Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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METODOLOGIAS ATIVAS NA PROMOÇÃO DA SAÚDE DE ADOLESCENTES: RELATO DE EXPERIÊNCIA
ketty Munique Silva Munique Silva, ketty Munique Silva Munique Silva, Ana Maria Dourado Lavinsky Fontes, Geovana Vianna dos Santos, Geovana Vianna dos Santos, Thais Lima Ferreira, Thais Lima Ferreira, Lais Souza dos Santos Farias, Lais Souza dos Santos Farias, Fernanda Alves Barbosa, Fernanda Alves Barbosa, Clicia Souza de Almeida Cruz, Clicia Souza de Almeida Cruz

Última alteração: 2018-01-26

Resumo


ResumoApresentaçãoEste relato traz a experiência de acadêmicas do Curso de Enfermagem da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), em um projeto de extensão, intitulado Educação em saúde na rede de ensino público do Município de Ilhéus (BA): (des) construindo com discentes modos para viver a sexualidade segura.A intervenção do projeto está direcionada, portanto, aos adolescentes do ensino público tendo em vista a vulnerabilidade deste segmento às DST/AIDS, em face aos apelos eróticos midiáticos, às vezes materializados por uma iniciação sexual precoce e a dificuldade de acesso aos serviços de atenção à saúde especializada para o atendimento desse grupo etário. Foi definido como objetivo - geral: promover práticas educativas interativas e inovadoras, mediante a utilização de metodologias ativas, no espaço escolar do ensino fundamental e médio da rede pública do Município de Ilhéus (BA), voltadas para a construção de conhecimentos a respeito das DST/AIDS, que possibilitem aos adolescentes a reflexão sobre comportamentos sexuais de risco e a solidariedade aos portadores do vírus HIV.DesenvolvimentoA Organização Mundial de Saúde (OMS) define a fase da adolescência no período etário entre 10 e 19 anos, enquanto no Brasil está na faixa de 12 a 18 anos. A política pública que dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e regula a saúde do adolescente (Art. 7 da Lei Nº 8.069) define o direito a proteção à vida e à saúde da criança e o adolescente mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência.Segundo alguns autores na saúde de adolescentes e jovens, a sexualidade transcende o aspecto meramente biológico manifestando-se também como um fenômeno que envolve diversos campos, sob a influência de crenças e valores pessoais e familiares, normas morais e tabus da sociedade. Logo, adolescentes e jovens trazem consigo padrões de comportamento que representam a repetição dos contextos socioculturais em que estão inseridos e que muitas vezes os coloca em situação de risco.Nos últimos dez anos, de acordo dados oficiais houve um aumento da taxa de detecção de AIDS em adolescentes e jovens do sexo masculino, de 15 a 24 anos, sendo que de 2006 para 2015 a taxa entre aqueles com 15 a 19 anos mais que triplicou (de 2,4 para 6,9 casos/100 mil hab.) e, entre os de 20 a 24, dobrou (de 15,9 para 33,1 casos/100 mil hab.). Entre as mulheres, nos últimos dez anos, a taxa de detecção apesar de uma tendência de queda em quase todas as faixas etárias, no grupo etário de 15 a 19 houve um aumento de 12,9%, de 2006 para 2015, respectivamente.Com base no exposto, cabe inferir que as condições de saúde desse grupo populacional indica a evidência da vulnerabilidade às DST/Aids e a necessidade de intervenções para a mudança de comportamentos de risco frente a magnitude e transcendência que estes agravos representam no perfil de morbi-mortalidade deste grupo etário.A imersão do grupo extensionista nos temas do projeto:Antes da entrada em campo, o grupo buscou apropriar-se dos seguintes conteúdos disciplinares que subsidiaram a intervenção: etiopatogenia e prevenção das DST/AIDS, fisiologia dos aparelhos reprodutores, gravidez na adolescência e temas transversaisrelacionados ao objeto do projeto como o estigma e o preconceito, a sexualidade na adolescência, a resiliência e o exercício da alteridade.O diálogo com alguns autores colocou o grupo em autoanálise que levou a algumas indagações: Como lidar em um grupo de adolescentes com temas velados pelo preconceito? Como conciliar os temas propostos com a realidade dos adolescentes? Como colocar os adolescentes em cena de forma interativa com a leveza necessária de um bom encontro?A entrada em campo:O grupo de adolescentes foi constituído de vinte e quatro participantes na faixa etária de 13 a 18 anos. Optou-se por metodologias ativas destacando-se a problematização de temas sugeridos pelos adolescentes em consulta prévia. O caminho metodológico contemplou a realização de oito oficinas pedagógicas em saúde articuladas ao contexto sociocultural dos envolvidos e aos temas relacionados ao projeto. Foram realizadas sete oficinas com as temáticas: Quem somos nós? Qual a representação que tenho do meu corpo? Como funciona o meu corpo com relação a minha sexualidade? Como evitar a gravidez precoce? Qual o conhecimento que tenho sobre as DST/AIDS? Como o grupo percebe a AIDS? Com estou me prevenindo com relação as DST/AIDS?A realização das oficinas pedagógicas foi conduzida pelo grupo de discentes do da UESC que assumiram a postura de facilitadores durante as discussões, mantendo uma postura horizontal nas atividades educativas com os adolescentes, colocando-se sempre como sujeitos em formação e mediadores do conhecimento, promovendo, portanto, a interação com os adolescentes em um processo de troca de saberes. Variados recursos metodológicos foram utilizados para facilitar a compreensão dos temas como: rodas de conversas, sociodramas, exposição oral dialogada, mapa conceitual.Resultados e/ou impactosAtravés de ações afirmativas, este projeto de extensão universitária contribuiu com o emponderamento dos adolescentes mediante ao acesso a informações que poderão instrumentalizá-los na promoção da saúde no que diz respeito a viver a sexualidade segura. A adesão e motivação dos adolescentes ao projeto como voluntários foi um potente analisador que indicou o interesse do grupo na temática proposta. Durante as oficinas foram estabelecidos vínculos que puderam ser observados no comportamento afetivo do grupo. Nos primeiros encontros foram detectadas atitudes preconceituosas entre os adolescentes que foram posteriormente trabalhadas nos encontros pedagógicos. A centralidade na questão do sexo e métodos contraceptivos sem barreiras foi um marcador prevalente nas oficinas revelando possibilidades de vida sexual ativa e desconhecimento de práticas sexuais seguras que também foram colocados em cena durante as oficinas, visando à desconstrução de mitos e promovendo a reflexão a respeito de comportamentos de risco.Considerações finaisA experiência proporcionou a reflexão de que a promoção da saúde em grupos específicos precisa ser mais explorada como campo de intervenção dos aparelhos formadores. Os movimentos da educação em saúde foram enriquecedores para os acadêmicos que motivados pelo projeto ampliaram o conhecimento sobre conteúdos disciplinares de forma prazerosa. A convivência com adolescentes proporcionou ao grupo a apropriação das práticas educativas à luz das metodologias ativas.

Palavras-chave


Metodologias Ativas; Saúde do Adolescente;Educação em Saúde