Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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CONCEPÇÕES E PRÁTICAS DE PROFISSIONAIS DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA NA ATENÇÃO À SAÚDE DAS MULHERES
Priscylla Helena Alencar Falcão Sobral, Edméia de Almeida Cardoso Coelho, Mariza Silva Almeida, Nadja Maria dos Santos, Luciana Pessoa Maciel Diniz, Roxana Braga de Andrade Teles, Kelle Caroline Filgueira da Silva, Juliana Freitas Campos

Última alteração: 2017-12-20

Resumo


Apresentação: A educação em saúde é proposta como um dos eixos a nortear as práticas de saúde com perspectiva de reorientar o cuidado à mulher na Estratégia Saúde da Família (ESF). Experiências empíricas com usuárias da ESF mostram que limitações para práticas educativas sistemáticas sempre existiram. A falta de espaços de escuta e reflexão com os diversos grupos, seja por dificuldades inerentes ao processo de trabalho, seja por indisponibilidade profissional, é motivo de constante inquietação e contribui para a manutenção da cultura biomédica nos serviços de saúde. A pesquisa teve como objetivos conhecer concepções e práticas de profissionais da ESF sobre educação em saúde na atenção à mulher e analisar os relatos sob o enfoque da integralidade. Desenvolvimento do trabalho: estudo exploratório, qualitativo, com participação de 14 profissionais da ESF de município no sertão do Estado de Pernambuco, Brasil, no período de Outubro de 2014 a Dezembro de 2015. O material empírico foi produzido por meio de Oficina de Reflexão, desenvolvida pelas etapas: apresentação e integração; desenvolvimento do tema; socialização das experiências; síntese; avaliação; descontração e relaxamento. Utilizou-se um gravador de voz para registro dos discursos e o material produzido foi tratado e analisado pela técnica de Análise de Discurso por Fiorin. Resultados: na realidade estudada, ações educativas participativas não encontram espaço nas práticas de saúde direcionadas às mulheres e sua inexistência parece não afetar o modelo que sustenta o serviço. Quando elas existem, orientam-se pelo paradigma dominante com prioridade para ações de cunho informativo, cuja metodologia principal é a palestra. As relações de poder são evidentes nas estratégias utilizadas, visto que meios coercitivos são usados para garantir o trabalho educativo coletivo, o que se distancia da proposta de integralidade. A análise dos discursos evidencia que tem sido negligenciado o acolhimento das demandas mais subjetivas das usuárias, com desenvolvimento de práticas que desconsideram a complexidade e a diversidade de demandas e o contexto em que são geradas. Essa proposta de trabalho tem sido rejeitada pelas mulheres, em clara demonstração de que o modelo convencional não tem atendido suas necessidades. Considerações finais: O modelo tradicional de educação em saúde tem inviabilizado o trabalho educativo emancipatório e participativo, distanciando o cuidado às mulheres da integralidade na realidade estudada. A superação da cultura médico assistencial constitui desafio primordial à transformação desse cenário. Ações como investimento da gestão em educação permanente, na melhoria da estrutura física, parcerias com a comunidade, disponibilidade e mobilização profissional e da gestão, buscando soluções conjuntas para as dificuldades encontradas, seriam uma forma de compromisso com o trabalho educativo que priorize metodologias ativas na perspectiva da integralidade, e também com as competências gerais requeridas à complexidade do trabalho na atenção primária.


Palavras-chave


Modelo Biomédico; Educação em Saúde; Atenção à Saúde da Mulher; Educação emancipatória; Integralidade do Cuidado.