Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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PROMOÇÃO DA SAÚDE NAS ILHAS DA AMAZÔNIA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA DE ACADÊMICOS DE ENFERMAGEM.
Wagner Felipe dos Santos Neves, Izabela Cristina Valdevino da Silveira, Andreia Pessoa da Cruz, Alana Celeste Campos Dias, João Enivaldo Soares de Melo Júnior

Última alteração: 2017-12-28

Resumo


Apresentação: A visualização do cenário amazônico sempre nos remete a riqueza e a diversidade natural, cultural e social, por outro lado o contexto vivido pelas comunidades amazônicas é caracterizado pelo oposto desta visão, uma vez que a escassez de ações das políticas públicas e do acesso aos serviços públicos essenciais, como educação e saúde faz parte do cotidiano dos ribeirinhos da Amazônia. O presente texto trata-se de um estudo descritivo, qualitativo do tipo relato de experiência vivenciado no projeto de Extensão da Universidade Federal do Pará (UFPA), intitulado de “Rio acima, rio abaixo: a Enfermagem cuidando da pressão arterial dos ribeirinhos da Amazônia”, o qual está incluso no programa “Luz na Amazônia” que consiste em uma parceria da UFPA com a Sociedade Bíblica Brasileira (SBB) promove educação e saúde voltada a prevenção, diagnóstico precoce e controle da hipertensão arterial sistêmica (HAS) e diabetes mellitus (DM) sob o auxílio da dinâmica intitulada “Quiz Hiperdia” e as consultas domiciliares, junto às comunidades ribeirinhas da Amazônia, objetivando garantir melhoria da qualidade de vida à população ribeirinha, uma vez que a carência de políticas públicas em saúde e o contexto vulnerabilidade socioeconômica, além da escassez de informações fazem parte do cotidiano dessas populações e são fatores determinantes para o desenvolvimento de afecções. A motivação deste estudo é relatar a experiência, bem como a importância da promoção das práticas em saúde pública e da Assistência de Enfermagem para as comunidades ribeirinhas da Amazônia. Desenvolvimento do trabalho: As ações do projeto são realizadas mensalmente durante as viagens do programa no decorrer do ano de 2017, no barco “Luz da Amazônia III” a equipe de enfermagem leva às comunidades ribeirinhas (localizadas em ilhas próximas a 40 minutos da cidade de Belém cadastradas no programa “Luz na Amazônia”) ações de Educação em Saúde voltadas para o controle e prevenção do Diabetes Mellitus e da Hipertensão Arterial Sistólica, são doenças crônicas preocupantes em nosso país. Pois estas não tem cura, porém podem ser prevenidas e controladas, com medidas simples que contribuem com a melhora da qualidade de vida dos ribeirinhos. Estas ações são importantes, pois  identificam conhecimento prévio que a comunidade tem sobre as doenças, de forma que os acadêmicos ouvem sendo adequada ou não  esse conhecimento é levado em consideração, pois é uma troca de experiência e enriquecido com as informações de suma importância para o conhecimento das mesmas como os principais sintomas e a forma de prevenção. Por meio da dinâmica intitulada “Quiz Hiperdia”, os acadêmicos abordam conceitos, sinais e sintomas e a prevenção da HAS e DM o modo que seja de fácil compreensão a eles, são realizadas assim atividades lúdicas, pois se percebe que adesão à dinâmica é maior, além da compreensão. Orienta-se como identificar os primeiros sintomas das referidas doenças para que um atendimento especializado fosse procurado, desse modo, os ribeirinhos passaram a conhecer as suas manifestações. Quanto à prevenção, é ressaltada principalmente sobre a mudança de hábitos, tais como: evitar o excesso de álcool, tabagismo, diminuir o consumo excessivo de frituras/gorduras, açúcar e carboidratos, praticar diariamente atividade física, ter cuidado especialmente com os membros inferiores, devido o aparecimento de feridas e enfatizada a importância do tratamento medicamentoso, nas consultas de enfermagem são realizadas aferição de pressão arterial, verificação de glicemia capilar, mensuração das medidas antropométricas e atendimentos domiciliares. Nestas também os ribeirinhos são orientados quanto à importância da alimentação adequada, sem menosprezar sua cultura, a atividade física diária e a importância da consulta regular e tratamento medicamento de forma correta. Os acadêmicos de enfermagem contribuem dessa maneira para o diagnóstico precoce, a prevenção e/ou agravos destas doenças, principalmente nas comunidades ribeirinhas mais afastadas do centro urbano que são desassistidas de saúde, além de serem carentes de informações. Resultados: As práticas em saúde oferecidas pela equipe de Enfermagem tem resultado em impactos positivos para as populações ribeirinhas, uma vez que as ações educativas e orientações realizadas contribuem para o empoderamento destas pessoas sobre a sua própria saúde, uma vez que alguns começam a tomar conhecimento sobre a fisiopatologia, complicações, controle e prevenção da Hipertensão e do Diabetes, isso pode ser comprovado pela participação ativa das famílias atendidas pelo programa durante as ações, fazendo com que no retorno da equipe a comunidade seja possível observar significativas melhorias na qualidade de vida dos ribeirinhos, a exemplo da mudança de hábitos alimentares, controle de glicemia, controle da hipertensão, melhor adesão aos medicamentos em uso, e maior preocupação e envolvimento no autocuidado devido à apreensão do conhecimento anteriormente transmitido pela equipe. Além de levarem consigo o comprometimento de repassarem aos amigos e familiares todo conhecimento adquirido nas viagens. Deste modo a Enfermagem vem ganhando e ocupando o espaço na promoção de saúde às comunidades tradicionais da Amazônia. Considerações finais: O direito à saúde nas comunidades ribeirinhas próximas a cidade de Belém, está distante do que é instituído pela Constituição Federal, uma vez que a escassez de profissionais qualificados, bem como de espaços destinados para a assistência em saúde ilustra e evidencia o déficit das políticas públicas em saúde para as populações tradicionais da Amazônia. A experiência em observar e vivenciar o contexto no qual estão inseridas as comunidades ribeirinhas despertou tanto nos acadêmicos, quanto na docente não só a reflexão sobre a necessidade da implementação das públicas nas comunidades, mas sim a importância da ocupação destes espaços por profissionais de saúde qualificados, assim como da presença da academia/projetos que visem à garantia de uma assistência de qualidade ao povo ribeirinho, bem como na aproximação dos futuros profissionais de saúde a esta realidade tornando-os sensíveis e conscientes do seu papel para com as populações amazônidas, sendo assim uma das possíveis maneiras de se romper este paradigma presente na assistência de saúde na Região Norte do Brasil.


Palavras-chave


Promoção da Saúde; Enfermagem; Populações Vulneráveis