Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Última alteração: 2018-05-27
Resumo
APRESENTAÇÃO: O envelhecimento humano deve ser pensado na atualidade como possibilidade para o incremento de políticas públicas, não só pelo aumento da população idosa, mas também pelas mudanças fisiológicas e sociais que ocorrem com o passar dos anos. O crescente aumento da população idosa é uma realidade que chama a atenção em todo o mundo, notado também em países em desenvolvimento como o Brasil. Em 2015 a população de idosos ultrapassou 900 milhões, com estimativas para 2030 de 1.402 milhões. No Amazonas a taxa de envelhecimento em 2016 foi de 12,91% e em 2030 deverá chegar a 31,46%. Essa transição provoca mudanças, principalmente no que diz respeito ao às condições de saúde e hábitos de vida dos idosos. Nesse seguimento, o padrão alimentar da pessoa que envelhece, merece destaque, uma vez que reconhece a pessoa idosa como um grupo potencialmente vulnerável. Por conta de mudanças no padrão alimentar, há o surgimento de desordens como o sobrepeso, obesidade e doenças crônicas que geram incapacidades e dependência. Por isso, existe a necessidade de avaliar o estado nutricional utilizando mecanismos e instrumentos validados, que levem em consideração as alterações do organismo que envelhece, visando mudanças necessárias no enfrentamento de doenças decorrentes de má alimentação. Na avaliação nutricional do adulto, quando comparado à altura, peso habitual ou peso ideal, nos fornece índices relevantes para a avaliação nutricional, indicando a existência de obesidade ou desnutrição. A realização deste tipo de investigação utiliza questões simples e rápidas, permitindo destacar sinais de alerta do estado nutricional do idoso, além de poder direcionar intervenções dos profissionais de saúde, especialmente das equipes da Estratégia Saúde da Família, onde o enfermeiro é o principal responsável pelo desenvolvimento das atividades. Este trabalho, objetiva avaliar o estado nutricional por meio da Mini Avaliação Nutricional (MAN), Índice de Massa Corpórea (IMC) e Relação cintura-quadril (RCQ) dos idosos cadastrados nos grupos de convivência da cidade de Parintins/ AM. DESCRIÇÃO DO MÉTODO: Trata-se de uma pesquisa de campo exploratória, transversal, descritiva, de natureza quantitativa, desenvolvido no Município de Parintins – AM, localizada à margem direita do Rio Amazonas, distante da capital Manaus há 368,80 km, em linha reta, e 420 km por via fluvial. A população do estudo foi composta por idosos de 60 anos e mais, cadastrados nos grupos de convivência da Secretaria Municipal de Assistência Social, Trabalho e Habitação (SEMASTH) do município de Parintins. Participaram do estudo, 11 grupos, com um total de 1.286 idosos e uma amostra de 296 idosos estratificado de cada grupo. Este estudo é um recorte de uma trabalho macro sobre Avaliação Multidimensional dos idosos de Parintins-AM. Para participar do estudo os idosos foram avaliados quanto a capacidade cognitiva por meio da Mini Avaliação do Estado Mental – MEEM, sendo recrutado apenas aqueles com capacidade preservada. Foram excluídos idosos pertencentes a qualquer etnia indígena pela limitação da pesquisa. A pesquisa recebeu aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade do Estado do Amazonas sob o Parecer: 2363.992/17. Para realização das coletas foi realizado reuniões com coordenadores dos grupos para informar os objetivos da pesquisa e cronograma de entrevistas. A coleta de dados foram realizados durante as reuniões nos grupos e nos domicílios para aqueles que estavam inscritos mas não participavam das atividades. Os pesquisados aplicavam o MEEM e de acordo com o resultado a entrevista seguia aplicação da Mini Avaliação Nutricional – MAN. Na aferição e peso e altura para avaliar o Índice de Massa Corpórea - IMC, circunferência da cintura e do quadril para avaliar a relação cintura quadril - RCQ, foi obedecido os critérios rigorosos de periculosidade e técnicas adequadas padronizadas pelo Ministério da Saúde. No uso da MAN foi considerado os seguintes pontos de corte: estado nutricional adequado: MNA ≥ 24; risco de desnutrição: MNA entre 17 e 23,5; desnutrição: MNA < 17. Para o IMC foi utilizado a seguinte classificação: < 22 indica baixo peso; >22 e <27 peso adequado ou eutrófico e > 27 sobrepeso e a Relação cintura-quadril (RCQ) para verificar o risco de doença cardiovascular que considerou os pontos ≥ 0,85 cm para as mulheres e ≥ 0,90 cm para os homens. Na análise dos dados foram feitos testes estatísticos ao nível de significância de 5% e intervalo de confiança de 95%. O software utilizado na análise foi o programa Minitab versão 17. RESULTADOS: Os idosos, em sua maioria eram do sexo feminino (60%), entre 70 e 75 anos, com média de 72 anos, cor parda, casados. 81,1% eram aposentados com renda entre 1 à 2 salários mínimos (72,3%). Na Mini Avaliação Nutricional, pode-se observar que, dos 296 idosos entrevistados, 246 (83,1%) encontravam-se em estado nutricional normal e tinham em média 73 anos de idade. O maior nível de significância (p< 0,006) esteve para os idosos que ganham menos de um salário mínimo (36,4%) que encontraram-se sob risco de desnutrição ou desnutridos. A carência financeira impossibilita que o idoso dê maior atenção para sua alimentação, acaba por adquirir alimentos menos saudáveis que possuem menor valor de mercado, caracterizando uma alimentação pobre em nutrientes e consequentemente exacerbando quadro de deficiência nutricional. Na avaliação do Índice de Massa Corpórea (IMC), verificou-se maior número de indivíduos eutróficos (42%), com idade entre 67 à 77 anos, sendo maior sobrepeso no sexo feminino(42,5%). Na correlação do IMC com a RCQ, observou-se um percentual maior (43,6%) em mulheres que estão sobrepeso e desfavoráveis na RCQ. No sexo masculino, o maior índice foi de homens eutróficos (54,9%) favoráveis na RCQ. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A obesidade e o sobrepeso em idosos são considerados problemas de saúde pública, visto que propiciam maiores riscos no desenvolvimento de doenças cardiovasculares como a Hipertensão e Diabetes Mellitus, assim como para sarcopenia, ao diminuir a massa magra e aumentar a adiposidade. Entende-se então que, a avaliação nutricional em idosos é de grande importância para que se possa detectar precocemente a necessidade de uma intervenção dietética, objetivando prevenir comorbidades. Destacamos neste trabalho, que a Mini Avaliação Nutricional, não é o melhor instrumento de rastreamento do estado nutricional rápido, para uso em grupos de convivência, tendo o seu melhor uso em idosos mais fragilizados ou institucionalizados. O uso do IMC e RCQ, responderam adequadamente, em nosso ver, ao que propõem o Ministério da Saúde sobre a avaliação nutricional em idosos. Acredita-se por fim que, é necessário que os órgãos públicos e de saúde assegurem uma nutrição adequada durante toda a vida, garantindo planos de nutrição que reconheçam a pessoa idosa como vulnerável e garantam diretrizes culturalmente adequadas e baseadas na população, no caso de Parintins com um olhar mais crítico para o reconhecimento dos alimentos regionais mais saudáveis. A contribuição social deste trabalho evidencia-se pelo conhecimento da realidade local e servirá de subsídios para a implementação de atividades realizadas pela SEMASTH junto aos idosos e planejamento de estratégias adequadas ao grupo.