Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Saúde coletiva e simulação realística: experiência prática em imunização.
Amanda Morais Polati, Vanessa de Souza Amaral, Deíse Moura de Oliveira, Gian Batista do Carmo, Pamela Brustolini Oliveira Rena, Nayara Rodrigues Carvalho

Última alteração: 2018-01-26

Resumo


Apresentação: O estágio em ensino é uma disciplina frequentemente ofertada nos cursos de pós-graduação stricto sensu como uma forma de capacitar os alunos para que possam exercer a profissão de educadores em ensino superior no Brasil. O objetivo da disciplina é uma troca de saberes e práticas entre o educador, aluno da pós graduação e alunos da graduação para que possa vivenciar/experienciar o contexto sala de aula. Com o atual questionamento das metodologias tradicionais de ensino e as novas exigências de mudança deste padrão, as metodologias ativas de ensino-aprendizagem vêm tomando conta do cenário do educar. A simulação realística é uma estratégia utilizada como norteadora de união da situação real, raciocínio clínico e pautada na busca para a resolução do problema. Unindo o estágio em ensino como ferramenta de formação profissional e a simulação realística como possibilidade de intervenção, alunos do mestrado profissional em ciências da saúde desenvolveram uma prática com a temática, “imunização em saúde”, com o objetivo de promover o ensino/aprendizagem para alunos que cursaram a disciplina Saúde Coletiva II em uma universidade pública do interior de Minas Gerais. Objetivo: promover ensino sobre imunização tendo como eixo norteador a metodologia ativa - simulação realística. Desenvolvimento do trabalho: A intervenção foi planejada para ser aplicada em aula prática com a temática “imunização em saúde”, contemplando graduandos em enfermagem do sexto período. Após a explanação em aula teórica sobre a temática, ocorreu em dias diferentes, seguindo a sequência, aula teórica e depois aula prática. A disciplina contou com 42 alunos no total, sendo divididos em 4 grupos de 10 a 12 alunos por prática ,a mesma efetivou-se em um laboratório de simulação perfazendo uma carga horária de 04 horas por prática. O grupo de elaboração desta simulação contou com duas professoras da fraduação e três alunos cursando a disciplina de estágio em ensino na pós-graduação. Dividida em três momentos distintos, porém interligados onde cada momento ocorria em um ambiente denominado “estação prática”. O primeiro momento abordou a temática “rede de frios”, o segundo “conferência e registo de cartão vacinal” e o terceiro “administração de imunobiológico”. Com as três áreas temáticas foram possíveis à abordagem dos principais eixos de armazenamento e condicionamento de imunobiológico; calendário vacinal (checagem e registro) e preparo/administração de um imunobiológico. A primeira estação apresentou como deve ser o correto armazenamento e condicionamento de um imunobiológico (vacinas) em uma geladeira em rotina de uma sala de imunização, seguindo o manual de normas e procedimentos em imunização do Ministério da Saúde de 2014. Metade do grupo (seis alunos) deparavam se com uma geladeira e numa bancada os recipientes de vacinas (frasco, ampola, bisnaga – ambos simulados) com pelo menos uma amostra para cada vacina, conforme preconizado pelo calendário vacinal atualizado (2017), termômetro de geladeira, gelox, caixas térmicas e recipientes para dispor os frascos. O grupo foi convidado a montar uma geladeira e uma caixa de transporte de condicionamento de vacinas, conforme as normas nacionais, durante essa montagem recebiam a visita de um ator - fiscal da vigilancia sanitária- que cobrava a regulamentção da mesma. Foram distribuídos 40 minutos no total, 25 para a montagem e 15 para a discussão e fechamento. Após o termino, o condutor da intervenção discutiu junto ao grupo, a correta forma de montagem, dialogava sobre as dúvidas que surgiram durante o processo. Finalizado o primeiro momento, este grupo se encaminhou para a segunda estação, enquanto a outra metade iniciava o primeiro momento (rodizio). A segunda estação teve o objetivo trabalhar o calendário vacinal na perspectiva da conferência do cartão e registro vacinal. Foram formulados cinco casos clínicos distintos para que os alunos fossem convidados a refletir sobre o atual estado vacinal do cliente e quais condutas seriam tomadas, contemplavam a simulação do cartão de uma criança, um adolescente, um adulto, um idoso e uma gestante. Para cada caso, uma problemática foi criada e os alunos eram indagados sobre a situação vacinal atual, quais vacinas poderiam ser administradas, como seria realizado, o registro da vacina atual , do agendamento das próximas vacinas, via cartão e outas indagações pensando na problematização da realidade. Neste momento, os alunos se sentaram em círculos, após a leitura, o grupo analisava e pautava qual intervenção, com base na melhor tomada de decisão. O tempo foi 60 minutos para discussão dos casos e propostas de cuidado prescritas. Ao passar pela terceira estação, cada dupla de alunos que compõem o grupo, escolheu um caso para preparar e administrar a vacina que foi abordado pelo momento anterior. O objetivo foi trabalhar o preparo de um imunobiológico e sua administração. O laboratório onde aconteceu a intervenção possuía manequins humanos para simulação (homem, mulher, idoso, criança e recém-nascido) para que os alunos pudessem delimitar o local correto e realizar a técnica de aplicação conforme preconizado. Também no laboratório, uma bancada com seringas e agulhas diversas, álcool 70%, algodão, descarpax e luvas foi montada para que todo o processo realístico pudesse ocorrer. Cada dupla, baseado no caso escolhido, selecionou os materiais necessários para a imunização, o imunobiológico na caixa térmica conforme preparado no primeiro momento e então realizava a no manequim humano disponível. Resultados e discussões: Ao final dos três momentos, os alunos experiênciaram o cotidiano básico de uma sala de imunização e puderam não somente visualizar, mas também, práticar todo o seu processo, perpassando pelo armazenamento e condicionamento; conferência e registo; preparo e administração de um imunobiológico. Ao experenciar esse processo, a simulação realistíca permite aprendizagem de competências técnicas e comportamentais, pois vivenciam situações de liderança, autonomia, proatividade, avalia conhecimento, reforça pontos fortes e identifica oportunidade de melhorias, oportunizando assim ao processo formativo corrigir falhas e dúvidas de forma segura e eficiente. A partir do processo de construção desta estratégia de intervenção em ensino, foi compreendida que a metodologia ativa de ensino-aprendizagem é uma alternativa viável, potente e inovadora, pois a simulação realística aproxima o aluno da realidade e faz com que sua prática seja tecida de forma palpável, factual e legítima com o cotidiano.  Considerações finais: Ao observar a construção desta intervenção é possível mencionar a dificuldade em encontrar na literatura nacional, modelos que pudessem auxiliar na modelagem desta prática e o atual modelo estrutural de nossas universidades públicas, que muitas vezes não possuem professores suficientes (quantitativamente e qualitativamente) para este tipo de intervenção, além das estruturas físicas que não propriciam espaços amplos que favorecam. Podemos salientar como ponto forte desta prática, que o protagonizar experiências dessa natureza no processo formativo estimula o raciocínio do ensinar sob uma nova prespectiva de (re) modelagem do ensino. Os desafios encontrados na literatura, na estrutura e na efetivação do plano de aula, fez com que muitas nuances emergissem sobre o processo de ensinar a aprender e aprender a ensinar, tornando a disciplina de estágio em ensino, um espaço de construção, desconstrução e reconstrução do Ser educador.


Palavras-chave


Saúde Pública; Imunização; Educação em Enfermagem.