Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES: A FITOTERAPIA COMO ALTERNATIVA TERAPÊUTICA NO SUS
Kelle Caroline Filgueira da Silva, Camila Mahara Dias Damasceno, Roxana Braga Andrade Teles, NADJA SANTOS, Lusineide Carmo Andrade Lacerda, Priscylla Helena Alencar Falcão Sobral, Juliana Freitas Campos, Luciana Pessoa Maciel Diniz

Última alteração: 2018-05-21

Resumo


Apresentação: O modelo biomédico surgiu no ocidente, nos séculos XVI e XVII, com a explicação do adoecimento através de disciplinas no campo da biologia, e adquiriu credibilidade por suas práticas serem embasadas cientificamente, excluindo questões religiosas. É notória a importância da biomedicina e recursos por ela utilizados para a prevenção e tratamento de doenças, mas percebe-se sua limitação por não visualizar o indivíduo na sua integralidade, quando na condução de problemas de saúde decorrentes da interação de vários fatores. O modelo terapêutico não convencional, distante da abordagem médica hegemônica, não fragmenta o ser humano, evidenciando o sujeito na sua individualidade e considerando a saúde como consequência principal de uma harmonia interior, articulando todos os fatores que possam interferir no processo saúde-doença. A procura de tratamentos alternativos no auxílio ou na impossibilidade de aquisição do tratamento farmacológico é crescente e grande parte da população faz uso de plantas medicinais e outras práticas não convencionais. A utilização de plantas medicinais remonta a antiguidade, associada à tradução e sua facilidade de obtenção tem o seu uso difundido entre gerações. O objetivo desse estudo é descrever a importância das práticas integrativas e complementares no Sistema Único de Saúde (SUS). Desenvolvimento: Trata-se de uma revisão bibliográfica realizada entre os meses de julho a setembro de 2017, a partir dos descritores “fitoterapia”, “Sistema Único de Saúde” e “plantas medicinais”. Resultados e Discussão: As práticas não convencionais podem ser chamadas de integrativas e complementares, alternativas, tradicionais, populares, não ocidentais e holísticas. Essas novas práticas de atenção à saúde são decorrentes de uma grave deficiência na área, ocasionada também por aumento das diferenças sociais e consequente proliferação de doenças, assim como mudanças na prática médica. No Brasil a partir da década de 80, após a instituição do SUS, as práticas complementares passaram a ser reconhecidas pelo poder público e estão em ascensão, possuindo credibilidade entre órgãos governamentais, como o Ministério da Saúde, que inclusive, em 2006 publicou a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares para apoiar e implementar as práticas alternativas de saúde, já utilizadas por muitas comunidades ampliando as opções terapêuticas dos usuários do SUS. Essa política, visando solidificar as ações do SUS para promoção da integralidade da assistência, busca uma maior aproximação com algumas práticas como a fitoterapia. A fitoterapia é uma terapia baseada na utilização de plantas com propriedades medicinais. Nessa área destaca-se a elaboração da relação nacional de plantas medicinais e da relação nacional de fitoterápicos e, a garantia de acesso às plantas medicinais e aos fitoterápicos à população.  Desta forma, a inclusão da fitoterapia no SUS possibilita benefícios para a saúde da população, mas também em benefícios de ordem econômica, considerando esta implantação uma opção de redução dos gastos com medicamentos convencionais, obedecendo aos critérios da utilização da fitoterapia. O poder curativo das plantas é tão antigo quanto o aparecimento da espécie humana na terra, civilizações perceberam que algumas plantas continham em suas essências princípios ativos, os quais ao serem experimentados no combate às doenças revelaram empiricamente seu poder curativo ressaltando sua importância em aspectos culturais e medicinais. De acordo com a OMS planta medicinal é "todo e qualquer vegetal que possui, em um ou mais órgãos, substâncias que podem ser utilizadas com fins terapêuticos ou que sejam precursores de fármacos semi-sintéticos". Este órgão ainda revela que em torno de 60 a 85% da população de países em desenvolvimento fazem o uso de plantas medicinais como única forma de acesso aos cuidados básicos de saúde. Bem como, 80% da população desses utiliza práticas tradicionais na atenção primária, e desse percentual total, 85% usam plantas medicinais ou preparações destas, considerando o uso de extratos mais prevalente.  Por muito tempo o homem identificou plantas como possibilidade para o tratamento de doenças, e por vários anos as plantas medicinais foram as mais importantes fontes utilizadas terapeuticamente, o consumo dessas plantas está associado com o conhecimento repassado por várias gerações. O saber popular sobre os efeitos positivos decorrentes da utilização de plantas medicinais é fator importante na disseminação da prática da fitoterapia, e reconhecido como de interesse científico. No Brasil, a imensa vegetação presente, a influência de diferentes grupos étnicos com conhecimentos tradicionais sobre plantas medicinais e a falta de acesso de grande parte da população a serviços de saúde com qualidade, contribuem para o desenvolvimento da fitoterapia. O Brasil possui uma extensa flora com muitas plantas consideradas popularmente como medicinais, carecendo, contudo, de confirmação científica. Porém, sabe-se que as espécies vegetais possuem princípios ativos, que são os responsáveis pelos efeitos terapêuticos identificados após seu uso. Assim, após realização de estudos científicos que comprovem os efeitos terapêuticos de plantas medicinais, estas podem ser de grande valia para o SUS, por serem de fácil acesso e menor custo. E os profissionais de saúde são sujeitos indispensáveis para auxiliar a população no correto uso de plantas medicinais. A partir dos anos 80, várias ações foram desenvolvidas com interesse em fortalecer a incorporação da fitoterapia no SUS, possibilitando maior cobertura assistencial aos seus usuários. Os fitoterápicos são medicamentos que utilizam princípios ativos unicamente de origem vegetal, e seus efeitos devem ser embasados pela utilização popular, estudos científicos ou demonstrações clínicas. Apesar da atual atenção dada a fitoterapia, estudos que respaldem a sua utilização ainda são escassos. É indispensável a realização de pesquisas para respaldar e tornar mais segura a incorporação dessa prática no SUS. É necessário também capacitar os profissionais de saúde para, através da aquisição de informações sobre eficácia e segurança, a utilização de plantas medicinais seja estimulada. Considerações finais: A leitura e análise dos artigos sobre a temática evidenciaram que, mesmo em desenvolvimento e amplificação de ações do governo federal, as Práticas Integrativas e Complementares ainda encontram dificuldades de implementação no SUS para tornarem-se completamente aceitas pela comunidade em geral. Entraves como o baixo conhecimento que os profissionais de saúde têm sobre a Fitoterapia, o entendimento controverso sobre a eficácia e a segurança deste tratamento por parte de usuários e profissionais de saúde, a dificuldade do acesso à planta medicinal e ao medicamento fitoterápico, aliados a uma estruturação dos serviços nos moldes que favorecem o uso do medicamento sintético, inviabilizam a prática da fitoterapia. Neste cenário, a instituição dessa política é de grande relevância por oferecer outra forma de tratamento aos clientes do SUS, considerando o fato de as plantas medicinais serem acessíveis à população e ainda a retomada do conhecimento popular para busca de evidências clínicas. A participação popular é necessária aos estudos etnofarmacobotânicos para identificação e elucidação de espécies de plantas medicinais. É fundamental o desenvolvimento de estudos que respaldem cientificamente a utilização das terapias convencionais, assim como a capacitação de profissionais que irão promover o atendimento.  A academia precisa considerar os resultados identificados por pessoas que já fizeram uso de terapias integrativas e desenvolver mais pesquisas que confirmem os efeitos positivos dessas novas abordagens terapêuticas com garantia de acesso a plantas medicinais, a fitoterápicos e a serviços ligados à fitoterapia, com segurança, eficácia e qualidade, na perspectiva da integralidade da atenção à saúde.


Palavras-chave


fitoterapia, plantas medicinais, sistema único de saúde