Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
Tamanho da fonte: 
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE PACIENTES EM TRATAMENTO NO CAPS ÁLCOOL E DROGAS.
Paula Monick Silva Castro, Silvio Eder Silva, Letícia Karla Ferreira Góes, Rennan Coelho Bastos, Kevin Christian do Carmo Rodrigues

Última alteração: 2017-12-28

Resumo


INTRODUÇÃO: Um dos grandes problemas de saúde pública atualmente é o uso de drogas entre adolescentes e jovens, esta tribulação já se reverbera desde a década de 60 por conta de problemas causados por fatores psicológicos e sociais. O usos de drogas causam também graves prejuízos à saúde sendo este geralmente desencadeado pelo consumo excessivo. O debate tem se intensificado em diversos meios não somente para mensurar efeitos devastadores no usuário que acaba por perder sua qualidade de vida, produtividade, interação social dentre outros mais também devido ao grande mercado da obscuridão que as drogas movimentam aumentando os indicies de marginalidade e criminalidade. As representações sociais vêm com a proposta de designar uma forma de pensamento social e as ideias que levam as pessoas a compreender as diferentes ações que realizam.  OBJETIVO: Caracterizar as representações sociais de dependentes químicos em abstêmios sobre as drogas; e analisar as representações sociais de dependentes químicos abstêmios sobre as drogas. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo do tipo descritivo, uma vez que se pretende conhecer a comunidade de dependentes químicos abstêmios, seus traços característicos, e seus modos de vida frente ao vicio das drogas. Utilizou-se a abordagem qualitativa, já que esse tipo de pesquisa reconhece como ciência o conhecimento do subjetivo do indivíduo, sua transmissão e repercussão até a formação do senso comum de uma população. O estudo tem como aporte teórico conceitual a Teoria das Representações Sociais criada por Serge Moscovici, sendo definida como uma modalidade de conhecimento particular que tem como função a elaboração, divulgação e familiarização de conhecimentos entre indivíduos. O trabalho apoia-se em fontes primária constituídas pelos depoimentos de 30 dependentes químicos abstêmios produzidos a partir de entrevista semi-estruturada e da técnica de associação livre de palavras. Para assegurar o anonimato dos sujeitos do estudo, os mesmos foram codificados pela letra E e números de 1(um) a 30 (trinta). Os participantes foram voluntários que frequentavam a Casa Mental Álcool e Drogas (Casa AD) e um Centro de Apoio Psicossocial (CAPSAD) que atende exclusivamente dependentes químicos que adquiriram transtornos mentais pelo uso de álcool e drogas, da cidade de Belém - PA. Antes de proceder à coleta dos dados, foi obtido o aceite formal da Secretaria Municipal de Saúde e Meio ambiente (SESMA) consolidado pela assinatura do documento de autorização, juntamente com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Esse Termo atende à Resolução nº 196, de 10 de outubro de 1996, do Conselho Nacional de Saúde, a qual regulariza e normatiza a pesquisa envolvendo seres humanos. Asseguramos o respeito ao anonimato e à liberdade para se retirarem da pesquisa e receberem todo o material produzido. RESULTADOS E DISCUSSÃO: A percepção primordial da pesquisa está ligada ao fato que os pacientes atendidos pela casa AD, não se reconhecerem como viciados, mas se admitirem como dependentes. A casa AD propicia aos indivíduos que anseiam por uma melhora na qualidade de vida e não se encontram aptos a abstinência total o processo de redução de danos em que eles não cessam o consumo, mas o diminuem ou substituem por uma substância mais fraca. Os pacientes da casa AD são separados em três categorias de acordo com seus objetivos: os primeiros são os que vieram por motivação própria e realmente querem vencer a abstinência; os segundos estão no tratamento por motivação de outrem e foram indicados/ encaminhados por profissionais, familiares, amigos; os últimos querem melhorar a qualidade de vida podendo optar pela abstinência completa ou redução de danos. O preconceito direcionado a este grupo é muito forte, esta é uma realidade que se mantém mesmo diante de fatos que contradizem este preconceito. Este sentimento de exclusão e indiferença por parte do restante da sociedade se mostrou presente em todos os relatos. Moscovici refere que existem três sistemas que possibilitam o surgimento das representações sociais: a difusão (evidência os sentidos diferentes dados para o objeto na sua circulação), a propagação (define a tomada de posição do grupo podendo ser positiva ou negativa) e a propaganda (a forma de comunicação). Os sujeitos pesquisados passaram a ter sentimentos contrários ao consumo de drogas depois de ingressarem na casa AD, isso se deve ao fato de terem iniciado a representar a dependência química como doença que tem como agente causador às drogas, a consequência disso é que o paciente vai desejar ainda mais alcançar abstinência de drogas. No que se refere ao estereótipo, este constitui a base cognitiva do preconceito, e que é utilizado para se referir à imputação de certas características a pessoas pertencentes a determinados grupos, aos quais se atribuem determinados aspectos típicos. Destacamos que o estereótipo é uma forma de nos livrarmos do excesso de informações que nos são repassadas, este serve para simplificar nossa visão de mundo. O estereótipo de dependente foi adotado pelos participantes do estudo devido concordar com o atual estado de dependência e abstinência de drogas. Esse novo estereótipo permite que eles se desvinculem da imagem de viciados e todos os atributos negativos que ela carrega como: preconceito e discriminação, os pacientes fazem isso na tentativa de incorporar para si uma nova realidade. Foi percebido no transcorrer desta unidade que a emergência de uma nova representação das drogas, ao ser difundida pelo grupo, favoreceu para uma nova opinião que era contra o uso das drogas. A alteração destes componentes contribui para uma mudança de atitude, que consiste a uma modificação duradoura do afeto pró ou contra o objeto social. Já na fase de propagação, ocorreu uma mudança de atitude que culminou no fim do comportamento de consumir de forma excessiva, que eles chamam de redução de danos, contribuindo assim, na fase de propaganda à formação de um novo estereótipo – a do Dependente abstêmio. CONSIDERAÇÕES FINAIS: O estudo possibilitou enxergar às diversas dificuldades das pessoas em situação de drogadição à maior delas podemos colocar como sendo à exclusão social que uma pessoa denominada drogada pela sociedade sofre. Esses pacientes rejeitam para si esses termos: drogado, viciado e após o início do tratamento se sentiram mais confortáveis em refazer suas representações sociais sobre o vício e se identificar como dependente já que para eles o dependente é alguém que está lutando para sair do vício, está lutando pela abstinência.


Palavras-chave


saúde mental; enfermagem; entorpecentes