hepatite B em homens, isto pode estar ligado ao fato de que muitas indústrias da região solicitam exames para admissão de seus funcionários. Com relação aos municípios de Faro e Prainha não foi possível estabelecer causas para o quadro de infecções estabelecidas, em decorrência da dificuldade em se conseguir dados oficiais a respeito do contexto epidemiológico em que se apresentam. Considerações Finais: A mesorregião do Baixo Amazonas segundo dados da pesquisa caracterizou-se como de baixa prevalência de infecção pelo VHB. Entretanto, dos casos notificados o sexo de maior predominância foi o feminino, possivelmente em decorrência da liberdade sexual adquirida com o passar dos anos, além que, muitas mulheres ainda se submetem a decisão do homem, relacionado a negligência do uso de preservativos, evidenciado pelo medo de perder o parceiro ou até mesmo de agressões, bem como uso compartilhado de materiais perfuro cortantes, intensificado na indústria da beleza. A baixa endemicidade da mesorregião pode significar um déficit no sistema de notificação de casos da infecção. Um quadro que resulta no problema de subnotificação e, consequentemente, pode contribuir na disseminação oculta da doença. Demonstrando a importância de reforçar a interação entre os órgãos responsáveis pela transmissão e divulgação desses dados, bem como amenizar a distribuição heterogênea dos materiais necessários para prevenção, diagnóstico, tratamento da infecção. Além da necessidade de mais pesquisas relacionadas ao tema na região.

Palavras-chave


Hepatite B; Prevalência; Baixo Amazonas