Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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AÇÕES DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLOGICAS REALIZADAS PELO ENFERMEIRO AO PORTADOR DE HANSENÍASE NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA
Germana Maria da Silveira, Samy Loraynn Oliveira Moura, Cleoneide Paulo Oliveira Pinheiro

Última alteração: 2017-12-22

Resumo


APRESENTAÇÃO: Os registros epidemiológicos enquadram o Brasil em segundo lugar na classificação mundial em número absoluto de casos de hanseníase, estando em primeiro no continente americano. Embora o país apresente um constante decréscimo e estabilização nos coeficientes de prevalência e de detecção de casos novos de hanseníase, as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste se apresentam em patamares muito altas, consideradas as áreas mais endêmicas, com importante manutenção da transmissão. È importante ressaltar que as incapacidades físicas e as deformidades advindas do processo de adoecimento são consequências provenientes do diagnostico e tratamento tardio da hanseníase. Nesse contexto enfatiza-se que a conduta ineficaz dos profissionais de saúde para o controle e eliminação desta moléstia pode comprometer significativamente a qualidade de vida do individuo com repercussões que em muitas circunstancias podem ser irreparáveis. As práticas de enfermagem nas ações de controle da doença nos serviços locais de saúde devem contemplar a prevenção da hanseníase, busca e diagnóstico dos casos, tratamento e seguimento dos pacientes, prevenção e tratamento de incapacidade, gerência das atividades de controle, sistema de registro e vigilância epidemiológica e pesquisas. Nesse sentido o papel da enfermagem na Estratégia Saúde da Família (ESF) é de fundamental relevância para contribuir efetivamente com a cura sem sequelas (incapacidades físicas e sociais) da hanseníase. Frente ás problemáticas sobre a situação hiperêndemica da hanseníase, as consequências provenientes do processo de adoecimento, a relevância da equipe de enfermagem para atuar na mudança dessa situação me propus a pesquisar sobre essa temática, ao passo que pode contribuir para o redimensionamento do atendimento à hanseníase já que é essencial o papel da enfermagem como parte integrante da equipe e historicamente um profissional atuante na prevenção, controle e tratamento da doença na Estratégia Saúde da Familia, para diminuição dos indicadores de morbimortalidade da doença. Dessa forma, nessa pesquisa, pretendeu-se identificar as ações de vigilância epidemiológicas realizadas pelos enfermeiros, ao portador de hanseniase, na estratégia saúde da família. DESENVOLVIMENTO: A proposta da temática se fundamentou em uma pesquisa exploratória- descritiva, de natureza qualitativa, desenvolvida no período de fevereiro a agosto de 2016 nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) localizadas na Zona Urbana de Sobral-CE, que apresentam altos índices de detecção de casos de hanseníase. Para obtenção da amostra do local de aplicação do estudo, foi analisada a base de dados, do Sistema de Informação Nacional de Agravos de Notificações - SINAN/NET, da Secretária de Saúde do município, referente ao período de 2009 a 2013. A partir das informações obtidas, foi realizado o cálculo do indicador de coeficiente de detecção anual de casos novos de hanseníase por 100.000 habitantes das referidas unidades, sendo selecionadas as que apresentaram uma situação hiperêdemica (≥ 40,0/100.000 habitantes), em no mínimo 4 anos do período analisado, resultando em 5 unidades de saúde selecionadas: Padre Palhano, Sinhá Sabóia, Terrenos Novos, Sumaré e Santa Casa. Os dados da pesquisa foram coletados com 16 enfermeiros responsáveis pela assistência ao paciente portador de hanseníase que atuam nas UBS situadas em áreas de maior índice de casos da doença no município, selecionados conforme os seguintes critérios de inclusão: atuar na ESF no período mínimo de 6 meses, ter realizado assistência a pacientes com hanseníase e concordar em participar do estudo por meio da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. A coleta de informações foi realizada a partir de um roteiro de uma entrevista semi-estruturada, de acordo com agendamento prévio, adequado à disponibilidade dos entrevistados. As entrevistas foram aplicadas, em uma sala disponibilizada dentro das instalações físicas das UBS em que os profissionais atuam, sendo as informações gravadas em aparelhos digitais e posteriormente transcritas, para assegurar dados na integra e garantir a essência das falas. Os dados coletados foram submetidos à análise com base na categorização temática. Por tratar-se de uma pesquisa cientifica envolvendo seres humanos assegurou-se os princípios éticos e legais postulados na Resolução do Conselho Nacional de Saúde de nº 466/1213, sendo aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual Vale do Acaraú, em Sobral/CE, CAAE Nº 42215615.1.0000.5053. RESULTADOS: No que concerne às ações de vigilância epidemiológica que os enfermeiros efetivam em suas práticas, verificou-se que são principalmente ações relacionadas ao diagnostico precoce dos casos tanto em detecções ativas, através da busca ativa realizada pelos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) durante as visitas domiciliares, exame da coletividade durante ações coletivas e campanhas, exames de grupos específicos (nas escolas); em detecções passivas, durante o atendimento a demanda espontânea. Foi mencionada também por alguns entrevistados como ação de vigilância epidemiológica a avaliação dos comunicantes, sendo que um dos entrevistados teve a preocupação de referir sobre a vacinação da BCG como medida profilática em relação aos comunicantes. A atitude do profissional que busca reconhecer as necessidades de ações de saúde relacionadas ao diagnóstico precoce, ou à redução de risco, ilustra um sentido da integralidade. Nessa perspectiva constatou-se que os enfermeiros operam seguindo as definições do ministério da saúde, possibilitando o acesso da comunidade ao diagnostico precoce, contribuindo para interromper a cadeia de transmissão da doença. No entanto a notificação de casos suspeitos ou confirmados, não foi citada pelos enfermeiros. Achado similar foi identificado em outros estudos. Para que haja um controle efetivo da doença e, portanto, a sua eliminação, enquanto problema de saúde pública é necessário que ocorra a notificação, já que a ausência desta caracteriza um silêncio epidemiológico, situação preocupante, visto que impossibilita evidenciar a realidade do perfil da doença, implicando entre outros prejuízos no não investimento e melhoria de politicas publicas voltadas para essa população. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A partir dos resultados obtidos na pesquisa constatou-se que ações de vigilância epidemiológica denotam-se detecções ativas (busca ativa, exames da coletividade e grupos específicos, detecções passivas e avaliação dos comunicantes), que os enfermeiros operam seguindo as definições do ministério da saúde, possibilitando o acesso da comunidade ao diagnostico precoce, no entanto uma ação importante não foi contemplada nos discursos dos profissionais, no caso a notificação de casos suspeitos ou confirmados. Assim, tanto os profissionais de saúde quanto os gestores, devem ter um olhar especial sobre esta patologia, desenvolvendo ações efetivas, para que, a médio e longo prazo, seja possível a redução de casos na comunidade, e quem sabe um dia, a hanseníase como um problema de saúde pública seja eliminada.

 


Palavras-chave


Cuidados de Enfermagem; Estratégia Saúde da Família; Hanseníase