Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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POTENCIALIDADES E DIFICULDADES NA CONSULTA DE ENFERMAGEM A PACIENTES COM TRANSTORNOS MENTAIS: RELATO DE EXPERIÊNCIA.
Erika Fonseca De Sousa, Mariane Santos Ferreira, Mariane Santos Ferreira, Irinéia de oliveira Simplicio, Irinéia de oliveira Simplicio

Última alteração: 2017-12-28

Resumo


Apresentação: A reforma psiquiátrica brasileira foi um movimento histórico de caráter político, social e econômico, influenciado pela ideologia de grupos dominantes, que permitiu um olhar diferenciado aos pacientes psiquiátricos e a construção de um novo modelo de assistência à saúde mental seguida na atualidade. Esse novo modelo, passou a ser constituído por meio da criação de uma rede de serviços territoriais de atenção psicossocial de base comunitária, dentro deste cenário de atenção psicossocial temos os centros de atenção psicossocial (CAPS), que é um serviço ofertado para desenvolver a desospitalização do paciente, e realizar atividades que estão de acordo com os princípios da reforma psiquiátrica. A partir dessa nova politica, a assistência realizada nos CAPS parece seguir novos caminhos, não seguindo apenas normas e rotinas, mas, construindo novos cenários, tornando-se o campo mais real a ser conquistado. Logo, o convívio diário, o diálogo e a escuta têm sido importantes na assistência realizada pela enfermagem, porquanto ouvir é um acontecimento fisiológico e escutar requer uma disposição interna de abrigar.  A consulta de enfermagem em saúde mental é uma grande ferramenta para a execução do cuidar, além de proporcionar subsídios históricos, compartilhamentos de saberes e um relacionamento interpessoal com a pessoa que está em sofrimento e a sua família. De acordo com a Teoria de Peplau, a consulta de enfermagem deve ser composta por 4 fases que são: orientação, identificação, exploração e resolução. Esta teoria tem por objetivo promover à inclusão social e o resgate da cidadania as pessoas com transtorno mental, reinserindo esses indivíduos em suas famílias e na sociedade através da atuação do profissional de enfermagem. A partir da criação de novos campos de trabalho, nos CAPS, o enfermeiro se viu responsável por uma assistência holística, inovadora, promissora e humanizada em suas praticas diárias requerendo responsabilidade e compromisso efetivo com o paciente e a família, evocando sempre o modelo de atenção psicossocial.  Diante dessa temática o objetivo do trabalho é relatar a experiência de  UMA acadêmica de enfermagem do nono semestre de enfermagem de uma instituição Pública de Ensino Superior sobre a observação da consulta de enfermagem em saúde mental no que tange as potencialidades e dificuldades encontradas. Desenvolvimento do trabalho: Trata- se de um estudo descritivo com abordagem qualitativa do tipo relato de experiência, realizada pela acadêmica do nono semestre de enfermagem a partir da observação da consulta de enfermagem ocorrida no período de 10/ 04/ 2017 a 08/ 05/ 2017 em um centro de atenção psicossocial (CAPS) do município de Santarém-PA. Resultados e/ou impactos: No dia 10/04/2017 a acadêmica de enfermagem foi convidada pela preceptora para a sala de atendimento de enfermagem, para que a mesma pudesse corroborar ensinando como deveria ser realizada a consulta de enfermagem em saúde mental. No entanto, a acadêmica demonstrou insegurança por se tratar de pacientes psiquiátricos, pois esses pacientes podem simpatizar ou não com o profissional colaborador. Por outro lado, a acadêmica começou a conhecer primeiramente a realidade dos pacientes com transtorno mental através da consulta de enfermagem direcionada pela preceptora, com intuito de familiarizar a acadêmica com a rotina do setor, sabendo que são diversificadas as consultas relacionadas aos transtornos mentais. A partir de então, a acadêmica teve a oportunidade de realizar a tão esperada consulta, que a princípio apresentava-se complexa e insegura, pois cada paciente pode reagir de forma diferente, alguns tranquilos e outros agressivos, e isto dificultava a consulta, pois, não se sabe qual seria o comportamento do paciente naquele determinado momento. No dia 19/04/2017 foi realizada uma consulta com uma paciente esquizofrênica que estava em crise, chegou ao CAPS muito mal e batendo em todos que se aproximavam. Porém, quando uma integrante da equipe dos acadêmicos  que estavam naquele local se aproximou da paciente, a mesma se manteve calma sem esboçar nenhum sinal de agressão, então se pode afirmar a paciente que a acadêmica só queria ajuda-la, partir daí, conversamos em um espaço reservado a respeito do que tinha ocorrido, pois a mesma se apresentava machucada com escoriações e hematomas espalhados em seu rosto e em alguns locais do seu corpo, após a realização da escuta terapêutica, foi realizada administração de medicamentos, limpeza dos ferimentos, e encaminhamos a mesma para realização do banho de aspersão, em seguida oferecemos alimentação e repouso no setor do CAPS, já que a mesma estava apresentando episódios de delírios e alucinação. Após recuperação da crise, essa paciente foi levada para sua residência a qual ficou sobre os cuidados de sua mãe e da equipe. Diante do exposto, percebeu-se que as principais dificuldades encontradas durante a consulta de enfermagem foi a falta de medicamento específicos para cada transtorno, ausência de capacitação da equipe atuante nessa área da saúde mental, bem como, a carência da participação da família no tratamento dos pacientes psiquiátricos, além da não colaboração do paciente em aderir corretamente o tratamento. CONCLUSÃO: A experiência vivenciada com pacientes portadores de doenças mentais foi de grande valia para o desenvolvimento da vida profissional da acadêmica do curso de enfermagem, pois, o acompanhamento e a realização da consulta de enfermagem a esses pacientes, proporcionou a reflexão das dificuldades e potencialidades nas consultas de enfermagem em saúde mental, além de favorecer a aprendizagem de técnicas ou condutas necessárias para pacientes psiquiátricos em crise ou não. Contudo, para realizar uma assistência de qualidade a esses pacientes, é necessário que haja, comprometimento da equipe profissional e familiares com o bem-estar físico, mental e espiritual do paciente. Para isso, tem-se a necessidade de conscientização por parte, tanto da família quanto do paciente em aderir o tratamento de forma correta, uma vez que, o tratamento é um fator determinante e fundamental para o êxito ou falência da terapêutica aplicada. Vale ressaltar que uma equipe de profissionais de saúde qualificada inserida no programa faz a diferença, visto que, esses profissionais estariam comprometidos com a saúde mental e capacitados para fornecer subsídios e orientações necessárias para o sucesso da atuação da família no tratamento e reabilitação psicossocial do portador de transtorno mental. Pois a família é um dos pontos fundamentais para o êxito do tratamento.


Palavras-chave


Consulta de enfermagem; transtorno mental; CAPS