Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Desenvolvimento da resiliência como estratégia de enfrentamento à violência urbana na APS de Manaus-AM – relato de experiência de profissionais de saúde
Ana Beatriz Werneck, Tatiane Lima Aguiar

Última alteração: 2018-01-21

Resumo


APRESENTAÇÃO: O trabalho na área da saúde possui características peculiares que, em determinadas situações, podem ser agentes estressores e prejudicar o bem-estar dos profissionais. Além do estresse inerente ao trabalho em saúde, causas externas como o elevado índice de violência nos principais centros urbanos do Brasil também contribuem para aumentar o nível de estresse ocupacional em nosso meio. Em Manaus-AM, um total de 169 Unidades Básicas de Saúde (UBS) foram vítimas de assaltos no período de 2015 a maio de 2017. Neste cenário, profissionais de saúde que atuam na Atenção Primária à Saúde (APS) estão expostos à violência urbana no próprio local trabalho, o que pode gerar consequências para o desempenho profissional e, em última instância, ao cuidado dispensado à população. Para o enfrentamento deste cenário adverso, alguns estudos demonstram a importância do desenvolvimento de mecanismos de resiliência entre os profissionais de saúde. Resiliência pode ser definida como a competência que uma pessoa tem de cultivar padrões de crenças, devidamente estruturados, para lidar e superar adversidades por meio de forças e virtudes, de tal modo, que resulte em comportamentos resilientes e no amadurecimento pessoal. RELATO DA EXPERIÊNCIA: Em julho de 2017, a UBSF L30, no bairro do Coroado, zona Leste de Manaus, sofreu uma tentativa de assalto na qual funcionários e usuários foram rendidos por três homens armados. A tentativa foi frustrada por comunitários que perceberam a movimentação e renderam os assaltantes. Durante o incidente, dois assaltantes foram baleados e um deles foi a óbito no local. A unidade permaneceu fechada por alguns dias e nesse período a equipe, conjuntamente com o Distrito de Saúde, por meio de psicólogos e gestores, realizou um trabalho de apoio mútuo e ressignificação do trabalho. A equipe retornou à unidade em respeito à comunidade que esteve a seu lado no momento de crise, com disposição para retornar às atividades regulares. Em outubro, houve uma grande mobilização dos comunitários e profissionais da unidade, que disponibilizaram recursos humanos e financeiros para realizar ações de cunho social e recreativo. Foram realizadas coleta de preventivo, corte de cabelo, design de sobrancelha, limpeza de pele e assessoria jurídica. As atividades foram finalizadas com uma aula de zumba e distribuição de lanche. IMPACTOS: Devido a características do trabalho na APS, especialmente no que se refere à imersão dos profissionais em comunidades com alto índice de vulnerabilidade e exposição à violência urbana, causas externas de estresse são comuns e podem influenciar o cuidado prestado à comunidade por profissionais expostos a agentes estressores. CONSIDERAÇÕES FINAIS: O desenvolvimento da resiliência da equipe multidisciplinar na APS é uma estratégia de enfrentamento a estressores ocupacionais que também pode ser de grande utilidade quando aplicada em casos de agentes externos como a violência urbana. Contudo, são necessários mais estudos que avaliem a utilização de estratégias de resiliência para estes fim e cenário específicos.

 


Palavras-chave


atenção primária à saúde; resiliência; violência urbana