Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Simulação realística como estratégia de ensino-aprendizagem:satisfação dos profissionais de enfermagem frente à metodologia aplicada ao processo transfusional
Thuanny Nayara do Nascimento Dantas, Vanessa Karen da Silva Azevedo, Leilane K. Borges de Albuquerque Santos, Isabel Karolyne Fernandes Costa, Manuela Pinto Tibúrcio, Gabriela de Sousa Martins Melo

Última alteração: 2018-03-29

Resumo


A terapia transfusional apresenta-se como um mecanismo fundamental na medicina moderna, embora haja inúmeros progressos, ainda não há uma alternativa que substitua o sangue. Para isso, a terapêutica deve ser feita da maneira correta e segura respeitando todas as normas preconizadas. A enfermagem tem um papel fundamental nesse processo, por participar ativamente de modo a executar e supervisionar possíveis reações. A educação na atuação da enfermagem apresenta-se como essencial, o que prevê o uso de estratégias que possam subsidiar o trabalho desses profissionais. Com isso, a simulação é uma estratégia de ensino-aprendizagem que permite que pessoas experimentem a representação de um evento real com o propósito de praticar, aprender, avaliar ou entender situações. Enquanto metodologia ativa de ensino, a simulação realística favorece não somente o desenvolvimento de competências correspondentes a processos clínicos da prática profissional, ela vai além dos aspectos técnicos e tecnológicos e se estende ao desenvolvimento de análise, síntese e tomada de decisão. Através dela, o participante desenvolve competências em um ambiente onde o erro é permitido, ajustando falhas e o aprimoramento profissional diante das várias situações que lhe são apresentadas, sem risco à integridade do paciente, além de proporcioná-lo uma maneira proativa no seu próprio aprendizado. Por meio das tarefas simuladas, é necessário que o envolvido promova intervenções e habilidades capazes de proporcionar melhoria na apreensão do conteúdo abordado. A simulação realística faz parte de uma nova possibilidade de ensino que vem sendo adotada pelas instituições formativas e de saúde para o ensino e aperfeiçoamento de acadêmicos e profissionais. Nesse contexto, considera-se importante o uso da metodologia de simulação realística como tecnologia aplicável a ações de educação em saúde, desde a graduação até a capacitação continuada de profissionais de saúde. Deste modo, a pesquisa objetiva verificar a satisfação de profissionais de enfermagem frente à simulação realística como estratégia de ensino-aprendizagem no processo transfusional. Trata-se de um estudo descritivo, transversal, de abordagem quantitativa, realizado no período de março a maio de 2017. A amostra totalizou 78 profissionais de enfermagem (enfermeiros, auxiliares e técnicos de enfermagem) de um Hospital Universitário do Rio Grande do Norte. Para coleta de dados foram desenvolvidos três cenários elaborados previamente sobre o processo transfusional com as seguintes informações sobre o paciente simulado: coleta de amostras para testes pré-transfusionais; administração de hemocomponentes; atendimento às reações transfusionais. Eles foram elaborados com base no referencial proposto pela National League Nursing/Jeffries Simulations Framework (NLN/JSF). Foi utilizado uma técnica de briefing que prevê uma explanação e detalhamento de como transcorrerá o processo, de modo a fornecer orientações e informações sobre os cenários, uso dos materiais e insumos, manuseio do prontuário, interação com os atores, postura dos voluntários e observadores, bem como esclarecimento de possíveis dúvidas. Cada cenário foi planejado para ser executado por um voluntário e os demais participantes observavam com uso de um checklist sobre a etapa. Após a execução dos três cenários, foi realizado o debriefing onde o facilitador procedeu com comentários acerca do ocorrido, aplicando conceitos relativos a avaliação e desempenho, de modo a compartilhar a experiência vivida. Em seguida, foi aplicado um questionário de satisfação sobre a simulação realística, validado, composto por 14 itens que foram avaliados mediante uma escala de Likert de 1-5, desde 1 para discordo plenamente a 5 para concordo plenamente. Os dados coletados foram organizados em planilha e calculadas as frequências relativas e absolutas das variáveis. O estudo obteve apreciação favorável do Comitê de Ética em Pesquisa (CAAE: 58511516.0.0000.5292). A amostra foi composta por 37,4% de enfermeiros, 58,6% de técnicos de enfermagem e de 4,0% auxiliares de enfermagem. Quanto ao questionário aplicado, observou-se que 83,3% concordam plenamente e 16,7% concordam que a simulação é uma metodologia interessante; 84,6% concordam plenamente e 15,4% concordam que a simulação realística foi útil; 79,5% concordam plenamente e 20,5% concordam que contribuiu para o ensino do conhecimento e habilidades sobre o processo transfusional; 80,3% concordam plenamente  e 16,7% concordam que ajudou no aprendizado sobre a temática; 60,3% concordam plenamente e 39,7% concordam que observar a realização do procedimento contribuiu para o aprendizado; 74,4% concordam plenamente e 25,6% concordam que o facilitador os ajudou a aprender o procedimento abordado; e 71,8% concordam plenamente e  26,9% concordam que sentem-se satisfeitos com a simulação. Desses itens em questão, notou-se que ninguém marcou que discorda de algum deles. Além disso, 69,2% concordam plenamente e 29,5% concordam que a metodologia proporciona feedback imediato; 64,1% concordam plenamente e 25,6% se sentiram motivados ao realizar a simulação; 50% concordam plenamente e 44,9% se sentem capazes de realizar o procedimento em uma situação real. Apenas três itens do questionário de satisfação obtiveram “Discordo” como resposta, os quais foram: “Motivado ao realizar a simulação” com 1,3% das respostas, “Me sinto capaz de ensinar a outros colegas” também com 1,3% e “Carga horária satisfatória” com 9,0% das respostas para o item. Assim, unindo as respostas daqueles que responderam “Concordo plenamente” e “Concordo”, obtém-se 96,3% de satisfação dos participantes com a simulação como estratégia de ensino-aprendizagem. A partir dos resultados, observou-se que a maioria dos participantes consideram a metodologia interessante, útil e contribuinte para o ensino do conhecimento e habilidades. Logo, isso demonstra que, diferentemente da metodologia tradicional, a metodologia ativa desperta o interesse, atrai o aprendiz e contribui para o desenvolvimento do raciocínio crítico-reflexivo quanto à temática abordada. Ademais, a simulação também contribui para aquisição de uma postura mais confiante dos profissionais frente à situação real, conseguindo, assim, tomar decisões de forma planejada, calma e segura. O professor como facilitador, profissional treinado e capacitado, tem um papel bastante positivo na dinâmica da simulação, tendo em vista que ele é o responsável em proporcionar os momentos de reflexão, discussão e troca de experiências.  Além do mais, a simulação proporciona um feedback imediato, sinalizando os momentos que necessitam de explicações e esclarecimentos, ponto crucial para avaliar os déficits de conhecimento. Neste momento, quando se aplica a simulação realística à estudantes de graduação, é possível identificar onde se tem maior carência do conteúdo ministrado em sala de aula, tornando uma oportunidade para melhoria da abordagem teórica e enfatização na prática, sanando todas as dúvidas dos alunos. Na aplicação da simulação realística à profissionais da área esse raciocínio também é válido, tendo em vista que nas próximas capacitações é um ponto a ser mais trabalhado. Dessa forma, a satisfação dos participantes em relação à estratégia de ensino-aprendizagem com o resultado acima de 90%, indicam que a simulação realística é uma metodologia que causa grande impacto no processo de ensino-aprendizagem dentro do contexto do ensino, educação permanente e da capacitação de profissionais. Sendo assim, o estudo desenvolvido confirma que é uma prática que deve ser mais aplicada, embora envolva equipe técnica, treinamentos, investimentos, materiais, insumos e espaço físico, pois é importante considerar que a segurança do paciente assistido deve ser garantida diante de qualquer procedimento ao qual ele seja submetido. E, para que isso ocorra, os profissionais devem ser devidamente preparados e qualificados.



Palavras-chave


Simulação de Paciente, Ensino, Profissionais de Enfermagem, Transfusão de Sangue.