Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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PALHAÇO HOSPITALAR E A FINITUDE DA VIDA: REFLEXÕES DURANTE AÇÃO DE EXTENSÃO
Karoline Costa de Souza, Aderlaine da Silva Sabino, Arinete Véras Fontes Esteves, Isabelle Vasconcelos de Sousa, Nayara Costa de Souza

Última alteração: 2018-01-21

Resumo


APRESENTAÇÃO: A inserção precoce do discente de graduação em projetos de extensão universitária relacionadas à humanização oportuniza ao mesmo interação entre a academia e a sociedade, como também conhecer um dos seus futuros campo de atuação profissional. As ações referentes à extensão permitem vivências e a construção de conhecimento ainda não vivenciado pelo acadêmico antes de estágios obrigatórios presentes na matriz curricular. O projeto O Brincar no Hospital é um verdadeiro “divisor de águas” na vida do voluntário, independente de sua área de atuação, pois quando vivenciado em sua plenitude, esse trabalho de aspecto lúdico no ambiente hospitalar possibilita o desenvolvimento do acadêmico durante seu processo de formação. A vida universitária para os jovens que ingressam no Curso de Enfermagem representa uma fase de transição, o qual traz potenciais repercussões sobre o conhecimento do processo saúde doença dos indivíduos em relação ao enfrentamento da dor ao lidar com pacientes portadores de leucemia, inevitavelmente, buscando dessa forma oferecer apoio emocional ao paciente e seus familiares. Além disso, diversas vezes o próprio profissional de saúde necessita desse amparo por parte do discente voluntário, por lidar diretamente com a responsabilidade da vida humana em seu cotidiano. No ambiente hospitalar tudo é diferente, no que refere especialmente aos pacientes oncológicos com leucemia, uma vez que o câncer leva à incerteza sobre o amanhã de maneira muito intensa, sendo necessária a adaptação aos novos momentos de sua vida durante um tratamento específico. O objetivo do presente relato consiste em discorrer sobre experiência em um projeto de extensão universitária “O Brincar no Hospital”, realizado pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM) em um hospital de referência no município de Manaus, Amazonas. DESENVOLVIMENTO: Trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de experiência sobre a percepção do discente de graduação sobre a finitude da vida de pacientes leucêmicos. As práticas lúdicas relacionadas ao brincar estão relacionadas ao alívio da dor durante o tratamento de patologias através da busca pelo resgate da autoestima e bem estar de pacientes e seus acompanhantes. O projeto tem importância fundamental no momento de resgatar as esperanças do ser humano, independente da localidade ou época de sua execução, a missão do palhaço hospitalar sempre será fundamental no processo de enfrentamento dos desafios diante de procedimentos invasivos e dolorosos relacionados ao câncer. Para a execução das atividades lúdicas ocorre uma preparação dos voluntários, realizada pelos membros mais antigos e ativos no projeto através de uma oficina de treinamento. Os aspectos abordados nas oficinas de treinamento consistem em: responsabilidade, respeito à dor do paciente, aspectos lúdicos e até mesmo o enfrentamento da morte. Como forma de entretenimento do público alvo, encontram-se brinquedos (exclusivamente para o público infantil), peças teatrais baseadas no improviso e interação com acompanhantes, música e dança. Antes do início de cada visita um aluno fica responsável por adentrar em todas as enfermarias identificando se os pacientes aceitam a visita do projeto, além disso, consultam a equipe de saúde do dia sobre pacientes que não podem receber visitas por conta de agravo do seu quadro de saúde. Para a execução das atividades, os voluntários se dividiam em grupos para enfermaria masculina e feminina de adulto e enfermaria infantil. As estratégias mudam de acordo com idade do paciente, estado de saúde e se está sendo ou não realizado algum procedimento na enfermaria; respeitando as normas hospitalares e a dor do outro. Constantemente são realizadas capacitações para que os voluntários possam discutir aspectos nos quais precisam melhorar. É comum a todos os palhaços a caracterização completa prezando a segurança para todos. Quanto à frequência da realização das visitas, os discentes voluntários frequentam o hospital semanalmente, o que torna inevitável o envolvimento com os pacientes tratados. Nesse momento vale salientar que o palhaço hospitalar precisa estar pronto para a perda do paciente caso ocorra um tratamento sem sucesso.  RESULTADOS E IMPACTOS: O projeto contribui diretamente no amadurecimento pessoal dos voluntários envolvidos, por dar a oportunidade de lidar com desafios tão precocemente. O estudante que participa do brincar logo após seu ingresso na Universidade, possui mais maturidade para enfrentar a finitude da vida em seus campos de prática e vida profissional no ambiente hospitalar. A possibilidade de desenvolver laços afetivos com pacientes e acompanhantes é fundamental para a recuperação da autoestima dos mesmos, pois diversas vezes sofrem com o abandono das pessoas que não compreendem a importância do apoio frente a nova situação de vida, o que adiante desse momento os pacientes oncológicos que apesar da situação, ainda necessitam do relacionamento interpessoal com o outro. A empatia e o cuidado na forma de carinho e atenção são fundamentais não somente em casos descobertos recentemente quanto em pacientes terminais. Até a morte precisa ser tratada com dignidade e o palhaço hospitalar pode ser um sujeito que proporciona distração levando alegria e causa felicidade. No caso das crianças atendidas é bem perceptível que há mudança em seu aspecto, as lágrimas são substituídas por momentos de risos e alegria. Com os adultos a abordagem é mais delicada, pois possuem plena consciência do que está acontecendo em sua vida e esses pacientes têm mais medos, ao mesmo tempo mais vontade de viver para ajudar sua família. Ambos precisam de carinho e compreensão por parte dos voluntários do projeto. Até mesmo se ocorrer o óbito do paciente, o palhaço tem a missão de transmitir respeito e carinho à família. CONSIDERAÇÕES FINAIS: O projeto é fundamental na vida acadêmica do voluntário por mostrar a realidade da vida em seu pior aspecto: o sofrimento. O palhaço hospitalar está na enfermaria pra evidenciar que independente do quadro de saúde, o paciente deve ser tratado como alguém que merece fazer planos para o futuro e sentir-se bem na medida do possível durante seu tratamento. Afinal, o brincar é uma forma de cuidado. Essa extensão da universidade preza a gratidão, fazendo com que o aluno se dedique com mais paixão a sua futura profissão. Os palhaços levam motivação a cada criança, jovem, idoso e adulto internado. Por conseguinte, é fundamental reconhecer o papel do voluntário no processo de tratamento.


Palavras-chave


humanização; brincar; finitude.