Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Última alteração: 2017-12-28
Resumo
Apresentação: A visualização do cenário amazônico sempre nos remete a riqueza e a diversidade natural, cultural e social, por outro lado o contexto vivido pelas comunidades amazônicas é caracterizado pelo oposto desta visão, uma vez que a escassez de ações das políticas públicas e do acesso aos serviços públicos essenciais, como educação e saúde faz parte do cotidiano dos ribeirinhos da Amazônia. O presente texto trata-se de um estudo descritivo, qualitativo do tipo relato de experiência vivenciado no projeto de Extensão da Universidade Federal do Pará (UFPA), intitulado de “Rio acima, rio abaixo: a Enfermagem cuidando da pressão arterial dos ribeirinhos da Amazônia”, o qual está incluso no programa “Luz na Amazônia” que consiste em uma parceria da UFPA com a Sociedade Bíblica Brasileira (SBB) promove educação e saúde voltada a prevenção, diagnóstico precoce e controle da hipertensão arterial sistêmica (HAS) e diabetes mellitus (DM) sob o auxílio da dinâmica intitulada “Quiz Hiperdia” e as consultas domiciliares, junto às comunidades ribeirinhas da Amazônia, objetivando garantir melhoria da qualidade de vida à população ribeirinha, uma vez que a carência de políticas públicas em saúde e o contexto vulnerabilidade socioeconômica, além da escassez de informações fazem parte do cotidiano dessas populações e são fatores determinantes para o desenvolvimento de afecções. A motivação deste estudo é relatar a experiência, bem como a importância da promoção das práticas em saúde pública e da Assistência de Enfermagem para as comunidades ribeirinhas da Amazônia. Desenvolvimento do trabalho: As ações do projeto são realizadas mensalmente durante as viagens do programa no decorrer do ano de 2017, no barco “Luz da Amazônia III” a equipe de enfermagem leva às comunidades ribeirinhas (localizadas em ilhas próximas a 40 minutos da cidade de Belém cadastradas no programa “Luz na Amazônia”) ações de Educação em Saúde voltadas para o controle e prevenção do Diabetes Mellitus e da Hipertensão Arterial Sistólica, são doenças crônicas preocupantes em nosso país. Pois estas não tem cura, porém podem ser prevenidas e controladas, com medidas simples que contribuem com a melhora da qualidade de vida dos ribeirinhos. Estas ações são importantes, pois identificam conhecimento prévio que a comunidade tem sobre as doenças, de forma que os acadêmicos ouvem sendo adequada ou não esse conhecimento é levado em consideração, pois é uma troca de experiência e enriquecido com as informações de suma importância para o conhecimento das mesmas como os principais sintomas e a forma de prevenção. Por meio da dinâmica intitulada “Quiz Hiperdia”, os acadêmicos abordam conceitos, sinais e sintomas e a prevenção da HAS e DM o modo que seja de fácil compreensão a eles, são realizadas assim atividades lúdicas, pois se percebe que adesão à dinâmica é maior, além da compreensão. Orienta-se como identificar os primeiros sintomas das referidas doenças para que um atendimento especializado fosse procurado, desse modo, os ribeirinhos passaram a conhecer as suas manifestações. Quanto à prevenção, é ressaltada principalmente sobre a mudança de hábitos, tais como: evitar o excesso de álcool, tabagismo, diminuir o consumo excessivo de frituras/gorduras, açúcar e carboidratos, praticar diariamente atividade física, ter cuidado especialmente com os membros inferiores, devido o aparecimento de feridas e enfatizada a importância do tratamento medicamentoso, nas consultas de enfermagem são realizadas aferição de pressão arterial, verificação de glicemia capilar, mensuração das medidas antropométricas e atendimentos domiciliares. Nestas também os ribeirinhos são orientados quanto à importância da alimentação adequada, sem menosprezar sua cultura, a atividade física diária e a importância da consulta regular e tratamento medicamento de forma correta. Os acadêmicos de enfermagem contribuem dessa maneira para o diagnóstico precoce, a prevenção e/ou agravos destas doenças, principalmente nas comunidades ribeirinhas mais afastadas do centro urbano que são desassistidas de saúde, além de serem carentes de informações. Resultados: As práticas em saúde oferecidas pela equipe de Enfermagem tem resultado em impactos positivos para as populações ribeirinhas, uma vez que as ações educativas e orientações realizadas contribuem para o empoderamento destas pessoas sobre a sua própria saúde, uma vez que alguns começam a tomar conhecimento sobre a fisiopatologia, complicações, controle e prevenção da Hipertensão e do Diabetes, isso pode ser comprovado pela participação ativa das famílias atendidas pelo programa durante as ações, fazendo com que no retorno da equipe a comunidade seja possível observar significativas melhorias na qualidade de vida dos ribeirinhos, a exemplo da mudança de hábitos alimentares, controle de glicemia, controle da hipertensão, melhor adesão aos medicamentos em uso, e maior preocupação e envolvimento no autocuidado devido à apreensão do conhecimento anteriormente transmitido pela equipe. Além de levarem consigo o comprometimento de repassarem aos amigos e familiares todo conhecimento adquirido nas viagens. Deste modo a Enfermagem vem ganhando e ocupando o espaço na promoção de saúde às comunidades tradicionais da Amazônia. Considerações finais: O direito à saúde nas comunidades ribeirinhas próximas a cidade de Belém, está distante do que é instituído pela Constituição Federal, uma vez que a escassez de profissionais qualificados, bem como de espaços destinados para a assistência em saúde ilustra e evidencia o déficit das políticas públicas em saúde para as populações tradicionais da Amazônia. A experiência em observar e vivenciar o contexto no qual estão inseridas as comunidades ribeirinhas despertou tanto nos acadêmicos, quanto na docente não só a reflexão sobre a necessidade da implementação das públicas nas comunidades, mas sim a importância da ocupação destes espaços por profissionais de saúde qualificados, assim como da presença da academia/projetos que visem à garantia de uma assistência de qualidade ao povo ribeirinho, bem como na aproximação dos futuros profissionais de saúde a esta realidade tornando-os sensíveis e conscientes do seu papel para com as populações amazônidas, sendo assim uma das possíveis maneiras de se romper este paradigma presente na assistência de saúde na Região Norte do Brasil.