Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
Tamanho da fonte: 
CAPACIDADE FUNCIONAL DE IDOSOS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE NO MUNICÍPIO DE SANTARÉM, ESTADO DO PARÁ
Franciane de Paula Fernandes, Delma Pessanha Neves, Renan Fróis Santana, Isabela Maria da Costa Buchalle, Andreza Dantas Ribeiro, Brenda dos Santos Coutinho, Sheyla Mara Silva de Oliveira, Marcelo Silva de Paula

Última alteração: 2017-12-22

Resumo


Apresentação: O envelhecimento populacional é um evento mundial, sendo uma consequência direta da redução da taxa de fecundidade e aumento da expectativa de vida. A Organização mundial da Saúde (OMS) expõe que é considerado idoso, o individuo habitante de país em desenvolvimento, como é o caso do Brasil, com 60 anos ou mais ou com 65 anos ou mais, residente em país desenvolvido. Entretanto, considerar uma pessoa idosa vai além de sua faixa etária, assumindo particularidades inerentes ao seu estado biológico, psicológico e social. Dessa forma, cabe ressaltar que o processo de envelhecimento natural do ser humano gera uma série de modificações no organismo, que podem ser tanto orgânicas, como funcionais ou psicológicas, tornando o indivíduo vulnerável a patologias, fragilizado para exercer determinadas funções diárias. A dependência se define como a incapacidade de o indivíduo interagir satisfatoriamente com seu ambiente sem ajuda, podendo estar ligada à incapacidade funcional devido a doenças ou à falta de apoio físico, material ou psicológico. Considerando que o conceito de idade é multidimensional e dependente de diversas variáveis, o objetivo da pesquisa foi avaliar o grau de dependência dos idosos participantes do Sistema de cadastramento e acompanhamento de hipertensos e diabéticos (HIPERDIA) de uma Estratégia de Saúde da Família, do município de Santarém, estado do Pará. Desenvolvimento do trabalho: Trata-se de um estudo descritivo, transversal de abordagem quantitativa, realizado em novembro de 2017 com indivíduos com idade ≥ 60 anos (idosos), participantes do programa Hiperdia em uma ESF de um bairro do município de Santarém, estado do Pará, durante as atividades práticas dos acadêmicos do 8º período do curso de enfermagem da Universid      ade do Estado do Pará (UEPA), Campus XII, Tapajós. Para atingir o objetivo proposto pelo estudo, as atividades foram acompanhadas pelos graduandos, sendo que dependendo da idade do participante do grupo (≥ 60 anos), este era convidado a participar do estudo, caso aceitasse, era orientado quanto à pesquisa e a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Após a aceitação, era aplicado um formulário contendo uma parte destinada aos dados sociodemográficos (sexo, idade, estado civil, escolaridade e ocupação). A outra parte englobava a escala de Lawton, que avalia a independência funcional do idoso, sendo composta de 9 perguntas voltadas à avaliação da capacidade do idoso em realizar algumas atividades diárias, possuindo três possíveis respostas, cada uma com sua respectiva pontuação: sem ajuda (3); com ajuda parcial (2) e não consegue (1), com somatória total de 27, no máximo.  Resultados e/ou impactos: A amostra se consistiu em 12 idosos, 66,7% eram do sexo feminino e 33,3% do masculino, na faixa etária entre 60 e 81 anos e idade média de 71,6 ± 7,7. O predomínio do sexo feminino pode está relacionado à maior expectativa de vida apresentada pelas mulheres em comparação aos homens, bem como a característica feminina de possuir um maior cuidado com a sua saúde e, também dos familiares. Condizente a idade, quanta maior ela for, mais dependente a pessoa idosa se torna. Quanto ao estado civil dos colaboradores do estudo, 50% eram casados (as), 41,7% eram viúvos (as) e 8,3% divorciados (as). A escolaridade destes, 33,3% tinha o ensino fundamental incompleto; 25% fundamental completo; 25% analfabetos; 8,3% o ensino médio completo e 8,3% possuíam o ensino técnico. Observa-se, de modo geral, uma baixa escolaridade dos idosos, o que gera preocupação, visto que este aspecto afeta a compreensão do idoso acerca de cuidados com a sua saúde, contudo, essa baixa escolaridade condiz com os dados regionais, visualizado que na região norte, 28,7% dos idosos é analfabeto. No que condiz a prática de alguma atividade laboral pelos pesquisados, 75% eram aposentados, 16,7% domésticas e 8,3% trabalhavam como motorista. Tal dado condiz com a realidade nacional. Os fatores como escolaridade, estado civil, ocupacional/financeiro e as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) podem relacionar-se com o grau de incapacidade moderada e grave nos idosos. A avaliação precisa das questões da escala de Lawton mostraram que as respostas dos idosos (as) no primeiro questionamento dizia respeito à autonomia da pessoa idosa em utilizar o telefone ou celular, 75% atingiram a pontuação 3 e 25% a 2; a segunda pergunta tratava a respeito da capacidade do idoso em se deslocar a locais distantes, 91,7% afirmaram o correspondente ao 3 na escala e 8,3% o 2; a terceira buscava saber a aptidão em realizar compras, 91,7% disseram ser totalmente capazes (3) e 8,3% parcialmente (2); a quarta questionava a habilitação em preparar as próprias refeições, 75% apontaram o equivalente ao 3 na escala, 16,7% ao 2 e 8,3% ao 1; referente a arrumar a casa, 66,7% enquadravam-se no 3 e 33,3% ao 2; concernente a trabalhos ou reparos domésticos, 66,7% afirmou o respectivo ao 3, 25% ao 2 e 8,3% ao 1; relativo à lavar e passar roupas, 58,3% atingiram o referente ao 3 e 41,7% ao 2; no que condiz à fazer o uso dos medicamentos corretamente, 83,3% alegaram realizar sem ajuda (3) e 16,7% parcial (2); quanto à cuidar das finanças, 58,3% aludiram ao correspondente ao 3, 33,3% ao 2 e 8,3% ao 1. Na somatória total, 16,7% atingiram a pontuação de 27, 25% a de 26, 33,3% a de 25, 16,7% a de 23 e 8,3% a de 15. Quanto maior a pontuação, mais independente é a pessoa idosa. O controle de comorbidades pelo serviço de saúde como hipertensão arterial, diabetes mellitus e doenças mentais são um importante enfoque de intervenção na população idosa uma vez que estes afetam diretamente a capacidade funcional e, consequentemente a qualidade de vida deste público. Considerações finais: O grupo estudado apresentou grau de dependência funcional satisfatório na maioria das atividades diárias trabalhadas pela escala, tendo-se maior dependência com trabalhos e/ou reparos domésticos, manuseio medicamentoso e finanças. No entanto, vale frisar que estes indivíduos sofrem de patologias crônicas, tornando-os um público vulnerável que necessita de atenção especial no contexto do serviço de saúde, familiar e de políticas públicas, que promovam qualidade de vida e saúde em todos os seus aspectos social, psicológico, emocional e biológico, de acordo com o contexto individual destes. Portanto, é de fundamental importância a atuação da atenção primária em saúde, através de suas modalidades de ESF e UBS na assistência do idoso em todas suas necessidades, proporcionando o cuidado integral em saúde.


Palavras-chave


cuidados de enfermagem; geriatria; qualidade de vida.