Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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A Instabilidade Postural em Idosos de uma comunidade Amazônica
Gabriela de Oliveira Souza Ramos, Camila Carlos Bezerra, Simone Ramos de Castro

Última alteração: 2017-12-29

Resumo


APRESENTAÇÃO: Dentre as perdas apresentadas pelo idoso, durante o processo de envelhecimento, destaca-se a instabilidade postural, que decorre devido às alterações do sistema sensorial e motor, induzindo a uma maior predisposição de queda. Além das consequências diretas da queda, os  idosos limitam suas atividades por causa das dores, incapacidades, medo de cair, e por atitudes protetoras de familiares e cuidadores. A instabilidade postural é uma das perdas mais comuns apresentada durante o envelhecimento e sua causa se deve aos desequilíbrios de ordem sensorial e motora, além de levar a uma tendência acentuada às quedas. Portanto, a instabilidade postural é fator causal de quedas e de outros traumas que põem em situação de extremo risco e vulnerabilidade a vida e o bem-estar da pessoa, ela pode ser definida como a ausência de capacidade para retificar o deslocamento do corpo durante seu movimento no espaço. Está associado a aspectos como falta de atividade física, deficiências nutricionais, dentre outros. A queda é uma causa externa intimamente ligada ao processo de envelhecer e deve ser visualizada como um sintoma suscetível de investigação, podendo ser imagem da incapacidade do idoso em opor-se aos fatores ambientais do ciclo natural da vida. Define-se queda como o deslocamento involuntário do corpo para um grau mais abaixo à posição inicial, com inaptidão de correção em tempo hábil, estabelecido por circunstâncias multifatoriais que comprometem a estabilidade corporal. Com o aumento da idade, há alteração do controle postural em virtude da diminuição na velocidade de condução das informações, assim como no processamento das respostas, que são lentas e inadequadas, gerando instabilidade e pondo em risco a movimentação segura dos idosos, pela sua predisposição a quedas.            Este achado clínico de instabilidade postural é considerado como uma síndrome geriátrica de causa multifatorial, decorrente ao acúmulo de carência em múltiplos sistemas, causando grande vulnerabilidade dos idosos frente aos desafios cotidianos. Sabendo que esta questão pode ser melhor observada pela enfermagem durante as suas consultas e visitas domiciliares, pode-se atuar de forma a prevenir, com orientações e recomendações. Assim, tornou-se relevante identificar os idosos com instabilidade postural na comunidade para realizar tais ações. METODOLOGIA: Pesquisa transversal caso-controle de abordagem quantitativa. A população contemplou os idosos moradores da comunidade de Manaus, Amazonas, previamente cadastrados em um programa de idosos. O cálculo da amostra populacional dos idosos foi realizado com base na estimativa da média populacional, através da formula para populações finitas, população: 111 Idosos, estimativa para P:05, margem de erro: 5%, coeficiente de confiança: 95%. O tamanho da amostra calculada foi de 86 idosos, porém destes abordados houve 5 recusas, totalizando 81 idosos coletados conforme o critério de inclusão. Para a inclusão e exclusão dos sujeitos foram utilizados os seguintes critérios de inclusão: indivíduos com  idade maior ou igual a 60 anos, residentes na comunidade e cadastrados no programa e exclusão: idosos acamados, com problemas visuais e auditivos não corrigidos, com locomoção exclusivamente por cadeira de rodas, uso de prótese e déficit cognitivo e mental. A coleta de dados se deu no período de 31 de julho a 20 de outubro, após a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da - Universidade Federal do Amazonas sob CAAE 62556516.1.0000.5020 e conhecimento, aceitação e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido(TCLE), para o consentimento de participação.Os idosos foram previamente contactados, e abordados em seu domicílio pela pesquisadora, sempre na presença de um familiar. Foi aplicado a escala de equilíbrio de Berg para que fossem identificados os idosos com instabilidade postural. A escala é composta por 14 itens cuja pontuação varia de 0 a 4 pontos, totalizando 56 pontos, cujos escores menores que 50 pontos são preditivos de quedas. Para análise dos dados, as informações coletadas por meio da Escala de Equilíbrio de Berg foram divididas em grupos com tarefas funcionais semelhantes: transferências (questões 1, 4 e 5), provas estacionárias (questões 2, 3, 6 e 7), alcance funcional (questão 8), componentes rotacionais (questões 9, 10 e 11) e base de sustentação diminuída (questões 12, 13 e 14). Estes dados foram organizados e alimentados em uma planilha e por meio de somatório das pontuações e auxilio de um estatístico, foi estabelecido os scores, considerando a pontuação de 0-4 para cada tarefa em que 0 - é incapaz de realizar a tarefa e 4 - realiza a tarefa independente.RESULTADOS: Análise das características sociodemográficas e de saúde constatou que a maioria dos indivíduos eram do sexo feminino n=69 (57,9%), com média de idade de 74,83 ± 8,52 anos, variando entre: mínimo de 60 anos e o máximo de 99 anos. Nesse estudo, os escores obtidos variaram entre o mínimo 30 e máximo 56, sendo os fatores sexo feminino e idade entre 71-90 anos, foram os grupos que apresentaram os menores scores na Escala de Equilíbrio de Berg. Análise estatística dos subgrupos populacionais estratificados pelas variáveis sociodemográficas e as relacionadas ao estado de saúde, evidenciaram que apenas a variável idade apresentou efeitos significantes no scores (p-valor < 0,05). Para análise dos dados obtidos considerou-se que idosos com scores de pontuação inferior a 50 eram indicativo de risco de quedas por instabilidade postural, scores < 50 são mais frequentes na idade entre 81-90 anos e os scores ≥ 50 nas idades entre 60 – 80 anos. De acordo com a divisão em grupos com tarefas funcionais semelhantes foram avaliadas estatisticamente os fatores da Escala de Equilíbrio de Berg que apresentavam maior influência no valor do score, verificou-se que a base de sustentação diminuída e componentes rotacionais são os mais significativos, seguidos das transferências e alcance funcional, sendo responsáveis pela redução do valor de score indicativo de um aumento no risco dos idosos. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Os aparecimentos dos distúrbios do equilíbrio corporal têm gigantesca influencia na vida dos idosos, podendo levá-los à redução de sua autonomia social, visto que acabam restringindo suas atividades cotidianas, pela propensão a quedas e fraturas, trazendo sofrimento, imobilidade corporal, medo de cair novamente e altos custos com o tratamento de saúde. A queda é uma causa externa intimamente ligada ao processo de envelhecer e deve ser visualizada como um sintoma suscetível de investigação, podendo ser imagem da incapacidade do idoso em opor-se aos fatores ambientais do ciclo natural da vida. Estes resultados evidenciam a necessidade da enfermagem criar estratégias de cuidados para promoção e prevenção da instabilidade postural em idosos, assim como, identificar comportamentos e fatores que afetem o risco de quedas; revisar o histórico de quedas com o paciente e a família, identificar características ambientais capazes de aumentar o potencial de quedas, orientar uso de dispositivos auxiliares para deixar o andar mais firme, educar os familiares sobre fatores de risco que contribuam para quedas e a forma de reduzir esses riscos, sugerir adaptações em casa para aumentar a segurança, orientar a família sobre a importância de apoios para as mãos em escadas, banheiros e corredores, auxiliar a família a identificar perigos em casa e a modificá-los. É de suma importância que a enfermagem identifique estes idosos com instabiliddade para poder atuar de forma individual, cuidando de uma forma holística de cada idoso.

 


Palavras-chave


Instabilidade Postural; Envelhecimento; idosos