Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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CONHECIMENTO SOBRE TESTAMENTO VITAL ENTRE OS ACADÊMICOS DE SAÚDE: UM ESTUDO SECCIONAL
Lowisa Consentini Garcia, Ester Alves de Oliveira, Marcela Catunda de Souza Michiles, Thalia Mendonça Cardoso, Sibila Lilian Osis, Selma Barboza Perdomo

Última alteração: 2017-12-26

Resumo


Apresentação: O Testamento Vital (TV) é um documento escrito, no qual uma pessoa em plena sanidade mental expressa sua vontade quanto aos tratamentos médicos que deseja ou não ser submetida numa situação futura em que possa estar acometido por doença terminal ou grave, que o impossibilite de manifestar sua vontade. A ideia deste documento é trazer o direito à morte digna e assegurar que as vontades do paciente serão respeitadas em seus últimos dias. Apesar do nome sugerir outras interpretações, este documento não está voltado para depois da morte, mas sim para o indivíduo ainda em vida, para que assim o mesmo possa viver o fim de sua vida na sua maneira mais digna possível. Este documento também conhecido como Diretivas Antecipadas de Vontade é caracterizado como um registro das vontades do paciente que se encontra em situação grave ou terminal, feito por ele próprio em sua plena sanidade mental, ou anexado em prontuário que ainda pode ser acompanhado pelo mandato duradouro, na qual se elege uma pessoa de confiança responsável por fazer prevalecer a vontade do paciente quando o mesmo não estiver mais no controle de suas faculdades mentais, caso o indivíduo que o elegeu não possa mais manifestar sua vontade, essas decisões terão como base a vontade do paciente somado ao TV, assegurando ainda mais que a vontade do paciente seja respeitada, podendo muitas vezes garantir a morte digna. A adoção do TV não significa recomendar a abreviação da vida, nem a recusa de tratamentos ordinários e paliativos, mas sim a suspensão daqueles procedimentos extraordinários e fúteis, que deixam de trazer quaisquer benefícios ao paciente. O avanço dos recursos tecnológicos que permitem a adoção de medidas desproporcionais que prolongam o sofrimento do paciente em estado terminal, sem trazer benefícios, por exemplo, podem ter sido antecipadamente rejeitadas pelo mesmo, por meio do TV. Esta pesquisa possui como objetivo geral analisar o conhecimento sobre TV entre os acadêmicos de saúde, e apresenta como seus objetivos específicos: identificar o perfil sócio-religioso dos acadêmicos de saúde, descrever o conhecimento dos mesmos referente aos direitos do paciente na terminalidade, e saber se os acadêmicos consideram relevante o registro em prontuário das vontades do paciente. Desenvolvimento do trabalho: O presente trabalho refere-se a um estudo seccional, que atualmente está na primeira etapa, inicialmente busca-se fazer uma avaliação do nível de conhecimento dos acadêmicos de saúde sobre o TV, avaliando também o que os acadêmicos conhecem sobre os aspectos legais desse documento e sobre os direitos do paciente diante da terminalidade. Está ocorrendo na Escola Superior de Ciências da Saúde (ESA) da Universidade do Estado do Amazonas (UEA). A coleta de dados no período entre setembro de 2017 e abril de 2018, com acadêmicos dos cursos de enfermagem, odontologia e medicina. Os dados e informações estão sendo coletados por meio de um instrumento para os estudantes contendo as seguintes variáveis:  Características gerais: curso, ano de formação/ingresso na universidade, idade, gênero, raça/cor, estado civil, número de filhos e Variáveis específicas relacionadas ao tema do projeto como:  manejo das emoções próprias e do paciente, direito do paciente a dignidade, autonomia na terminalidade, registro referente a terminalidade, suporte legal e ético do testamento vital relacionado aos procedimentos do profissional e dos familiares e conhecimento sobre mandato duradouro. O instrumento de coleta refere-se a um questionário estruturado com perguntas fechadas, o qual é respondido somente após assinatura do TCLE (Termo de Consentimento Esclarecido). A amostra para a coleta de dados foi calculada de acordo com o número de ingressantes nos cursos da Escola Superior de Ciências da Saúde (ESA) da Universidade do Estado do Amazonas (UEA). Os critérios de elegibilidade foram: serem estudantes a partir do 3º período dos cursos de Enfermagem, Medicina e Odontologia, devidamente matriculados no sistema da universidade, maiores de 18 anos e que não sejam visitantes de outras instituições ou em intercâmbio. A amostra será de 137 acadêmicos de Enfermagem, 137 acadêmicos de Odontologia e 225 acadêmicos de Medicina, todas as amostras calculadas possuem intervalo de confiança de 95%.  O projeto recebeu parecer favorável do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), sob protocolo na plataforma Brasil CAA: 68953017.5.0000.5016. Resultados: A pesquisa encontra-se em fase de coleta, estando as atividades previstas no cronograma do projeto de pesquisa em andamento , no entanto, de acordo com os dados levantados para a elaboração do mesmo, espera-se alcançar os seguintes resultados: acadêmicos de saúde têm pouco conhecimento sobre esse relevante tema, os acadêmicos poucos sabem sobre os direitos do paciente na terminalidade, o registro em prontuário da vontade do paciente ocorre com baixa ou nenhuma frequência, e acadêmicos possuem pouco conhecimento sobre os aspectos legais do testamento vital. Considerações Finais: Atualmente a pesquisa se encontra na coleta de dados, no entanto, durante este período podemos observar o surgimento de dúvidas e o despertar de um interesse em entender mais sobre o assunto por parte dos acadêmicos de saúde. Isso nos remete às hipóteses levantadas durante a elaboração do projeto, podendo pontuar que o resultado final previsto mostrará a possibilidade de discutir a inserção do assunto na grade curricular dos acadêmicos de saúde, tendo em vista o déficit presente no Brasil quando o assunto é conhecimento acerca do Testamento Vital, inclusive por parte dos profissionais. Os estudos sobre o Testamento Vital ainda são raros e recentes, para alguns autores a explicação dessa situação além da atualidade do tema, seria que outro fator que resulta nesta insciência pelas pessoas se dá visto que essas apreciações na grande maioria das vezes são básicas, e não possui maior enfoque. Com isso nos indica a necessidade de desenvolver nos cursos de graduação da área da saúde, principalmente para acadêmicos de Medicina e Enfermagem, as competências e habilidades que possam ser aplicadas em situações de terminalidade, buscando construção de perspectivas saudáveis e realistas frente a essas situações, tanto para os pacientes e familiares quanto para os próprios profissionais. Com os avanços tecnológicos em andamento e o pensamento inovador, essas estratégias podem ajudar a preencher a lacuna entre as salas de aula e os ambientes clínicos.

 


Palavras-chave


Dignidade; enfermagem; bacharelado em enfermagem; terminalidade; testamento; autonomia.