Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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OS “NÓS” DA REDE: DESAFIOS PARA COORDENAÇÃO DO CUIDADO ENTRE NÍVEIS DE ATENÇÃO
Marina Ferreira de Medeiros Mendes, Isabella Chagas Samico, Maria José Bezerra Guimaraes, Zulmira Maria de Araújo Hartz

Última alteração: 2018-01-31

Resumo


Apresentação:Problemas vinculados à coordenação dos cuidados são apontados como principais desafios à organização dos sistemas de saúde em muitos países, principalmente na América Latina, incluindo o Brasil. Com a finalidade de promover uma atenção mais eficiente, equitativa e de qualidade, foram criadas as Redes de Atenção à Saúde. No Brasil, considerando a integração e articulação entre serviços como fundamento primordial das redes, os “nós” representam desafios inerentes ao sistema de saúde, em especial, a coordenação do cuidado entre níveis de atenção.Objetivo: Analisar a coordenação da gestão clínica entre níveis de atenção aos pacientes com doenças crônicas e fatores que influenciam sua operacionalização, em município do estado de Pernambuco, Brasil.

Método: Estudo avaliativo, recorte da pesquisa multicêntrica “Impacto das estratégias de integração da atenção no desempenho das redes em diferentes sistemas de saúde da América Latina -Equity-LA II”. O estudo foi desenvolvido em Caruaru, Pernambuco, Brasil. A rede possui 63 unidades de Atenção Primária à Saúde (APS) e 16 Unidades de Atenção Especializada (AE). Foram entrevistados 180 médicos (58-APS e 122-AE), que atendiam pacientes crônicos e trabalhavam na rede há mais de três meses, de junho a outubro de 2015. Variáveis analisadas: sociodemográficas, laborais e organizacionais; Quanto à coerência da atenção: adequação clínica da transferência, duplicação de exames, reconciliação de tratamentos e compartilhamento de objetivos clínicos. Foi realizado modelo de regressão logística, sobre possível influência dos diferentes fatores, na percepção da coordenação da gestão clínica.

Resultados: A maioria dos participantes foi do sexo masculino, idade de 36 a 50 anos. Quanto à percepção sobre coordenação entre níveis de atenção, apenas 5,7% dos entrevistados na APS e 10,6% na AE acreditam na articulação da rede. Na coordenação da gestão clínica, 68% dos médicos AE e 89,6% da APS consideram que estes últimos sempre encaminham pacientes aos especialistas. O percentual de médicos em concordância com tratamentos prescritos pelo outro nível foi menor na AE (37,7%) comparado à APS (63,8%). Fatores que influenciam na articulação: baixa percepção dos médicos quanto ao papel dos apoiadores de território e gerentes de unidades como facilitadores (40%); pouco tempo disponível (50%) para articulação. Em relação à atitude e interação dos profissionais, a maioria não conhece os profissionais do outro nível. Existe menor percepção de confiança do especialista quanto às habilidades do generalista. Estes últimos se reconhecem como coordenadores do cuidado, não se verificando reconhecimento significativo pelos especialistas. A precária articulação pode estar vinculada a fatores organizativos e à formação dos profissionais.

Considerações finais: A opinião sobre coordenação da atenção reflete a complexidade do termo e a tradicional separação entre níveis assistenciais e diferenças de percepção quanto ao papel de titularidade na coordenação. Embora fatores externos influenciem na coordenação, destacaram-se problemas relacionados aos fatores organizativos internos da rede. Identifcaram-se falhas no papel dos atores gerenciais, deixando lacuna importante na indução de processos de articulação tais como acompanhamento, supervisão integrada e apoio matricial. Intervenções para melhoria vão requerer ações específicas para que a gestão conjunta se traduza na integração entre níveis de atenção.


Palavras-chave


Coordenação do cuidado; Redes de Atenção; Avaliação em Saúde