Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
Tamanho da fonte: 
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE ADOLESCENTES ATENDIDAS NO PRÉ-NATAL DE UMA UNIDADE DE REFERÊNCIA NO INTERIOR DA AMAZÔNIA
Andreza Dantas Ribeiro, Brenda dos Santos Coutinho, Renan Fróis Santana, Simone Aguiar da Silva Figueira

Última alteração: 2017-12-22

Resumo


Apresentação: A Organização Mundial da Saúde (OMS) confere à adolescência a faixa etária entre 10 e 19 anos, enquanto para o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), são consideradas nessa categoria, as pessoas entre 12 e 18 anos de idade. Sabe-se que a adolescência atravessa uma fase repleta de transformações, caracterizada por modificações corpóreas e o surgimento de sensações e necessidades sexuais, o qual ocorre, em geral, o primeiro coito. Assim, a gravidez na adolescência está associada a fatores como o não uso ou a utilização de forma incorreta de métodos contraceptivos, inicio precoce da puberdade ou até mesmo o desconhecimento dos conceitos básicos de reprodução. No qual, afora as consequências negativas sociais para a gestante, bem como, seu parceiro, traz riscos materno-fetais aumentados, em especial, para a doença hipertensiva específica da gravidez (DHEG), prematuridade, baixo peso ao nascer, dentre outras complicações inerentes ao período pré-parto, parto ou pós-parto. A partir disso, tendo-se visualizado a incidência de adolescentes grávidas no serviço de pré-natal de uma unidade de referência no município de Santarém, estado do Pará, houve o interesse em conhecer o perfil epidemiológico e clínico dessas gestantes. Desenvolvimento do trabalho: Trata-se de uma investigação exploratória, descritiva, retrospectiva com o uso da análise documental em uma abordagem quantitativa. O estudo foi realizado em uma unidade de referência localizada no município de Santarém, estado do Pará, cuja oferece o atendimento de pré-natal de alto risco, atendendo gestantes de diferentes faixas etárias e, dentre estas, adolescentes da região do baixo Amazonas e Tapajós do Oeste do Pará. O pré-natal na unidade é realizado através de consultas intercaladas entre a enfermeira obstétrica e o médico obstétrico, podendo haver a participação de outros profissionais, a depender da necessidade, como nutricionistas. Para o levantamento de dados foram utilizados os prontuários das gestantes acompanhadas pela respectiva unidade a partir de um instrumento de coleta que compreendia variáveis demográficas e econômicas (idade, estado civil, renda familiar, ocupação, munícipio de procedência); hábitos de vida (tabagismo e etilismo); antecedentes ginecológicos (menarca, sexarca, existência de parceiro fixo, histórico de infecção sexualmente transmissível – IST, utilização de métodos contraceptivos, realização do exame preventivo de câncer de colo uterino – PCCU); antecedentes obstétricos (quantitativo de gestações, partos e abortos e intercorrências de gestações anteriores) e gestação atual (inicio do pré-natal, motivo de encaminhamento e desfecho gestacional). A coleta foi realizada de outubro a novembro de 2016, das fichas de gestantes adolescentes assistidas no pré-natal no período de janeiro a novembro de 2016. Os dados foram tabulados no software Excel 2013, e analisados através do método de estatística descritiva. Foram considerados os aspectos éticos da pesquisa envolvendo seres humanos, de acordo com o disposto na resolução 466/12, dessa forma, os documentos foram agrupados e previamente codificados para evitar a identificação das pacientes. Resultados e/ou impactos: Durante o período de busca estabelecido, foi atendido no serviço um total de 85 gestantes, destas, 20% eram adolescentes, na faixa etária de 14 a 19 anos de idade, média de 17,2 ± 1,8. Referente ao estado civil, 47,1% eram solteiras; 29,4% não tinham essa informação no prontuário e 23,5% tinham união estável. A renda familiar foi de 0 a 3 salários mínimos em 29,4% das que tiveram essa informação no prontuário, pois 70,6% não a tinham. No que condiz a ocupação, em 70,6% não tinham o registro dessa variável; 23,5% eram estudantes e 5,9% do lar. Quanto à procedência, 82,4% eram do município de Santarém – PA, localidade da unidade de atendimento e 17,6% eram advindas de municípios vizinhos. Relativo ao hábito de fumar ou ingerir bebidas alcoólicas, no primeiro, apenas 5,9% tinham o hábito e, no segundo todas informaram não fazer uso, respectivamente. Quando buscados os antecedentes ginecológicos destas, a idade da menarca variou de 10 a 15 anos, média de 12,4 ± 1,5, já da sexarca/coitarca, o intervalo foi de 12 a 17 anos, média de 14,3 ± 1,5. O intervalo entre a menarca e a coitarca foi de 0 a 4 anos, média de 1,8 ± 1,2. No que diz respeito a possuir parceiro fixo, 29,4% tinham e 70,6% não tinham tal variável respondida. Todas as gestantes negaram histórico de IST. Apenas 5,9% faziam uso de métodos contraceptivos, sendo utilizado o de barreira. Respectivo à realização do exame de PCCU, 58,8% nunca fez; em 23,5% não continha a informação e 17,6% haviam feito há menos de 1 (um) ano. Relacionado aos antecedentes obstétricos, 70,6% estavam na primeira gestação e 29,4% já haviam tido outro período gestacional, destas, 23,5% estavam na segunda gravidez e 5,9% na terceira. Das que já tinham tido outra gestação, em 50% ocorreram abortos. Como intercorrências de gestações anteriores, em 50% ocorreram abortos; infecção urinária em 16,7%; obesidade em 16,7% e não houve nenhuma complicação em 16,7%. Vale ressaltar que por se tratar de um serviço de pré-natal de alto risco, as gestantes atendidas são portadoras de condições de risco. No tocante à gestação atual, 58,8% iniciaram o programa de pré-natal no segundo trimestre; 23,5% no terceiro e apenas 17,6% no primeiro. Como motivo de encaminhamento destas ao serviço de referência, 47,1% não teve a razão explicitada e em 52,9% sim. Destas que tiveram o motivo explanado, a ficha de seleção de risco gestacional do estado do Pará foi utilizada em 66,7% dos casos como guia para o referenciamento. Esta ficha envolve diversas variáveis, cada uma contendo uma determinada pontuação, sendo que a partir dessa pontuação é visualizado em qual grupo de risco se encaixaria essa gestante, o que é tomado pelos profissionais de saúde como base para a necessidade de encaminhamento a um serviço especializado. Em 33,3% dos casos não foi utilizada a ficha como meio, sendo que destes, como motivo, em 11,1% foi devido a gestante ser portadora de tuberculose; 11,1% por hipertensão e sobrepeso e em 11,1% por histórico de aborto. Quanto ao desfecho da gestação, houve o nascimento do recém-nascido sem intercorrências maternas ou fetais em 88,2% dos casos, a ocorrência de circular de cordão umbilical em 5,9% e uma morte neonatal devido à prematuridade extrema em 5,9% da amostra. Considerações finais: O estudo possibilitou caracterizar as gestantes atendidas pela unidade, no período respectivo, observando a incidência de primigestas, de estado civil solteiro, com renda familiar baixa, com menarca e coitarca precoces e que estão suscetíveis a determinado fator de risco, de acordo com suas particularidades, o qual deve ser destacado nas consultas subsequentes. Dessa forma, conhecer a realidade em que a gestante se encontra direciona as ações do pré-natal pelos profissionais de saúde, contribuindo para uma atenção individual e qualificada que interfere diretamente na saúde materno-fetal. Salienta-se, ainda, a presença de subnotificações durante a pesquisa, evidenciado pelas lacunas no preenchimento do registro de algumas variáveis da ficha do pré-natal utilizada na unidade. Logo, o enfermeiro e a equipe multiprofissional devem estar cientes da importância de se considerar todos os aspectos que interferem no contexto da gestação a fim de realizar uma investigação integral com enfoque na identificação de riscos e prevenção de complicações, principalmente inerentes ao período da adolescência.


Palavras-chave


Gravidez na adolescência; Atenção primária à saúde; Assistência de enfermagem