Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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IMPLANTAÇÃO DA ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO CARDIOVASCULAR EM PACIENTES HIPERTENSOS NO MUNICÍPIO DE PARINTINS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Darlane Valério Pinto

Última alteração: 2018-01-15

Resumo


APRESENTAÇÃO: A realização da estratificação de risco cardiovascular (ERCV) é fundamental para a seleção dos indivíduos que têm maior possibilidade de desenvolver complicações decorrentes da hipertensão, e desta forma, intervir com terapêuticas adequadas aos mesmos conforme o grau de risco. Para a realização da estratificação de risco cardiovascular durante a consulta de Enfermagem é indicada a utilização do escore de Framingham, tendo em vista, que a estratificação tem como objetivo estimar o risco de cada indivíduo sofrer uma doença arterial coronariana nos próximos dez anos, sendo essa estimativa fundamentada na presença de vários fatores de risco como sexo, idade, níveis pressóricos, tabagismo, níveis de HDLc e LDLc. A partir da estratificação de risco, selecionam-se indivíduos com maior probabilidade de complicações, os quais se beneficiarão de intervenções mais intensas. O objetivo do estudo é relatar a experiência na implantação da estratificação de risco de hipertensos nas Unidades Básicas de Saúde da zona urbana e rural do município de Parintins e demonstrar o resultado parcial das estratificações realizadas até presente data. DESENVOLVIMENTO: O município de Parintins, desde janeiro de 2017, está vivenciando um novo período na atenção à saúde, realizando a reconstrução da Atenção Básica como estratégia de reordenamento do SUS, tendo como uma das metas propostas reduzir a mortalidade prematura por doenças cardiovasculares. A gestão iniciou o processo de elaboração e implantação do protocolo municipal de hipertensão que propõe no seu objetivo geral estimular o diagnóstico precoce, o tratamento contínuo, o controle da Pressão Arterial e dos fatores de risco associados, e em um dos objetivos específicos avaliar, controlar e intervir em fatores de risco cardiovasculares associados à hipertensão. E, para otimizar essa intervenção é necessária a realização do acompanhamento das consultas dos usuários de acordo com a Estratificação de Risco Cardiovascular (ERCV). O Relato de experiência descreve a implantação e o resultado parcial da realização das estratificações de risco cardiovascular em pacientes hipertensos iniciada em março de 2017 e faz parte de um processo contínuo. A experiência foi e está sendo desenvolvida nas 09 (nove) Unidades Básicas de Saúde da zona urbana e 05 (cinco) da zona rural do município de Parintins, totalizando 14 unidades com 24 equipes da Estratégia Saúde da Família. A Gerência do Programa Municipal de Hipertensão da Secretaria Municipal de Saúde de Parintins elaborou um formulário e distribuiu às equipes da Estratégia Saúde da Família (eESF) para que se coletasse dados atualizados dos hipertensos das áreas de abrangência, tendo em vista que o Sistema de Informação em Saúde HiperDia encontra-se fora de operação desde o ano de 2014, o qual obteve-se a informação de que o município possui 3.373 pessoas com hipertensão. O processo iniciou em março de 2017 com a capacitação dos profissionais de saúde sobre a realização da Estratificação do Risco Cardiovascular baseado no Escore de Framingham do Caderno de Atenção Básica no 37 – Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica – hipertensão arterial sistêmica do Ministério da Saúde. RESULTADOS: A capacitação foi realizada por Unidade Básica de Saúde para todos os profissionais da ESF (médicos, enfermeiros) com duração de quatro horas e a metodologia utilizada foi abordagem teórica sobre a temática e realização de exercícios práticos. As estratificações de risco foram realizadas através de roteiros impressos em duas vias carbonadas, ficando uma via no prontuário do paciente e a outra via encaminhada à gerência do programa para criação do banco de dados municipal. Através de reuniões realizadas com a coordenação da atenção básica, equipe técnica e enfermeiros, foi possível identificar as dificuldades encontradas nesse processo, as quais pode-se destacar: a resistência por parte de alguns profissionais em realizar a estratificação, devido ao tempo que levavam para preencher o instrumento durante as consultas. Outro problema encontrado foi a obtenção dos resultados dos exames laboratoriais em tempo hábil, pois a demanda foi aumentada e o tempo para marcação dos mesmos estava distante. O primeiro momento se deu através da capacitação em estratificação de risco cardiovascular para todos os profissionais da ESF (médicos, enfermeiros, Agentes Comunitários de Saúde e Técnicos de Enfermagem) com carga horária de 4 horas e com metodologia teórica e prática. Inicialmente foi abordada a teoria relacionada à estratificação de risco cardiovascular, e em seguida, foi abordado e entregue um estudo de caso para ser resolvido e discutido. Na oportunidade, o formulário de coleta de dados da estratificação foi apresentado, baseado no Caderno de Atenção Básica e na 7ª Diretriz Brasileira de Hipertensão. De acordo com Brasil (2013), a estratificação de risco cardiovascular pode ser realizada pelo enfermeiro na consulta de enfermagem, mas na prática foi solicitado que os médicos realizassem juntamente com o enfermeiro pelo excesso de demanda. Até a presente data foram realizadas 1.717 (50,90%) estratificações de risco cardiovascular dos 3.373 pacientes hipertensos. Porém, vale ressaltar que esse processo é contínuo, sujeito à alterações, pois pela inexistência dos SIS-HIPERDIA, a ERCV é o cadastro do hipertenso no município de Parintins para identificação de novos pacientes com o diagnóstico da hipertensão. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A Atenção Básica do município de Parintins tem buscado atender a demanda de pacientes hipertensos, encaminhando-os a outros pontos de atenção quando necessário. Atualmente, é fundamental a mudança do estilo de vida (hábitos alimentares, prática de atividade física), especificamente dessa população. Ressalta-se a importância das equipes do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) para contribuir com essas medidas não medicamentosas estimulando a mudança de comportamento. Todos os profissionais de Saúde da Atenção Básica têm um importante papel nas ações individuais e coletivas de controle da hipertensão arterial e a estratificação de risco foi e está sendo uma etapa importante para lidar com os graus de risco aqui mencionados. Apesar de algumas dificuldades vivenciadas para a realização da estratificação, foi possível inserir na rotina dos profissionais das Unidades Básicas de Saúde da Atenção Básica tal ação, de forma que o instrumento da estratificação de risco para hipertensos tornou-se o cadastro desta população. Desta forma, acredita-se e espera-se que o aprimoramento na condução dos pacientes hipertensos no município de Parintins e a busca em oferecer a esses indivíduos uma melhor qualidade de vida implique na redução das internações e óbitos decorrentes das complicações por hipertensão.


Palavras-chave


Estratificação de Risco Cardiovascular. Hipertensão. Atenção Básica