Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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INCLUINDO A SINGULARIDADE DOS FEIRANTES NA ATENÇÃO PRIMÁRIA
Priscila Picanço Horta, David José Conceição Vila, Ingrid dos Santos Araújo, João Victor Oliveira de Melo, Pedro Salazar Costa, Rebeka Bustamante Rocha, Rosevelto Maia Borges, Antonio de Pádua Quirino Ramalho

Última alteração: 2018-01-26

Resumo


Um breve passeio a partir de uma aula nos fez encontrar uma realidade escondida:

Em 2013, o número de feirantes, só na capital, passava de oito mil e as feiras municipais eram em 44, fazendo desses trabalhadores um significante grupo economicamente ativo, responsável por trazer e comercializar produtos de natureza agrícola, pecuária e pesqueira, geralmente gêneros alimentícios ou produtos de baixo grau de manufatura.

Para tal, se submetem a uma carga horária pouco convencional: extensa e, geralmente, incompatível com o horário de atendimento dos serviços públicos. Tem um estilo de vida atípico, passando longos períodos sentados, em um ambiente de trabalho abafado e com muita poeira, além de uma dieta pouco saudável, contrastando com a abundância de frutas e verduras presente no universo em que estão inseridos.

Importante ressaltar ainda, o relevante papel socioeconômico desse grupo, os quais, sejam homens ou mulheres, são os únicos responsáveis econômicos pelo sustento de suas famílias, estabelecendo uma relação extremamente frágil de segurança econômica. Além disso, as feiras, por geralmente serem organizadas em locais fechados e de pouca ventilação, transitadas por muitas pessoas, se tornam um ambiente propício à disseminação de doenças; colocando o feirante em uma zona de risco. Nesse ínterim, o adoecimento de um desses indivíduos afeta a saúde de toda comunidade, ampliando a necessidade de cuidados voltados a esses trabalhadores.

Rotinas extensas e exaustivas, fazem que simples exames habituais deixem de ser feitos e que complicações mínimas e evitáveis evoluam para doenças graves. É de extrema importância que se consiga trazer atenção à saúde primária para a realidade específica dessa população, integrando ações preventivas e curativas, não só ao próprio feirante, mas também ao local em que trabalha, coautor do processo de seu adoecimento, para que assim seja possível proporcionar maior acolhimento dessa classe ao SUS (Sistema Único de Saúde).

Ainda que o SUS deva oferecer serviços a todo cidadão brasileiro com acesso integral, universal e gratuito; existem grupos mais suscetíveis a riscos relativos à saúde ou com particularidades. Ações específicas podem se mostrar mais eficientes se respeitarem a diversidade social, cultural e epidemiológica da mesma.

O objetivo do presente trabalho é apontar indícios que justifiquem uma política específica de atenção primária e promoção da saúde. Através do reconhecimento dos determinantes sociais no processo de saúde e doença no contexto de não só identificar particularidades, mas adaptar todo processo para torná-lo acessível. Assim, é urgente que essa população participe ativamente da formulação e implementação de ações que solucionem seus problemas e necessidades. E no caso dos feirantes, acredita-se que o maior problema não está no onde e sim no quando, uma vez que a incompatibilidade de horário e o estilo de vida limitam o acesso à atenção primária.

Entende-se, pois,  que os feirantes apresentam características tão peculiares que demandam atenção diferenciada mesmo dentro da esfera da Saúde do Trabalhador, gerando a hipótese de que configuraram um grupo específico para o qual deveria ser construída  uma política própria de atenção integral à sua saúde.



Palavras-chave


grupo específico; trabalhador; Manaus; SUS; feira