Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
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Percepção do Acadêmico de Farmácia no Projeto Fique Sabendo Jovem
Última alteração: 2017-12-27
Resumo
O Projeto Fique Sabendo Jovem foi lançando em Fortaleza no dia 13 de dezembro de 2013 resultado da articulação entre a Área Técnica de IST, aids e hepatites virais da Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza (SMS) e Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) que doou uma Unidade Móvel para realização das atividades. O público prioritário adolescentes e jovens entre 15 e 24 anos em situação de risco ampliado para HIV/Aids. Os parceiros do Projeto são o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre o HIV/Aids (Unaids); O Governo do Estado do Ceara; A Prefeitura Municipal de Fortaleza; A Rede Nacional de Adolescentes e A Jovens Vivendo com HIV/Aids; O Grupo de Apoio à Prevenção à Aids (Gapa-CE); O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFCE) e a Rede de Adolescentes e Jovens pelo Direito ao Esporte Seguro e Inclusivo (Rejupe-CE). Com a doação de uma unidade móvel para o Projeto realizada pela Unicef, membros das instituições parceiras realizam orientações sobre Direitos Sexuais e Reprodutivos, oferta de exames, por meio de testes rápidos (TR) para diagnostico de IST (Infecções sexualmente transmissíveis) como HIV, Hepatite B, Hepatite C e Sífilis. No Ceará, foram notificados 16.790 casos de Aids entre os anos de 1983 a junho de 2016. A partir da Publicação da Portaria Nº 1.271 de 06 de junho de 2014, passaram a ser notificados também casos de HIV, o que pode ter impulsionado o aumento do número de notificações da doença/condição. Já entre 2007 e 2016 foram notificados ao Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) 7.027 casos de hepatites virais. Destes, 3.061 (43,6%) referentes a hepatite A, 1.900 (27,1%) hepatite B, 2.020 (28,7%) hepatite C e 46 (0,7%) hepatite D. Nos anos de 2010 a 2016 foram registrados 3.075 casos de Sífilis Adquirida, entre os anos de 2005 e 2016 foram registrados 5.820 casos de Sífilis em Gestantes e nos anos de1998 a 2016 foram registrados 8.970 casos de Sífilis Congênita. A experiência teve como foi proporcionar a acadêmica de farmácia uma experiência prática na ampliação do acesso ao diagnóstico as populações mais vulneráveis em IST por meio do Projeto Fique Sabendo Jovem. A metodologia utilizada foi de um estudo descritivo com abordagem qualitativa com o objetivo de descrever a percepção do acadêmico de farmácia a respeito de uma experiência acadêmica e profissional. Contando com a participação de profissionais como Farmacêutico, Enfermeiro, Assistente Social, Sociólogo e Psicólogo, a equipe se completa com acadêmicas de Enfermagem e Farmácia e com jovens vivendo com HIV/Aids que se voluntariaram para compartilhar suas experiências com as pessoas presentes. A experiência foi desenvolvida no dia 30 de setembro de 2017 na Praça Verde do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura que está localizado na Praia de Iracema da cidade de Fortaleza onde há uma grande concentração da população chave. A atividade se iniciou com a apresentação da unidade móvel (micro-ônibus) que possui três compartimentos, todos separados por portas sanfonadas. A primeira porta que dá acesso ao primeiro compartimento é onde se realizam os testes rápidos, no centro temos o segundo compartimento que é onde será feito os laudos dos testes realizados e o terceiro compartimento, assim como o primeiro, tem acesso para o exterior, é o local em que o profissional fará a entrega de resultados ao usuário, sempre prezando a privacidade do mesmo. Posteriormente no lado exterior existem mesas dispostas que servirão para o pré-acolhimento e preenchimento dos dados dos pacientes, fui instruída por um profissional sobre todas as questões contidas nessa ficha e em como a abordagem de certas perguntas devem ser feitas de maneira mais casual e informal, deixando assim o usuário mais à vontade e estabelecendo assim uma relação de confiança mútua. Essas informações serão usadas para a interpretação dos resultados apresentados nos TR. Em seguida recebo instruções sobre as diferenças estruturais entre os testes ofertados, no caso foram TR para Sífilis e HIV, acompanho o procedimento de coleta de material biológico do paciente. Posteriormente observo os resultados apresentados pelo método imunocromatográfico. Além dos profissionais o Projeto conta com o apoio de Jovens vivendo com HIV/Aids que relatam suas experiências ou apenas mantem uma conversa descontraída com aqueles que fazem uso do serviço. O local e data escolhidos, assim como nas edições anteriores, teve definição porque haveria um show, o que concentra uma grande quantidade de público. Dessa maneira, profissionais trajados com coletes andavam pelo espaço informando as pessoas sobre a unidade móvel e o serviço oferecido e também distribuindo preservativos. A política governamental brasileira de resposta a Aids, baseada na distribuição universal gratuita de antirretrovirais e medicamentos para doenças oportunistas por meio do SUS (Sistema Único de Saúde), foi muito criticada na época de seu lançamento. Contudo, atualmente, é considerada um grande sucesso pela universalidade da entrega de medicamentos gratuitamente, em contrapartida estamos vivendo num cenário de recrudescimento. O relatório anual "Como a Aids mudou tudo" divulgado pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS, 2015), consta que no mundo houve uma queda de 35% no número de novas infecções pelo HIV, entre 2000 e 2014. Infelizmente, sob esse aspecto, o Brasil ficou na contramão da história. Se, por um lado, está registrado que caiu o número de infecções nas crianças entre 0 e 14 anos, por outro, o relatório deixa claro que, no período compreendido entre 2004 e 2013, esse número cresceu 53% nos jovens de 15 a 24 anos. Já a Sífilis que foi considerada uma doença sob controle no estado do Ceará, o número entre jovens de 15 a 24 anos, em 2010 foram um total de 39 casos, já em 2016 foram 358 casos apenas de Sífilis Adquirida, um aumento em 817% segundo os dados da Secretaria de Saúde do Estado (SESA). Já a Sífilis Congênita pulou de 168% entre 2007 e 2015, com taxa de incidência de 8,7 casos por mil nascidos vivos. Muitos profissionais apontam que uma das principais causas para essa elevação no número de casos de Aids e Sífilis pela população jovem é a grande banalização dessas doenças, atualmente, quando uma pessoa adquire a Aids ela se torna alguém com uma doença crônica e que fará uso da Terapia antirretroviral (TARV) durante toda sua vida. Outro fator importante é a falta de conhecimento em Educação em Saúde, a cada 4 brasileiros infectados, 1 não sabe que vive com HIV. Já nos casos de Sífilis os pacientes dificilmente conseguem notar os sinais e sintomas da doença por apresentar uma característica de latência entre suas diferentes fases. Atividades como essas estimulam o acadêmico a ter um olhar mais clinico-assistencial, principalmente sendo participante ativo nessa condução de educação manejo de IST's, expandindo o olhar no processo de cuidado a posterior campo de trabalho. A disseminação de informações não só contribui para a formação do acadêmico, como também é muito importante para a realização de diagnósticos precoces de ISTs o que pode proporcionar um tratamento mais eficaz e reduzindo assim as chances de transmissões.
Palavras-chave
Percepção Acadêmica; HIV; Aids;