Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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TECNOLOGIAS LEVE-DURAS NA EDUCAÇÃO EM SAÚDE DE DIABÉTICOS INSULINODEPENDENTES: FOMENTANDO SABERES INDISPENSÁVEIS À TERAPÊUTICA INSULÍNICA
Eberson Luan dos Santos Cardoso, Bruna Luana Oliveira Tavares, Luana Rocha Pereira, Ingrid Nicolle Monteiro Barros, Suenne Paes Carreiro de Aviz, Suelen da Silva Miranda, Edenilza Fabiana de Almeida Santos, Ana Rosa Botelho Pontes

Última alteração: 2018-01-21

Resumo


Introdução: As tecnologias consideradas leve-duras referem-se à aplicação de conhecimentos e saberes constituídos e ao modo singular como cada profissional aplica este conhecimento para produzir o cuidado os usuários. Sua utilização pouco a pouco tem sido integrada à prática assistencial pelas equipes de Saúde da Família com o intuito de viabilizar e estimular o cuidado a pacientes atendidos pelo programa HIPERDIA, porém, é um processo que exige a devida atenção, pois, o emprego de métodos errôneos ou inadequados vinculados a essas tecnologias podem ter efeito negativo na adesão terapêutica do grupo ao qual é empregada, diminuindo ou até mesmo inviabilizando o mesmo. Além do mais, tem-se observado que os profissionais de saúde pouco estão preparados para assumir a coordenação e interpretação de fenômenos grupais, seja por carência de atributos e habilidades ou por terem tido pouco contato com as tecnologias em saúde durante a graduação. No acompanhamento terapêutico de usuários diabéticos insulinodependentes, por exemplo, a baixa adesão ao tratamento representa um grande desafio, sendo imperativo, portanto, a busca de estratégias de intervenção que visem minimizar a baixa adesão, em especial atividades de cunho educacional em saúde, voltadas para o enfrentamento dos diversos obstáculos enfrentados pelos usuários na condução da terapêutica insulínica em domicílio. Com vistas no estabelecimento de tais medidas interventivas, o projeto de extensão intitulado “Promoção de saberes sobre a insulinoterapia subcutânea aos pacientes diabéticos da UBS do Guamá”, do Programa Navega Saberes/Infocentros da Universidade Federal do Pará, apresenta como um dos objetivos principais o desenvolvimento de atividades de educação em saúde junto aos pacientes diabéticos em tratamento insulínico assistidos na referida unidade de saúde a partir de tecnologias leve-duras adequadas, promovendo a saúde dos mesmos por agir diretamente nas lacunas que perpassam o tratamento e difundir conhecimentos relacionados aos procedimentos básicos para a autoadministração de insulina em domicílio e importância do seguimento terapêutico. As atividades do projeto são planejadas considerando a realidade dos usuários percebida através de uma escuta sensível, atentando às suas angústias, dúvidas e questionamentos para a formulação de intervenções. Objetivo: Descrever o protagonismo de acadêmicos de Enfermagem na condução de ações de educação em saúde junto a usuários diabéticos insulinodependentes com a utilização de tecnologias leves-duras em saúde. Descrição da experiência: A experiência em questão é resultante das atividades do projeto de extensão citado anteriormente, tendo esta acontecido entre os meses de agosto a dezembro de 2017, no decorrer do desenvolvimento das ações extensionistas de educação em saúde propostas pelo projeto, sendo estas realizadas na UBS do Guamá, localizada no município de Belém, Pará. A vivência possibilitou-nos maior contato com as mais variadas realidades inerentes ao cotidiano dos usuários atendidos pelo programa HIPERDIA, em especial os diabéticos que procediam o tratamento através de insulinoterapia em domicílio, público-alvo das atividades. O método de abordagem que escolhemos para atuar junto aos usuários participantes foi baseado na utilização de tecnologias leve-duras em saúde, voltadas para a promoção do autocuidado e protagonismo dos usuários no que diz respeito à sua própria saúde, oportunizando um espaço dialógico de compartilhamento de dúvidas e questionamentos sobre a autoadministração de insulina subcutânea, a troca de experiências sobre esta modalidade de tratamento e a exposição dos principais obstáculos encontrados para o tratamento insulínico. Além do exposto, destacamos que as atividades foram baseadas segundo a metodologia ativa, a qual considera como viáveis novas formas de ensino-aprendizagem e de organização curricular na perspectiva de integrar teoria-prática, ensino-serviço, as disciplinas e as diferentes profissões da área da saúde, além de buscar desenvolver a capacidade de reflexão sobre problemas reais e a formulação de ações originais e criativas capazes de transformar a realidade social. A questão preponderante para a escolha do método de abordagem aos usuários foi a possibilidade de fuga do padrão tradicional com o qual a educação em saúde é trabalhada na atenção primária. Procuramos, durante o contato com os usuários, utilizar de uma linguagem de fácil compreensão, clara e objetiva, com palavras que faziam parte do cotidiano dos usuários. Para tanto, assumimos, enquanto discentes-extensionistas, um papel de direcionadores e facilitadores das temáticas abordadas nas ações, intervindo com esclarecimentos e orientações, caso fossem necessários. Os principais direcionamentos voltaram-se para o entendimento facilitado sobre a doença, considerações a respeito da autoadministração da insulina e monitorização dos níveis glicêmicos. Os materiais que utilizamos para a realização das ações foram inteiramente de nossa autoria e confecção, sendo estes moldados para contemplar temáticas indispensáveis do diabetes mellitus e da terapêutica insulínica, dentre as quais podemos citar: O que é diabetes?; Sinais e sintomas do diabetes; Como prevenir agravos relacionados ao diabetes; Adesão ao tratamento; Insulinoterapia (técnica de administração subcutânea, principais áreas de aplicação, importância do rodízio terapêutico e descarte adequado dos insumos) e monitorização dos níveis glicêmicos. Os materiais produzidos foram: Flipchart, enfatizando conceitos a partir de palavras e imagens chaves envolvidas no tratamento, utilizado para dar início ás ações, para deter a atenção dos usuários; Boneco de pano evidenciando as principais áreas de possível autoadministração de insulina, de grande relevância no momento prático ofertado aos usuários; Jogo de Mitos & Verdades sobre a insulinoterapia, com a utilização de placas-respostas, por meio do qual os usuários tinham a opção de desmistificar crenças sobre a doença e a terapêutica, bem como manifestar suas dúvidas. Representava também um momento de avaliação do método empregado; uma cartilha desenvolvida com orientações básicas sobre diabetes e insulinoterapia, evidenciando aspectos indispensáveis sobre a técnica de administração subcutânea, rodízio de aplicações e monitorização glicêmica, com espaços para anotações importantes; e insumos utilizados na autoaplicação para um momento prático. Todas as ações duraram em média uma hora e meia, com característica quinzenal, e foram amparadas pela coordenação da enfermeira-docente responsável pelo projeto. Resultados: A vivência proporcionou-nos, enquanto acadêmicos, maiores conhecimentos sobre realidade dos usuários insulinodependentes, em especial no que se refere às dificuldades frente à terapêutica. A ação proposta recebida de forma satisfatória pelos usuários, sendo essa receptividade percebida pela forma em que o método foi acolhido, com total interesse do público-alvo pela temática em questão, tão próxima da realidade diária dos mesmos. Percebemos a participação efetiva dos usuários, compartilhando saberes, sanando dúvidas e curiosidades no decorrer da conversa, expondo suas experiências subjetivas. A possibilidade de intervir na realidade com o uso da educação em saúde representou um grande aprendizado não contemplado pelo currículo da graduação. A experiência foi também eficaz ao reafirmar a importância da assistência de enfermagem, com ênfase no autocuidado, como uma alternativa encontrada para viabilizar a adesão ao tratamento, melhorar a qualidade de vida e reduzir os elevados encargos à família, à sociedade e ao sistema público de saúde. Considerações finais: Percebemos com a vivência a essencialidade da educação terapêutica na atenção primária, cabendo aos profissionais de saúde a adoção de atividades educativas em grupo para evidenciarem os programas de atenção integral, sendo possível por meio destas construir alternativas, transformar comportamentos desfavoráveis à saúde e apoiar o fortalecimento de atitudes saudáveis, a fim de que seja possível uma verdadeira adesão ao tratamento insulínico, controle glicêmico e redução da incidência de possíveis complicações decorrentes do diabetes mellitus.

 


Palavras-chave


Educação em Saúde; Diabetes Mellitus; Assistência de Enfermagem