Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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ANÁLISE DA PERCEPÇÃO DOS ENFERMEIROS A RESPEITO DA EDUCAÇÃO CONTINUADA
Cledson de Oliveira Lopes Filho, Felipe Lima dos Santos, Felipe Lima dos Santos, Lilyan Lisboa de Oliveira Saraiva, Lilyan Lisboa de Oliveira Saraiva, Ana Carolina Scarpel Moncaio, Ana Carolina Scarpel Moncaio

Última alteração: 2018-01-25

Resumo


APRESENTAÇÃO

As ferramentas educacionais têm recebido bastante atenção na busca por melhoria dos indicadores de qualidade dos serviços hospitalares, como por exemplo, a temática segurança do paciente. No contexto das práticas profissionais, as intervenções educativas têm sido bastante discutidas e aplicadas no próprio ambiente de trabalho, entre elas podemos citar a educação continuada, educação em serviço, educação em saúde e educação permanente. Inserida neste cenário, a pesquisa se torna uma ferramenta fundamental para a colaboração do desenvolvimento deste processo educacional, pois auxilia na qualificação e validação das práticas, transformando e aprimorando novas ideias e possibilitando mudanças necessárias. O objetivo deste estudo foi abordar a concepção de educação continuada, por meio da análise da percepção dos enfermeiros de um hospital de ensino sobre este processo.

DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO

Esta pesquisa é de natureza qualitativa, que teve por finalidade a obtenção de dados descritivos e analisar a percepção de 18 enfermeiros assistenciais de um hospital de ensino localizado na cidade de Manaus, Amazonas. A obtenção dos dados foi mediante ao contato direto com os participantes da pesquisa por meio de entrevista semiestruturada e, posteriormente, ocorreu a transcrição do discurso para a análise dos dados. Foi possível compreender as percepções, opiniões e significados sobre a Educação Continuada através do método de Análise de Conteúdo, modalidade temática, a qual organiza, categoriza recortes e palavras presentes no discurso permitindo a elaboração dos temas prevalentes na entrevista.

RESULTADOS E/OU IMPACTOS

Os dados coletados foram organizados e separados por quatro blocos discursivos, categorizados de acordo com a frequência das respostas obtidas. No início da entrevista buscou-se identificar o perfil sociodemografico dos 18 enfermeiros participantes dos quais, 7 já possuíam experiência como técnico de enfermagem e 11 estavam na primeira experiência profissional. Todavia, maioria já possuía algum tipo de especialização, prevalecendo os especialistas em urgência e emergência, um total de 12 enfermeiros. As demais especializações eram em unidade de terapia infantil, unidade de terapia adulta, obstetrícia, administração hospitalar, auditoria, centro cirúrgico e cardiologia.

O tempo de trabalho na instituição, conclusão da graduação e experiência eram muito variáveis e a maioria dos sujeitos eram compostos por mulheres, sendo apenas dois do sexo masculino. “Educação continuada”, “educação em serviço”, “aprimoramento profissional” e “segurança do paciente”, foram os blocos discursivos elaborados, analisados e discutidos. Os enfermeiros foram identificados de E1 a E18.

Educação Continuada

Quando abordados sobre o tema Educação Continuada, a frequência de recortes que relacionavam Educação Continuada com ATUALIZAÇÃO foi prevalente em maioria dos discursos, o que nos remete, mediante a análise, que a educação é um processo contínuo e dinâmico na construção do conhecimento individual e coletivo. Diante disso, a Educação Continuada torna-se uma ferramenta importante no âmbito hospitalar.

[...]nossa área está sempre se atualizando e a gente precisa dessa atualização (E3).

[...]. É importante em toda instituição, ... a gente esquece das coisas... E nossa profissão é baseada na ciência, é uma profissão cientifica, então a gente tem que se atualizar sempre (E18).

No discurso, tais definições se enquadram no conceito que rege a educação continuada, onde segundo a OPS, o objetivo é proporcionar a atualização e capacitação das pessoas e grupos. O desenvolvimento profissional é uma das abordagens da educação continuada, que proporciona o aprimoramento profissional, treinamento, cursos e palestras, fundamentados cientificamente e ministrados por profissionais qualificados para a tarefa.

Educação em Serviço

Por educação em serviço, compreendem-se ações educacionais dentro do ambiente de trabalho, que se relacionam com os interesses da instituição e buscam eficácia na assistência ao paciente. Foi possível identificar nos discursos, que os enfermeiros relacionam as atividades educativas como responsabilidade de um setor específico do hospital, que consiste em planejar ações e executá-las com o objetivo de garantir a atualização dos funcionários relacionada às ciências da saúde.

[...] Eu acho de extrema importância e o hospital... Sempre tem aqui palestras, mini cursos (E1).

[...] São interessantes, mas eu acho que... É mais a teórica, aquela aula de slide. Acho que se tivesse uma prática seria mais interessante (E9).

Os enfermeiros demonstram interesse em participar das atividades e palestras propostas pelo setor de educação continuada, permitindo a qualificação no próprio ambiente de trabalho, que é a proposta da educação em serviço. Diante dos argumentos, acredita-se que a execução de ações educativas como palestras e cursos não são suficientes e atrativas, é necessário um planejamento e elaboração a partir de problemas potencias encontrados na equipe e rotina do serviço.

Aprimoramento Profissional

Um dos sentidos que compõe o termo educação continuada é o aprimoramento profissional. É perceptível que os enfermeiros abordados atrelam o termo a treinamentos, minicursos e palestras na busca atualizações e mudanças tanto individuais quanto coletivas, estas concepções estão inseridas nas abordagens de educação continuada.

[...] então, eu percebo que infelizmente na área da saúde são poucas as pessoas que se dispõem a essas capacitações, a essas reciclagens... é interesse do profissional de ir atrás, mas se tem o serviço de educação continuada no hospital, sim, tem o seu compromisso também de oferecer estas questões (E1).

Desenvolver e aprimorar as habilidades cognitivas faz parte do princípio evolutivo do indivíduo que busca constantemente acompanhar e adaptar-se às constantes mudanças ao seu redor. As práticas educativas estimulam o crescimento profissional, já que o meio científico não é estático e diante desta dinâmica os profissionais expressam os resultados das ações educativas dentro do serviço.

Segurança do Paciente

O tema segurança do paciente tem sido alvo de abordagem em muitas discussões, levando em consideração que no ambiente hospitalar o cliente está suscetível a redução e/ou atenuação de atos que culminam no emprego de boas práticas com a intenção de ter bons resultados. Isso tudo depende da perícia dos procedimentos realizados. Durante a entrevista os enfermeiros foram questionados se realizavam com sua equipe alguma atividade educativa e as respostas foram as seguintes:

[...] sempre trago o computador, sempre falo alguma coisasinha com eles, mostro alguma coisa, duvida de eletro essas coisas assim bem básicas (E18).

Os enfermeiros relataram episódios comuns na rotina hospitalar, onde os componentes da equipe realizavam a troca de informações em busca de capacitação para um trabalho específico visando adquirir, cumprir e aumentar sua competência. Estas ações não só possibilitam eliminação de dúvidas que culminam em procedimentos técnicos inadequados, como melhora a qualidade da assistência, a acreditação hospitalar e estreita os laços afetivos e melhora o relacionamento entre a equipe profissional.

CONSIDERAÇÃO FINAIS

Concluímos que a maioria dos profissionais reconhece e participa das atividades educativas no âmbito hospitalar; no entanto, uma parcela pequena, porém significativa, relata que as intervenções e atividades são insuficiente ou não são atrativas. Observamos que o setor de educação continuada disponibiliza minicursos e palestras, no entanto há a necessidade de maior planejamento. Além disso, poucos enfermeiros se disponibilizavam a realizar alguma medida educativa para atualização de sua equipe, isto nos mostra um risco potencial para a segurança do paciente, o objeto do cuidado. Esta situação demonstra que para a melhoria do serviço, não basta apenas a divulgação de palestras aleatórias, é necessário uma investigação e levantamento das problemáticas dos serviços com atenção destinada a um público alvo. Vale ressaltar a necessidade de incentivos ao enfermeiro como profissional educador de sua equipe a fim de garantir um serviço de enfermagem com qualidade.


Palavras-chave


Educação em enfermagem; educação continuada, educação permanente