Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Última alteração: 2018-01-02
Resumo
O consumo de medicamentos psicotrópicos tem aumentado significativamente nos últimos anos, com início de uso cada vez mais precoce. Um fator que leva os indivíduos a usarem medicamentos psicotrópicos é a busca do fortalecimento da sua capacidade no enfrentamento de situações cotidianas. Este estudo teve objetivo de conhecer o perfil dos estudantes de enfermagem de uma universidade pública acerca do uso de medicamentos psicotrópicos. Trata-se de uma pesquisa quantitativa epidemiológica transversal, realizada entre março a maio 2016 com acadêmicos de enfermagem de uma Universidade pública do Estado de Santa Catarina. A coleta de dados foi realizada através de questionário adaptado da versão virtual do questionário Alcohol, Smoking and Substance Involvement Screening Test. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa com Seres Humanos sob parecer CAAE Nº: 53535816.6.0000.0118. No primeiro momento os pesquisadores foram a sala de cada fase, nesta abordagem explicou-se objetivos e metodologia da pesquisa. Em seguida os participantes foram encaminhados para sala de informática para o preenchimento do questionário. Utilizou-se como ferramenta o Google Formulários para a coleta de dados. As informações obtidas foram avaliadas por meio de análise descritiva simples. No semestre 2016/1 estavam matriculados 199 acadêmicos no curso de enfermagem. Participaram do estudo 151 (76% do total). Na caracterização sociodemográfica constatou-se que são: adultos jovens entre 18 a 22 anos de idade (76,15%), solteiros (83,4%), sem filhos (90%), do sexo feminino (91%), de raça étnica caucasoide (86,76%), grande parte católicos (67,54%), moram em república, com amigos (35%) ou sozinho (15%) e satisfeitos com o seu curso de graduação (91%); grande parte dos participantes estavam no segundo ano do curso (27,81%). Quanto ao uso dos medicamentos psicotrópicos, 30% afirmaram que já utilizaram esse tipo de medicamento em algum momento na vida. No período da coleta de dados 11,2% utilizavam antidepressivos, alguns casos associados a ansiolíticos ou estabilizantes de humor. Esse dado sugere que há um número que pode ser considerado significativo de participantes da pesquisa que sofre de algum transtorno depressivo. Chama atenção o percentual de participantes que usam antidepressivos, pois esse índice se caracteriza em mais que o dobro da prevalência da depressão no Brasil, apontada pela OMS. Os antidepressivos mais utilizados foram a classe dos Inibidores Seletivos da Recaptação da Serotonina (ISRS) com 70,6%, seguido pelos Inibidores Seletivos de Recaptação de Serotonina e Noradrenalina (ISRSN) COM 17,6% e por último os Tricíclicos (ADT) com 11,8%. Acerca dos ansiolíticos, a única classe utilizada foi dos benzodiazepínicos. O Topiramato foi o estabilizante de humor mais utilizado correspondendo 50%. Os resultados obtidos, apontam para a importância da implantação de reflexões e propostas de ações preventivas na Universidade, como a realização de oficinas com a participação de diversas áreas de conhecimento para abordar sobre a temática do sofrimento mental nas suas diversas nuances. Cabe ainda implementar estratégias de cunho educativo, proporcionando maior conhecimento aos acadêmicos quanto ao uso, efeitos colaterais e terapêuticos dos psicotrópicos, com a finalidade de modificar o atual cenário apresentado.