Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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FATORES RELACIONADOS AO PROCESSO DE HUMANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL
ALINE DA MELO, Cristiane Correia dos Santos, Cristiane Correia dos Santos, Eliene Pereira de Almeida, Eliene Pereira de Almeida, Priscila Carolina de Jesus Lima Santos, Priscila Carolina de Jesus Lima Santos, Samylla Maira Costa Siqueira, Samylla Maira Costa Siqueira, Diego Costa da Cunha Ferreira, Diego Costa da Cunha Ferreira, Bárbara Conceição Vilas Bôas Marques Bri, Bárbara Conceição Vilas Bôas Marques Bri, Iraci Alcântara Mariano, Iraci Alcântara Mariano

Última alteração: 2018-01-26

Resumo


Apresentação: Humanizar a assistência é um processo necessário para que os profissionais de enfermagem alcancem uma abordagem integrada da assistência e garantam um cuidado de excelência, não só levando em consideração o processo saúde-doença, mas os aspectos físico, mental e social, de forma holística, colocando também a equipe multidisciplinar e a família como parte fundamental nesse processo. Diante disto, fica evidente a importância da humanização na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN), considerando-se que muitas vezes esse ambiente é marcado por dor, sofrimento e ansiedade. Neste contexto, faz-se essencial conhecer os fatores relacionados ao processo de humanização da assistência na UTIN, uma vez que tal compreensão a partir da comunidade acadêmica permite a ampliação do conhecimento de comportamentos caracterizados como imprescindíveis na promoção de um cuidado humano, podendo estimular os profissionais que lidam diretamente com o paciente a adotar posturas tidas como humanizadoras, tendo como eixo fundamental de tal processo a prática baseada em evidências (PBE). Diante do exposto, este estudo tem como objetivo identificar os fatores relacionados ao processo de humanização da assistência na unidade de terapia intensiva neonatal. Desenvolvimento do trabalho: Revisão integrativa da literatura, realizada em março de 2017 na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS Enfermagem), tendo-se utilizado os seguintes descritores, consultados na plataforma dos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): “Unidades de Terapia Intensiva Neonatal” e “Humanização da Assistência”, combinados de forma integrada. Na busca, foram identificados 104 trabalhos, os quais foram filtrados pelos seguintes critérios de inclusão: apenas artigos, com disponibilidade de texto na íntegra, publicados nos idiomas português e inglês, com recorte temporal de 8 anos (2010-2017). Como critérios de exclusão, estabeleceram-se os artigos duplicados nas bases e aqueles que não correspondiam ao objeto proposto neste estudo. A partir dos critérios supracitados, foram selecionados 41 artigos. Estes tiveram seu título e resumo lidos para que fosse identificada compatibilidade com a temática pesquisada. Ao final, foram selecionados nove estudos. Resultados: Destacaram-se como fatores assistenciais para a humanização da assistência na UTIN: promoção do vínculo entre a equipe de enfermagem, o RN e seus familiares (n=5), valorizando e incentivando a presença da família na UTIN (n=3), acolhendo-os e incluindo-os nos cuidados ao RN (n=2); incentivo ao aleitamento materno (n=1) e estímulo ao método canguru (n=4); a comunicação da equipe de enfermagem como os genitores (n=2); empatia e oferta de apoio emocional à família, com orientações acerca dos cuidados prestados ao RN (n=2); promoção do conforto ao RN e seus familiares (n=4) a partir do reconhecimento e minimização dos fatores estressantes, como ambiente inadequado (n=3); medidas de alívio da dor (n=3); e cuidado integral (n=1). O estabelecimento do vínculo é possível a partir da valorização e incentivo à presença dos familiares na UTIN, bem como garantindo, sempre que possível, a sua inserção nos cuidados ao neonato. Assim, a vinculação entre as partes pode ser garantida a partir de condutas como estímulo aos pais no convívio com o bebê, o contato pele a pele e incentivo ao aleitamento materno, além de permitir a participação em momentos de cuidados como a hora do banho e a troca de fraldas. Quanto ao método canguru, este se trata de um modelo de assistência perinatal para adiantamento da qualidade da atenção e parte dos princípios da atenção humanizada e implica em colocar precocemente o bebê de baixo peso em contato pele a pele com a mãe, favorecendo o vínculo, o que promove estabilidade térmica, substituindo o uso prolongado da incubadora. Para que tais ações saiam do campo das ideias e sejam implementadas, é imprescindível a existência de empatia e oferta de apoio emocional à família, uma vez que o ambiente da UTIN é caracterizado como hostil e assustador devido à presença de diversos aparelhos e dispositivos, suscitando nos pais sentimentos de medo, decepção, impotência, tristeza e desespero, acentuado assim a fragilidade e frustração destes quanto ao internamento de seu filho. Neste contexto, o comportamento empático é apontado como capaz de transformar tal ambiente em acolhedor e de esperança. Outro aspecto apontado neste levantamento como essencial ao processo de humanização do cuidado ao neonato na UTI foi a comunicação, sendo esta caracterizada pela interação entre os indivíduos com o meio no qual estes estão inseridos. A comunicação resulta do vínculo que o enfermeiro estabelece com os genitores e é possível a partir de condutas como a prestação de informações acerca da evolução do bebê. A comunicação garante, além do acolhimento à família, um bom relacionamento com os genitores para que a estadia do RN no hospital não se torne um evento desagradável. Autores tratam o processo de comunicação como um dos mais importantes aspectos do cuidado de enfermagem, uma vez que este vislumbra uma melhor assistência, sendo responsável, inclusive, pela diminuição da ansiedade e estresse nos casos de longo período de internação. A promoção do conforto ao bebê e seus familiares foi outra forma de humanização identificada neste estudo, sendo esta, inclusive, um dos produtos do acolhimento, conforme evidenciado na literatura a respeito do tema. A promoção do conforto é considerada como fundamental na redução do estresse do bebê e de sua família, proporcionando uma melhor qualidade na assistência. Neste levantamento, emergiram como modos de promoção do conforto os cuidados de higiene, adequação do ambiente, estabilização dos sinais vitais, redução dos ruídos na UTIN, minimização da manipulação do bebê e alívio da dor. Autores revelam que apesar de ser considerada um sinal vital, muitas vezes a dor é subestimada, não avaliada e não tratada, principalmente nos RN internados na UTIN, os quais são expostos a diversos tipos de procedimentos dolorosos, capazes de gerar situações de desequilíbrio. Contudo, cabe salientar que o RN tem maneiras específicas de expressar a dor e estas não devem ser ignoradas. Assim, a dor do RN é percebida pelos profissionais de enfermagem pela sua vivência profissional e científica, mediante alterações comportamentais e fisiológicas como irritabilidade, choro, expressão facial e resposta motora características de dor, requerendo medidas para minimizá-la. Pesquisas revelam que as técnicas não-farmacológicas são eficazes no alívio do estresse e tratamento da dor do RN e podem ser empreendidas na prática diária de enfermeiros. Dentre estas, houve destaque para a oscilação de decúbito, massagem local, banho de afundamento, promoção do aleitamento materno, absorvência não nutritiva (com uso da “aptidão de luva”, dextrose ou chupeta), enrolamento e redução nas tentativas de procedimentos dolorosos, como a punção venosa. Ademais, quando necessário, pode-se recorrer à terapia medicamentosa, conforme a prescrição médica. Considerações finais: As ações de humanização referidas neste estudo englobaram o estímulo ao método canguru, promoção do conforto a RN e genitores, incentivo ao aleitamento materno e à presença dos genitores na UTIN, estabelecimento da comunicação entre os pais e a equipe de enfermagem, oferta de um ambiente adequado e um cuidado integral. Em seu conjunto, estas ações são essenciais para o apoio emocional e na implementação do cuidado humanizado. Convém salientar que os processos de humanização supracitados não são de todo eficazes se não houver uma adequada ambientação para o trabalho do enfermeiro, sendo necessário adequar o número de funcionários à demanda do serviço para evitar a sobrecarga profissional, que funciona como um entrave ao processo de humanização do cuidado.


Palavras-chave


Humanização da Assistência; Unidades de Terapia Intensiva Neonatal; Enfermagem.