Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Teatro e Loucura: possibilidades de cuidado
Deivid Ferreira Lima, Mayra Pereira de Jesus

Última alteração: 2018-01-25

Resumo


O presente trabalho trata-se de um relato de experiência referente a oficina de teatro, que ocorre no programa de residência multiprofissional em saúde mental do Instituto de Psiquiatria da UFRJ – IPUB/UFRJ, que tem como direcionamento ético-político a desinstitucionalização. Que possibilita enquanto cenário de prática estar inserido em ações nas enfermarias psiquiátricas deste instituto, bem como, vivenciar a experiência da internação e institucionalização em um hospital psiquiátrico no município do Rio de Janeiro, de forma a incidir sobre o processo de institucionalização e mapeamento/construção de uma rede de cuidado territorial. Se pensarmos na Reforma Psiquiátrica Brasileira, a mesma nos apresenta um novo modelo de cuidado em saúde mental, que vem como alternativa ao modelo asilar anterior  que era pautado no isolamento, preconizando a internação como única possibilidade de cuidado as pessoas que sofriam de algum transtorno mental.  As ações da residência multiprofissional produzem impacto não somente na rede de cuidado do sujeito em internação como também no próprio sujeito, uma vez que apresenta novas formas de cuidar em saúde mental frente às já estabelecidas dentro de um hospital psiquiátrico. O objetivo principal deste trabalho consiste em discutir os impactos e afetos produzidos pela oficina de teatro, desenvolvida dentro do espaço do hospital e coordenada por residentes multiprofissionais junto a usuários em situação de internação. A  partir de concepções da linguagem teatral que convoca os envolvidos na oficina, tanto profissionais quanto usuários internados,  uma reflexão sobre seu protagonismo no tratamento e também como sujeitos sociais em busca de outras relações que superem os limites impostos pela instituição. Portanto a oficina se apresenta como dispositivo de cuidado e espaço de potencialidades, se utilizando do teatro como disparador desta reflexão, como espaço de elaboração de suas realidades e singularidades , fugindo a lógica medicamentosa e restritiva. A oficina de teatro ocorria uma vez por semana, em um período de uma hora e meia, prioritariamente em um espaço fora das enfermarias, coordenada principalmente por residentes da categoria de serviço social, psicologia e terapia ocupacional, com experiências anteriores de teatro ou não, totalizando uma média de dez encontros e com a constante  rotatividade de usuários internados. Foi estabelecido um método de construção desses encontros a partir da observação e da avaliação da oficina, onde foi necessário estar disponível a acolher as diversidades e principalmente ao novo, a flexibilidade do que fosse produzido a cada encontro e ao fora do planejado. No processo do fazer junto, da construção coletiva e inédita, foi possível avaliar que muitos sujeitos não tinham aproximação com o teatro, nem como ator ou espectador, e também relatado por alguns, que aquele espaço se configurava como um “alívio” durante o período de internação. Avaliamos esse espaço como potente, sendo criativo e criador de narrativas e afetos que se estabeleciam nas relações e no espaço de fala e escuta com o outro, bem como as intervenções do próprio coletivo enquanto contorno e mediação no processo de cuidado individual.. Iventivo e necessário frente a lógica manicomial ainda existente.

Palavras-chave


teatro; saúde mental; oficina