Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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ADESÃO AO TRATAMENTO DA HIPERTENSÃO EM PACIENTES COM COMPLICAÇÕES CARDÍACAS
Francisco Ariclene Oliveira, Yara Fernandes Barbosa, Luciana Catunda Gomes de Menezes, Manuela de Mendonça Figueiredo Coelho, Aviner Muniz de Queiroz, Denizielle de Jesus Moreira Moura

Última alteração: 2018-01-26

Resumo


INTRODUÇÃO: A hipertensão arterial sistêmica (HAS), popularmente chamada de pressão alta, afeta a cada dia um número maior de pessoas. Frequentemente associada às alterações funcionais, estruturais e/ou metabólicas, a HAS é uma condição clínica multifatorial caracterizada por níveis elevados e sustentados de pressão arterial que atinge órgãos alvo (coração, rins, encéfalo e vasos sanguíneos) aumentando o risco de eventos cardiovasculares fatais e não fatais. A grande problemática enfrentada tanto pela população quanto pelos profissionais da saúde é a dificuldade na adesão ao tratamento, pois requer mudanças no estilo de vida com vistas à realização do tratamento farmacológico e não farmacológico. Sendo assim, trata-se de uma doença crônica que necessita de uma adesão eficaz ao tratamento para que seja possível evitar as complicações e suas consequências. A não adesão ao tratamento influencia de forma direta na morbimortalidade desses pacientes, ocasionando gastos aos cofres públicos com pessoas que possuem alguma complicação advinda da hipertensão, tornando-se impossibilitadas de retornar ao trabalho e também necessitando de cuidados contínuos. Nesse contexto, surge o seguinte questionamento: Como se dá a adesão ao tratamento dos hipertensos com complicações cardíacas? Conhecer como se dá a adesão ao tratamento, seus fatores dificultadores e potencializadores contribui na melhoria da qualidade de vida desses pacientes, subsidiando o planejamento de estratégias condizentes com as necessidades do indivíduo e oferecendo crescimento profissional ao enfermeiro. Assim, objetivou-se nesse estudo analisar a adesão ao tratamento de hipertensos com complicações associadas. DESCRIÇÃO METODOLÓGICA: Trata-se de um estudo de cunho exploratório e descritivo, com abordagem quantitativa, realizado com uma amostra de 170 hipertensos com complicações, assistidos em um ambulatório de cardiologia. Foram excluídos da amostra os pacientes que, no momento da coleta de dados, apresentaram descompensação clínica que lhes impedissem de participar do estudo. A amostragem foi por conveniência, ou seja, foram coletados dos participantes que estiverem no local, no período de fevereiro a março de 2017, em uma instituição hospitalar de nível terciário de Fortaleza-CE. A referida instituição oferta uma área ambulatorial de assistência cardiológica. Os dados foram coletados por meio de um formulário desenvolvido pelos autores, fundamentado na literatura. O trabalho foi aprovado pelo comitê de ética do Hospital Geral Dr. César Cals de Oliveira sobre n. de parecer: 1.473.900. Ressalta-se que foram seguidos todos os princípios éticos conforme a regulamentação da resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde que regulamenta a pesquisa com seres humanos. RESULTADOS: A faixa etária dos participantes variou de 23 a 84 anos, com uma média 53,25 (DP ± 12,90). Observou-se que 31% dos participantes são considerados idosos, ou seja, têm 61 anos ou mais. Destaca-se também o acometimento precoce da hipertensão, em que 19% das pessoas acometidas encontram-se na faixa etária de 23 a 40 anos. Identificou-se uma baixa escolaridade, haja vista que 4% dos pesquisados são analfabetos e 49% apresentam ensino fundamental completo/incompleto. Com relação ao estado civil, a maioria tinha companheiro, ou seja, 68% das pessoas viviam em união consensual ou eram formalmente casadas. Dentre as ocupações, a maior parte não trabalha configurando-se como aposentados ou pensionistas (38%). Apesar da faixa etária elevada da amostra, identificou-se ainda um percentual elevado de empregos formais (35%). A renda per capita evidenciou uma média de R$ 493,18 (DP=105,6603). Em relação à cor da pele, 80% dos pesquisados declararam-se não brancos. A respeito da procedência, 74% residem na capital, enquanto 26% moram em outros municípios cearenses. O tempo de diagnóstico variou entre 6 meses a 13 anos, sendo que 20% apresentam diagnóstico recente (entre 6 meses e 1 ano). O tempo de atendimento no ambulatório é semelhante ao tempo de diagnóstico. No presente estudo, 28% dos hipertensos não iniciaram o tratamento de imediato, o que pode agravar ainda mais a doença. Os dados sinalizam que está havendo uma conscientização maior sobre a importância da terapia medicamentosa, visto que das 170 pessoas entrevistada apenas 28% demoraram ir à busca do tratamento. Observou-se que todos os sujeitos apresentavam doenças associadas à hipertensão, dentre as principais: 28% das pessoas tinham angina, 21% insuficiência vascular periférica, 23% são obesas. Os demais 28% apresentavam outras doenças. Referente às internações, 16% se submeteram a algum tipo de internação no último ano. Quanto aos motivos apontados, destacam-se a ocorrência de complicações da hipertensão arterial. Referente à frequência do uso da medicação, a grande maioria (95%) refere tomar o medicamento diariamente. Com relação à forma de aquisição da medicação, 55% relataram receber na unidade de saúde, 27% recebem nas farmácias populares e 18% compram. Questionou-se também se havia dificuldade para aquisição dos medicamentos, verificando-se que 52% entrevistados afirmaram encontrar algum tipo de dificuldade, sendo a mais relatada, a falta de medicação nas unidades de saúde e 48% relata que não possui dificuldade, pois a maioria das vezes tem o medicamento disponível. Sobre o consumo de alimentos relacionados à quantidade de sal (cloreto de sódio) ingerido, 93% referem consumir alimentos sem sal, 76 % faz uso de pouco sal. Sobre o consumo de frutas e verduras, 77% afirmam que consomem diariamente; 16 %, às vezes; e, 6% não gostam. Com relação ao consumo de dieta hiperlipídica, 10% informaram que consomem esses alimentos; 38%, às vezes, e 52% não gosta de alimentos gordurosos. A atividade física foi mencionada por 35% pessoas que afirmaram praticá-la regularmente. Dentre as atividades realizadas foram citadas a caminhada, a hidroginástica e a dança (levou-se em consideração nesses percentuais as pessoas que realizam atividade com uma frequência mínima de três vezes por semana). Com relação ao consumo de cigarro e álcool, 9% são tabagistas e 16% mencionaram fazer uso de álcool ocasionalmente. Quanto à realização de alguma atividade estressante, 85% consideram não desempenhar esse tipo de atividade. Em contrapartida, 69% afirmaram não realizar atividades de lazer. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Os resultados encontrados reforçam a importância de ações interdisciplinares que contribuam para o manejo e o controle da hipertensão em pacientes com doenças associadas. Nesse sentido, conhecer o estilo de vida e as rotinas dos hipertensos é importante para prestar uma assistência individualizada e propor uma intervenção em saúde adequada. Limitações foram identificadas durante a execução do estudo, entre elas as entrevistas. As entrevistas em profundidade possuem fatores limitantes que devem ser analisados. Uma das limitações é a não aceitação de participar da pesquisa por que não queriam se expor, há falta de um local adequado para ocorrer a entrevista. Outra limitação identificada é a falta de trabalhos acadêmicos mais atuais que fala sobre adesão ao tratamento da hipertensão, importância da atividade física e seus benefícios para HAS, entre outros temas que apresenta há falta de conteúdos atualizados. Sugere-se com o estudo, que os profissionais de saúde envolvidos possam estar aptos a proporcionar educação em saúde de forma objetiva e simples de acordo com o nível de conhecimento dos hipertensos, minimizando os fatores que influenciam na não ade­são à terapêutica e os estimule a adoção de hábitos saudáveis, otimizando a adesão ao tratamento para a melhoria da sua qualidade de vida e redução da morbimortalidade.


Palavras-chave


Hipertensão Arterial; Adesão ao Tratamento Farmacológico; Calendário vacinal. Enfermagem.