Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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O RELACIONAMENTO INTERPESSOAL ENTRE ENFERMEIRO E PACIENTE NA HUMANIZAÇÃO DO PARTO NATURAL
Bárbara Conceição Vilas Bôas Marques, Bárbara Miranda de França, Bárbara Miranda de França, Bárbara Miranda de França, Verena Cristina Silva de Santana, Verena Cristina Silva de Santana, Verlane Santos de Paula, Verena Cristina Silva de Santana, Samylla Maira Costa Siqueira, Verlane Santos de Paula, Diego Costa da Cunha Ferreira, Verlane Santos de Paula, Rafaela Mainarte Costa Franco, Samylla Maira Costa Siqueira, Samylla Maira Costa Siqueira, Diego Costa da Cunha Ferreira, Diego Costa da Cunha Ferreira, Rafaela Mainarte Costa Franco, Rafaela Mainarte Costa Franco

Última alteração: 2018-01-02

Resumo


Apresentação: Os elevados números de parto cesárea têm sido apontados na literatura como uma das principais causas de aumento do índice de mortalidade materna e neonatal em diversos países, além de que, quando realizado sem indicação, é caracterizado como uma ação que fere o princípio de humanização do processo de nascer. Neste direcionamento, a política de humanização tem como um de seus pilares o combate ao processo de medicalização e industrialização do parto frente à crescente onda de partos operatórios realizados sem a real indicação. Assim, uma das estratégias de humanização do cenário obstétrico diz respeito ao estímulo ao parto vaginal, considerando-se a necessidade de aumento das estatísticas no que diz respeito a esta forma de parturição, em detrimento das cesarianas. Caracteriza-se o parto normal como um mecanismo humanizador devido ao fato de este respeitar o processo fisiológico da parturição, que ocorre de forma mais natural, sem ou com poucas intervenções medicamentosas, ao contrário da cesariana, que se refere a um procedimento cirúrgico, requerendo, portanto, episiotomia e episiorrafia no abdômen da gestante para a retirada do bebê, muitas vezes sem necessidade e sem que a parturiente opte por tal modalidade de parto, sendo esta apenas uma decisão médica. Diante do exposto, este estudo tem como objetivo descrever o relacionamento interpessoal entre enfermeiro e paciente na humanização do parto natural. Desenvolvimento do trabalho: Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, realizada em abril de 2017 na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Na busca dos materiais foram utilizados os seguintes descritores, consultados na plataforma dos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): “Humanização, Parto Natural e Enfermagem”, combinados de forma integrada utilizando-se o operador booleano “AND”. Na busca, foram identificados 61 trabalhos, os quais foram filtrados a partir dos seguintes critérios de inclusão: apenas artigos, com disponibilidade de texto na íntegra, publicados em português, no recorte temporal de 6 anos (2012-2017). Como critérios de exclusão, estabeleceram-se os artigos duplicados nas bases e aqueles que não tinham associação com o objetivo proposto neste estudo. A partir dos critérios supracitados, foram selecionados 21 artigos. Estes tiveram o título e resumo lidos para que fosse identificada compatibilidade com a temática pesquisada. Ao final, foram selecionados 4 artigos. Resultados: No que diz respeito ao relacionamento interpessoal entre enfermeiro e parturiente na humanização do parto natural, foram destacadas as seguintes ações: acolhimento (n=2); estabelecimento de vínculo de confiança com transmissão de calma, segurança e apoio (n=3); respeito à autonomia e empoderamento da mulher (n=2); garantia da presença do acompanhante (n=1); acesso às informações (n=1); promoção do conforto e bem estar a partir de técnicas de relaxamento como deambulação, massagem, banho de aspersão, utilização da bola e cavalinho (n=3); habilidade técnica e científica dos cuidados, de forma a minimizar riscos (n=2); e estímulo do vínculo entre mãe e filho (n=1). Considera-se como uma das ações mais importantes empreendidas por enfermeiros na promoção do parto natural humanizado o acolhimento à parturiente. Os autores selecionados neste levantamento consideram que o acolhimento propicia o desenvolvimento de um atendimento humanizado por meio da implementação de uma assistência que valorize os aspectos sociais, psicológicos e emocionais da mulher, minimizando sentimentos inerentes ao processo de parturição, como dor, medo e dúvidas e tornando este momento permeado por alegrias secundárias à chegada do filho. O vínculo de confiança é um dos produtos do acolhimento e foi apontado como aspecto humanizador, sendo este resultante da oferta de informações e do cuidado individualizado, capaz de ofertar a atenção necessária para a mulher, seu acompanhante e familiares, tranquilizando-os e propiciando sentimentos positivos que contribuem para redução do estresse durante o parto. Convém destacar que historicamente o parto era realizado por parteiras em um ambiente familiar, onde a mulher era rodeada por familiares e amigos, lhe promovendo conforto e segurança na condução do parto. Entretanto, com a medicalização da assistência, o parto passou a ser um evento hospitalar, retirando da mulher o empoderamento e autonomia sobre seu próprio corpo, sendo o respeito a estes apontado por autores como fatores humanizadores do parto. Assim, considera-se que os enfermeiros devem promover a autonomia e empoderamento da mulher sobre seu corpo, além de incentivar a liberdade e a presença do acompanhante de sua escolha, conforme acontecia antes da hospitalização dos partos. No que diz respeito à presença do acompanhante como uma estratégia de humanização, destaca-se esta figura como fundamental para oferta de suporte emocional, pois proporciona à mulher um maior conforto e segurança durante o trabalho de parto, trazendo benefícios para a mesma. Outro aspecto apontado neste levantamento foi a garantia de acesso às informações. Nessa perspectiva, diz-se que o acesso às informações faz com que as mulheres se tornem empoderadas, de modo a ajudá-las a conhecer os processos relativos ao seu trabalho de parto e desenvolver os conhecimentos, atitudes, habilidades e autoconhecimento necessários para que possam assumir efetivamente a responsabilidade com as decisões a serem tomadas no tocante à sua saúde. No que concerne ao cuidado direto às parturientes, destacou-se o uso de técnicas de relaxamento como deambulação, massagem, banho de aspersão e utilização da bola e do cavalinho. Estas são responsáveis por promover relaxamento, conforto e redução do estresse, além de permitirem uma menor duração do trabalho de parto devido à potencialização da contratilidade uterina, com necessidade diminuída de uso de ocitocina e analgesia. Ademais, destaca-se que a utilização de técnicas como a deambulação diminui a necessidade de uso do fórceps no parto vaginal e as episiotomias e a realização de massagens permite a estimulação sensorial com potencial de promover alívio da dor, proporcionar relaxamento, diminuir o estresse emocional e melhorar o fluxo sanguíneo e a oxigenação dos tecidos. Por fim, destaca-se a importância de assegurar o estabelecimento do vínculo entre mãe e filho. Assim, reforça-se que o parto humanizado é fundamental para a geração do vínculo entre mãe e bebê, uma vez que a forma de nascimento influencia diretamente no tempo que será levado para a aproximação do binômio. O contato realizado de forma precoce abrange um momento inicial de inatividade alerta do RN, que proporciona a criação do apego. Considerações finais: É possível observar que o processo de cuidar realizado pelo enfermeiro durante a realização do parto humanizado é de extrema importância para a parturiente. A implantação de um parto humanizado, no qual a mulher se sinta acolhida, apresente um tratamento individualizado e integral acarreta diversos efeitos benéficos, como a diminuição da necessidade de intervenções farmacológicas ou cirúrgicas ao longo do parto. Desse modo, é possível observar que medidas instauradas para promover uma melhor assistência, pautadas no relacionamento interpessoal, como a criação de um ele entre enfermeiro e parturiente, a garantia do direito ao acompanhante, o apoio prestado, retirada de dúvidas e utilização de métodos de relaxamento atuam tornando a gestante mais calma, menos tensa e estressada, favorecendo a evolução do parto e a satisfação como trabalho do enfermeiro.


Palavras-chave


Relações Interpessoais; Parto Humanizado; Enfermagem.