Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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ITINERÁRIOS TERAPÊUTICOS DE PESSOAS COM HANSENÍASE
Eliziane Oliveira de Lima, Roberta Maia Duarte Barakat, Mayana de Azevedo Dantas, Maria Rocineide Ferreira da Silva

Última alteração: 2017-12-26

Resumo


INTRODUÇÃO- A hanseníase é uma doença infecciosa, crônica que permanece como um grave problema de saúde pública no Brasil. É causada por uma bactéria denominada Mycobacterium leprae, que atinge pessoas de todas as idades, transmitida por meio de uma pessoa doente e sem tratamento, principalmente aquelas na faixa etária economicamente ativa e atinge pele e nervos. Os sinais e sintomas mais evidentes são lesões, alteração de sensibilidade, câimbras, dores musculares, espessamento de nervos, limitações na visão, marcha com dificuldade e encurtamentos de nervos, músculos e articulações (SILVESTRE, 2011). O diagnóstico da hanseníase é basicamente clínico e deve ser realizado essencialmente nos serviços de Atenção Básica de Saúde, por meio do exame dermatoneurológico, a partir dos sinais e sintomas com o objetivo de identificar lesões ou áreas de pele com alteração de sensibilidade e/ou comprometimento de nervos periféricos. No entanto, esse conhecimento da hanseníase na maioria das vezes, não é tão fácil, pois a patologia tem seu quadro clínico confundido com diversas dermatoses, tornando o diagnóstico tardio e resultando no agravamento da doença (BRASIL, 2002). Por meio dos itinerários terapêuticos, o usuário descreve os fatos ocorridos e as várias escolhas que fez ao longo desse percurso em busca do diagnóstico e tratamento e as redes de cuidado identificadas nesse processo. OBJETIVOS- Compreender o caminho percorrido pelo usuário do sistema único de saúde na sua busca por tratamento da doença. METODOLOGIA – Trata-se de uma revisão integrativa da literatura sobre o assunto nas bases de dados disponíveis. Foi realizada uma busca pareada nas bases de dados Lilacs, Scielo, Medline e catalogo de Teses e Dissertações, sem delimitação temporal das publicações. Foram utilizados os descritores: itinerário terapêutico (que apesar de não ser um descritor reconhecido foi sensível para a busca) e hanseníase. Para sistematizar as buscas, foram utilizados os operadores booleanos assim descritos: itinerário terapêutico AND Hanseníase, foram identificados 66 estudos. A construção desta revisão integrativa cumpriu criteriosamente as seis etapas descritas por (Souza et al, 2010). Os critérios de inclusão utilizados foram: estudos sobre itinerários terapêuticos de pessoas com hanseníase, disponíveis na íntegra, em língua portuguesa, espanhola e inglesa. Foram excluídos os estudos de revisão. A seleção dos estudos foi realizada nos meses de setembro e outubro de 2017. Conforme a busca e o tipo de estudo, nos resultados e discussão utilizaram-se apenas 07 artigos na análise. Como critérios de elegibilidade para a escolha dos estudos foram considerados: tratar do itinerário terapêutico como meio para compreender o adoecimento da pessoa com hanseníase. RESULTADOS - Sobre a caracterização e descrição dos estudos, os artigos, teses e dissertações apresentam tipos de abordagens diversificadas para estudar a hanseníase nas diversas regiões do país, em diferentes contextos e populações. Quanto ao delineamento dos estudos, foram identificados: 04 estudos transversais com abordagem quantitativa, 01 estudo de caso controle e três estudos que valorizavam a abordagem qualitativa, envolvendo as narrativas da compreensão do adoecimento por hanseníase. Dos estudos, quatro foram dissertações de mestrado com defesas entre os anos de 1999 a 2012 e uma tese de doutorado, já os artigos apresentaram publicações entre os anos de 2001 a 2017.  A revisão integrativa mostra uma quase inexistência de estudos que abordem o itinerário terapêutico vivenciado por pessoas com hanseníase, que poderiam ajudar, na compreensão dos fatores que contribuem para o diagnóstico tardio, e que mostre a experiência da enfermidade, pois a literatura aponta a maior parte dos estudos sobre hanseníase que trabalham com dados secundários de cunho epidemiológico, estudos experimentais, genéticos e imunológicos. De acordo com estudos de (Martins &Iriart, 2014) e as narrativas dos usuários a hanseníase tem como sinais e sintomas: manchas (mancha de verme, mancha de sol, impingem, pano branco, manchas avermelhadas), podendo ser manchas descamativa. Já a Lepra, é referida como doença que comem partes do corpo (nariz, orelhas), mutilações de extremidades do corpo (dedos, pé, mão,) que começam com caroços. E essas feridas crônicas que doem como ferroadas, podem começar por feitiço. Os estudos descrevem que a apreensão dessas narrativas e discursos só é possível por meio dos itinerários terapêuticos, onde o pesquisador conhece as escolhas realizadas pelos doentes e seus familiares na busca por tratamento nas demais práticas que envolvem a doença, valorizando a forma como os indivíduos constroem o sentido para suas experiências a partir do repertório simbólico de sua sociedade e o meio onde está inserido (RAYNAUT, 2001). Nos últimos anos, ainda se observa uma tendência de crescimento da endemia, tal fato, pode se dar pela falta de conhecimento da maioria das pessoas sobre a doença como são descritos nos estudos. Esses mostraram que a maioria dos sujeitos desconhece a forma de transmissão da hanseníase, como é o tratamento, entre outras situações. Essa realidade apresentada colabora para o entendimento sobre a frequência da classificação operacional dos casos notificados, onde há um predomínio de casos multibacilares (presença de muitos bacilos) em relação aos de paucibacilares (com poucos bacilos), indicando que os serviços de saúde estão diagnosticando a hanseníase tardiamente (CARNEIRO et al., 2017). As referências encontradas mostraram ainda que, a maioria dos casos, quando diagnosticados, o modo de detecção é por demanda espontânea ou exame de contatos (a partir de um doente identificado) e não por busca ativa em exame de coletividade. Visualizou-se que a escolaridade das pessoas acometidas por hanseníase, era baixa, pois em uma população 83% dos entrevistados estudaram até a antiga sétima série do ensino fundamental e 17% não tinham escolaridade (LINS, 2011). CONSIDERAÇÕES FINAIS - Dessa forma, por meio dos resultados dos estudos analisados, fica evidente que para o combate e controle da hanseníase é imprescindível que se conheça a compreensão que os usuários têm da doença, assim como as interpretações e as práticas dos mesmos ao se depararem com ela, culminando em uma relação entre profissionais da saúde e a população local. O sucesso dessa relação contribui para o controle da epidemia, mas, sobretudo para implicar trabalhadores na defesa da qualidade de vida de sujeitos acometidos por esse agravo e/ou situações semelhantes que precisam de enfrentamentos precoce.

 


Palavras-chave


Palavras Chave: Itinerário Terapêutico, Hanseníase, Diagnóstico