Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Afetando-se com afeto: experiência viva e vivida entre o centro e brejo em São Pedro do Piauí/PI
Letícia Presser Ehlers

Última alteração: 2017-12-20

Resumo


Apresentação: A dimensão da experiência de viver uma outra realidade dentro de seu próprio país abre portas e janelas para construção de outras formas de afetar-se com o que está entre aqui e o mais além de nós mesmos. Ao aventurar-se, desprendemo-nos do centro para a vida na periferia, ao lado de Hermes, em seus (des)caminhos.  Nesta seara, objetiva-se narrar a experiência de uma rondonista universitária gaúcha, da Operação Velho Monge, na troca de vivências e afetos nas oficinas, na cidade e com seus habitantes, entre o brejo (bairro mais distante) e o centro da cidade de São Pedro do Piauí/PI.

Desenvolvimento do trabalho: Trata-se de um relato de experiência de uma rondonista universitária aberta a novos modos de produzir-se no encontro entre oficinas, lanches compartilhados, conversas por olhares, sensibilidade com a escuta. Ao re(contar) histórias, produzo-me com elas, tornam-se outras, eu também desdobro-me em outros, suas marcas em mim salgam os caminhos até hoje.

O encontro com a cidade com suas peculiaridades culturais e locais permite desconhecer-se a si mesmo. São Pedro do Piauí e seus habitantes receptivos aos amarelinhos (o amarelecimento enquanto processo da alquimia que não permite distanciamento e desprendimento com a dimensão do vivido) que, abaixo de chuva, estavam na busca de interessados em compartilhar memórias e histórias, e de reinventá-las. Entre dificuldades de liberação de algumas pessoas de seus serviços, havia aberturas no viver contracorrente e contra o tempo, chuva ou sol, na esquina o encontro com único alimento que a família compartilhava com todos da equipe.

A coprodução do cuidado e da saúde encontram lugar ao viver o patrimônio histórico da cidade com uma câmera na mão e outra no afeto, revivendo-a a cada passo nos desvios da sabedoria ancestral, que se retroalimenta nas lembranças dos idosos. Nas oficinas, a sensibilidade com o choro do outro ao ver-se no espelho, a resposta para uma morte de um familiar e a vida como potência de re-existir no brejo. A periferia como possibilidade de caotizar os campos na produção de si.

Impactos: Ao buscar afetar-se com o outro, está-se em contato com a sensibilidade em relação ao mundo, ao problematizar os modos de existência, a preocupação é com a estética da existência. O exercício da alteridade sustenta-se e fortalece-se na abertura ao desconhecido, na dissolução dos significados que nos constituíram até então, encontramo-nos com a dimensão do risco e da inventividade. Ao vivermos as potencialidades, os fracassos, as esperas, a lotação do espaço, o compartilhar e o aventurar-se por entre ruas e pessoas na dimensão do afeto, o encontro com um abraço; da presença, a simplicidade de um sorriso.

Considerações Finais: É na desterritorialização dos sentidos que desestabilizam-se as fronteiras. Entre Héstia (centro) e Hermes (periferia), o trilhar acompanha os pés e o olhar, ao encontrar fogo, foco, ar e movimento volátil, há a possibilidade de re-existências na arte de viver com e na comunidade (interna e externa), reinventando-se.


Palavras-chave


Afetar-se; Educação; Experiência; Desterritorializar-se; Hermes;