Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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PERCEPÇÕES SOBRE A PRODUÇÃO DO CUIDADO EM SAÚDE MENTAL DOS USUÁRIOS E SEUS FAMILIARES EM UM PRONTO SOCORRO
Mariana Valls Atz, Anelise Fiori, Alane Nardi, Priscila Schonarth, Ana Caroline Roehrs, Gabriela Pires, Graziele Dulius, Jéssica Sartori Ribeiro

Última alteração: 2017-12-22

Resumo


APRESENTAÇÃO: O Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre (HPS-POA) é uma das instituições municipais de saúde 100% SUS e a principal porta de entrada na rede em situações de trauma grave, referência para o estado do Rio Grande do Sul. O HPS-POA conta com o Serviço de Saúde Mental, composto por três psiquiatras, duas psicólogas e oito residentes em Psicologia Hospitalar. As atividades desenvolvidas por esse setor consistem em: 1) acompanhamento de todos os usuários e seus familiares internados nas UTIs adultas e pediátrica, bem como na Enfermaria e UTI de queimados; 2) atendimento a todos os menores de 18 anos internados; 3) atendimento às mulheres vítimas de violência; 4) avaliação das tentativas de suicídio na Emergência; 5) avaliação a partir das mais diversas solicitações das Enfermarias e Emergência. A partir dessas atividades, as residentes se deparam com a seguinte questão: como produzir cuidado em um ambiente de trauma? Este trabalho pretende, portanto, refletir sobre as percepções das residentes de Psicologia quanto ao cuidado em saúde mental dos usuários e seus familiares. DESENVOLVIMENTO: Entende-se que esse cuidado se constitui a partir de uma crise circunstancial na existência desses sujeitos e que, muitas vezes, é a primeira vez que eles têm a oportunidade de ser atendidos por um profissional de saúde mental. Assim, atende-se os mais diversos tipos de trauma: queimaduras, traumatismos cranioencefálicos, amputações, violência e maus-tratos, etc., e suas consequências. Tais acontecimentos são inesperados e disruptivos ao mundo presumido, portanto, essas situações são marcas na existência dos sujeitos e o atendimento em saúde mental na internação é a primeira oportunidade para construir caminhos para re-existir. Da mesma forma, o acolhimento aos familiares que se deparam com seus entes em risco de morte e/ou em plena transformação de suas condições de vida se oportuniza com momentos de elaboração e ressignificação do viver e dos sistemas familiares. IMPACTOS: A Psicologia está nesse ambiente para acolher e suportar a situação aguda, emergente, e, portanto, um momento de extrema fragilidade psíquica dos sujeitos. E por ser tão intensa essa fragilidade – resultando muitas vezes numa desestruturação dos sujeitos, das certezas, dos sistemas homeostáticos familiares – é que a Psicologia pode produzir um cuidado potente, que seja ponte sobre águas turbulentas. E essa ponte pode-se construir de muitas maneiras, seja ponte entre usuário/família e a equipe; usuário e familiares; usuário/família e rede assistencial; usuário e a readaptação a sua nova condição clínica e reestruturação da condição familiar; inscrição do usuário enquanto sujeito e não apenas doença/leito. Logo, produz-se cuidado quando unimos as margens de uma história presente com narrativas passadas e planos futuros. CONSIDERAÇÕES: Mesmo diante da falta de recursos materiais e das limitações de encaminhamento efetivo para a rede de saúde, percebemos que se pode produzir cuidado a partir da autonomia de construção de setting, da humanização das visitas, da inserção das famílias no processo de cuidado, das intervenções criativas.


Palavras-chave


Saúde Mental; nível terciário