Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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A ENFERMAGEM E O PROCESSO DE HUMANIZAÇÃO NO TRABALHO DE PARTO: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Nayara da Costa Souza, Aryanne Lira dos Santos Chaves, Fernanda Serrão Pereira, Gabriella Martins Soares, Karoline Costa de Souza, Maria Suely de Sousa Pereira Pereira, Nandara Barbosa França

Última alteração: 2018-05-27

Resumo


APRESENTAÇÃO: O trabalho de parto sofreu diversas intervenções ao longo dos anos, e passou a ser tratado de forma hospitalocentrico e medicalizado. No entanto, o parto é um processo fisiológico e deve ser visto dessa forma, caso não haja eventos adversos. A enfermagem é essencial para o processo de humanização do trabalho de parto e isso deve ser aprendido desde da formação acadêmica. A assistência realizada de forma humanizada protege e enfatiza a cultura do parto natural e da as parturientes o papel de protagonistas, participando das decisões que implicam no seu conforto e do bebê durante a parturição. A conscientização de bom desenvolvimento durante o trabalho de parto, que está vinculado ao bem-estar emocional e físico da parturiente traz a redução de riscos e complicações. A enfermagem nos últimos anos tem estado a frente das discussões que envolvem a saúde da mulher e junto com alguns movimentos sociais lutando pelos direitos femininos acerca do programa de humanização no pré-natal e nascimento. O ministério da saúde (MS) tem fornecido diversas portarias para fortalecer as práticas de humanização nestas áreas e favorecer a atuação da enfermagem na saúde da mulher em seus âmbitos de atuação, pois dessa forma mais próxima e com esclarecimento adequado diminuir as intervenções e riscos, bem como danos psicológicos alcançando uma parte do objetivo que é a assistência humanizada. O presente relato tem o objetivo de descrever a percepção dos acadêmicos sobre a importância da enfermagem na humanização do trabalho de parto.

DESENVOLVIMENTO: Relato de experiência de acadêmicas de enfermagem da Escola de Enfermagem de Manaus – EEM da Universidade Federal do Amazonas – UFAM, sobre a experiência como integrantes da Liga Acadêmica de Enfermagem em Saúde da Mulher no Amazonas (LAESMAM), ressaltando a importância da enfermagem no processo de humanização do trabalho de parto. LAESMAM proporciona plantões para os ligantes, onde os mesmos têm oportunidade de construir um atendimento de enfermagem obstétrica humanizada, enfatizando o que aprendemos na teoria. Os plantões ocorrem na Maternidade Ana Braga, localizada no bairro São José, zona leste de Manaus, Amazonas. A permanência na liga tem duração de um ano, e iniciou em março de 2017. Os plantões são realizados em dupla, e os ligantes acompanham os enfermeiros e os residentes de obstetrícia que atuam na assistência aos partos naturais. No centro de parto natural intrahospitalar (CPNI) os quartos estruturados para garantir uma assistência adequadas para as parturientes, o enfermeiro obstétrico tem autonomia na assistência aos partos de baixo risco conforme preconizado pelo Ministério da Saúde e utilizam métodos não farmacológicos (MNF) para a diminuição da dor. Os ligantes que passaram pelo CPNI tiveram à oportunidade de colocar em prática os MNFs que aprenderam nas aulas teóricas e palestras da LAESMAM, sendo os métodos usados: banho de aspersão, bola suíça, massagem, musicoterapia, deambulação, mudanças de decúbito e técnicas de respiração e relaxamento. Bem como assistir as parturientes de forma humanizada e centrada nas necessidades da mulher.

RESULTADOS/IMPACTOS: Durante os plantões da LAESMAM, os discentes tiveram a oportunidade de colocar em prática e aperfeiçoar seus conhecimentos sobre a área da enfermagem obstétrica, o que não é possível somente nas aulas práticas da disciplina. As parturientes assistidas durante os plantões das acadêmicas, ao serem admitidas na maternidade em trabalho de parto, e expressarem a vontade de ter parto normal e não havendo nenhuma complicação obstétrica eram levadas para o CPNI e acolhidas pela enfermeira e os residentes de plantão, onde eram orientadas sobre as vantagens do parto natural e os MNF para alivio da dor. Em seguida utilizava-se o partograma para acompanhar a evolução do trabalho de parto, como a frequência das contrações uterinas, os batimentos cardiofetais e a dilatação cervical materna, a frequência dos toques vaginais eram evitadas ao máximo e na medida do possível, realizadas sempre pela mesma pessoa. Os direitos legais das parturientes são respeitados e a presença do acompanhante é permitida durante todo o processo de trabalho de parto. Na assistência, os ligantes que acompanhavam a enfermeira nos partos utilizavam os MNF’s para diminuição e alívio da dor. Ao aplicar esses métodos, foi possível observar que as parturientes ficam mais relaxadas e colaboram mais no trabalho de parto. Ao serem ensinadas e aplicarem a técnica correta de respiração, nota-se que elas ficam menos fadigadas e ansiosas. O banho de aspersão deixa a mulher mais relaxada e diminui a sua percepção de dor, na maioria das vezes as mulheres pedem para ficar mais tempo no banho. A deambulação ajuda a acelerar o trabalho de parto, assim como a bola suíça, que também ajuda na descida e encaixe do feto, sendo que as mulheres demonstram interesse em utilizar a bola. Quando são internadas para terem seus bebês, as mulheres sentem-se submissas e muitas não sabem de seus direitos. Ao informa-las que poderiam ouvir músicas que gostassem e acalmassem, algumas não acreditavam que poderiam fazer isso dentro da maternidade. Outra paciente em trabalho de parto fez uso da musicoterapia durante seu trabalho de parto, associado a outros métodos, o que a ajudou a permanecer relaxada. Sobre a mudança de posições, os profissionais de enfermagem lutam para que a liberdade de posições seja dada a parturiente, pois a clássica posição de litotomia ainda é muito forte e presente, sendo forçada por alguns profissionais antigos e desatualizados. No entanto, quando são informadas que podem mudar de posição, as mulheres se surpreendem. E por fim a massagem, que relaxa e alivia a dor através do estimulo e contrapressão de pontos específicos. A maioria das mulheres atendidas pelas ligantes relatam não ter feito uso desses MNF’s nos seus partos anteriores, nem de conhecidos seus. No entanto, expressam a vontade em saber mais sobre os métodos e utiliza-los. Outra questão importante para a humanização do parto adotada nesta maternidade pela enfermagem e fortalecida pelos ligantes, foi o juramento do corte do cordão umbilical criado por um enfermeiro da maternidade para incluir o pai/acompanhante durante o parto. Dessa forma, podemos quão grande a importância da enfermagem para incluir e fortalecer práticas baseadas em evidencias que podem ajudar no trabalho de parto, além de torna-lo mais humanizado, a enfermagem ajuda a mulher a ser a verdadeira protagonista do seu parto.

CONSIDERAÇÕES FINAIS: Durante a vivência e realizações das atividades, todas as parturientes atendidas no CPNI, tiveram acompanhante presente durante todo trabalho de parto, e tiveram uma assistência humanizada e segura até o nascimento do seu bebê, foi evidenciado práticas assistenciais pautadas nas evidências científicas enfatizam a fisiologia natural do parto e dão as parturientes o papel de protagonistas, participando das decisões que implicam o processo natural, evitando condutas desnecessárias ou de risco para a mãe e o bebê. A satisfação de ser assistida por profissional qualificados e humanizados fazem com que o retorno seja imediato, pós-parto as puérperas agradecem e relatam as experiências vivencias durantes as dores do parto e o uso das MNF’s e de que contribuíram para aceleram minimizar de forma positivas para o nascimento do seu bebê. O profissional enfermeiro deve estabelecer uma relação de respeito levando em conta as necessidades, valores e sentimentos das parturientes, contribuindo para promoção de seu bem-estar físico e psicológico através de métodos que conforte e minimize as dores do parto.  Conclui-se que o advento do parto natural vem ganhado viabilidade e oferecendo a mulher o acompanhamento humanizado na gestação, parto e pós-parto e o papel do enfermeiro é garantir que todos os direitos dessas mães sejam assegurados e estabelecer um vínculo entre cliente/profissional.

 


Palavras-chave


Humanização; parto humanizado; métodos não farmacológicos