Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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CARACTERIZAÇÃO DOS PARTOS E DOS RECÉM NASCIDOS DE MÃES ADOLESCENTES INTERNADAS NA CLÍNICA OBSTÉTRICA DE UM HOSPITAL PÚBLICO NO INTERIOR DA AMAZÔNIA.
Railany Pereira Silva Benoá, Brena Caroline Cordovil Lopes, Simone Aguiar da Silva Figueira, Adagilsa Azevedo Lima, Juliana Silva Araújo, Mayana Silva dos Remédios Matos

Última alteração: 2017-12-27

Resumo


Apresentação: A gravidez representa um evento fisiológico na vida da mulher, sendo caracterizado por uma série de alterações e modificações em seu organismo, podendo ser percebidas de forma diferente de acordo com características biopsicossociais apresentadas por cada gestante, sendo a idade materna em que a gestação é concebida um fator desencadeador de possíveis complicações tanto maternas quanto fetais. Nesse contexto, a gravidez na adolescência é tida, mundialmente, como problema relevante de saúde pública, tanto nos países desenvolvidos como naqueles considerados em vias de desenvolvimento. A adolescência compreende a fase de transição entre a infância e a idade adulta, em que o desenvolvimento da sexualidade é de fundamental importância para o crescimento do indivíduo em direção à sua identidade adulta, determinando sua autoestima, relações afetivas e inserção na estrutura social. O Estatuto da Criança e do Adolescente, sob a Lei Nº 8.069/90, circunscreve a adolescência como um período que vai dos 12 aos 18 anos de idade, enquanto que a Organização Mundial da Saúde (OMS) delimita adolescência como a segunda década de vida (10 aos 19 anos). No Brasil, a gravidez nesta faixa etária teve uma queda de 17% no ano de 2015, quando comparado com dados de 2004, segundo dados preliminares do SINASC (Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos) do Ministério da Saúde (MS), o que em números absolutos, representa cerca de 100 mil casos a menos entre os anos pesquisados. Entretanto, a taxa de natalidade de adolescentes no Brasil, ainda é considerada alta, dadas as características do contexto de desenvolvimento brasileiro, sendo observado que tem relação direta com variáveis como: renda, raça/cor e escolaridade que são significativas na prevalência desse tipo de gravidez, pois adolescentes pobres, negras ou indígenas e com menor escolaridade tendem a engravidar mais cedo que outras adolescentes. Diante da importância desta temática, este trabalho tem como objetivo geral caracterizar os partos e os recém-nascidos (RN) de mães adolescentes internadas na clínica obstétrica de um Hospital Público no interior da Amazônia, e como objetivos específicos, descrever a faixa etária mais incidente de partos em adolescentes, identificar a idade gestacional (IG) no momento do parto e avaliar as condições de nascimento com base no APGAR e peso ao nascer. Desenvolvimento do trabalho: Este estudo é do tipo retrospectivo, descritivo, com abordagem quantitativa e análise estatística. Os dados para este estudo foram coletados do livro de registros dos partos realizados nos meses de Agosto e Setembro de 2017 na Clínica Obstétrica de um Hospital Público no interior da Amazônia. Fizeram parte da amostra, os registros de 149 partos de adolescentes compreendendo a faixa etária de 10 a 19 anos, com base na classificação da OMS. Os dados foram coletados no mês de Outubro de 2017, tendo como instrumento de coleta, um formulário contemplando as seguintes variáveis: faixa etária, idade gestacional no momento do parto, via de parto, APGAR e peso ao nascer. Na coleta de dados procurou-se manter o sigilo e o anonimato sobre a identificação das pacientes, para isso utilizou-se de ordem numérica, para identificar e organizar as informações coletadas. Os dados obtidos foram lançados em planilhas e processados por meio de recursos de estatística descritiva, mediante a utilização do programa Excel (Microsoft para Windons-2016), para posterior análise e discussão. Resultados e/ou impactos: A ocorrência da gravidez precoce é multicausal e agrupa aspectos, como por exemplo, a idade em que ocorre a menarca, pois quanto mais cedo, mais a adolescente fica exposta a uma gestação. Em nossa pesquisa, cerca de 21,5% (149) dos partos realizados, dentre os 697 registrados nos meses de Agosto e Setembro, são mãe de adolescentes. Para condensação dos dados a faixa etária foi organizada em dois subgrupos. No primeiro subgrupo fizeram parte as parturientes de 12 a 14 anos, e no segundo subgrupo, as parturientes de 15 a 19 anos. A divisão do primeiro subgrupo, justifica-se no Art.217-A do Código Penal Brasileiro (CPB), que “Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos caracteriza estupro de vulnerável”. Em nosso estudo, 2% (3) dos partos, ocorreram nesta faixa etária, caracterizando casos de estupro de vulnerável, enquanto o subgrupo com a faixa etária de 15 a 19 anos, representou 98% (146) dos partos. Tratando-se da via de parto notou-se uma prevalência de partos vaginais (78,8%) contra 21,2% cesáreas. Apesar de se apresentar como minoria, a indicação para intervenção cirúrgica é alarmante devido à ausência de informações. Pois, dentre as 32 cesáreas realizadas apenas 11 possuem justificativa registrada. Em meio a estas, 4 adolescentes encontravam se com IG inferior a 37 semanas caracterizando um estado de prematuridade de acordo com o MS. A prematuridade tem influência direta no risco de baixo peso ao nascer. Neste estudo, subdividiu-se os RN com peso inferior a 2.500Kg; entre 2.500Kg a 4.000Kg e superior a 4.000Kg, onde 75% (113) das crianças encontra-se dentro do peso ideal estipulado pelo Manual de Neonatologia (2.500Kg a 4.000Kg), se contrapondo as demais pesquisas onde RN’s de mães adolescentes comumente apresentam-se com peso inferior a 2.500Kg. Além de verificar as medidas antropométricas do RN, é de extrema importância realizar uma avaliação clinica imediatamente após o nascimento do RN afim de verificar as condições de nascimento no 1° e 5° minuto de vida da criança, sendo esta identificada como o índice de APGAR. O índice de APGAR de primeiro minuto é considerado um diagnóstico da situação presente, enquanto o índice de APGAR no quinto minuto avalia o prognóstico da saúde neurológica do recém-nascido. 4% (6) dos RN’S estudados apresentaram APGAR entre 0 a 3, 9% (13), entre 4 a 6, 14% (21) igual a 7 e 69% (104) entre 8 a 10 no primeiro minuto. Enquanto no quinto minuto os valores encontrados foram 4% (5) de 0 a 3, 1% (2) de 4 a 6, 2% (3) igual a 7, 89% (134) entre 8 a 10. A análise dos dados permitiu observar que dentre os 150 nascidos vivos 10,5% permaneceu apresentando índice de APGAR menor que 7 após o quinto minuto de vida e destes 100% encontra-se com peso inferior à 2.500Kg caracterizando baixo peso, indicando uma possível relação entre as duas variáveis. Conclusão: De modo geral, os números obtidos na pesquisa referentes às mães e a saúde dos recém-nascidos apresenta resultados satisfatórios. Contudo vale ressaltar a ausência de registro nos prontuários de dados importantes, principalmente em relação as indicações de cesarianas. É notável que o índice de gravidez entre adolescentes na região é preocupante, diante disto, o profissional enfermeiro, juntamente com os demais profissionais, tem papel imprescindível na orientação e conscientização a respeito das implicações de uma gravidez precoce buscando estratégias resolutivas na diminuição desta que já é considerado um problema de saúde pública.

Palavras-chave


Gravidez; Adolescentes; Recém-nascidos