Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Itinerário dos pacientes que necessitam de atenção oncológica na Amazônia Brasileira
Kelliane Silva De Oliveira, Márcia Godinho Guimarães, Silvia Letícia Gato Costa, Hernane Guimarães Dos Santos Junior

Última alteração: 2017-12-28

Resumo


As doenças crônicas apresentam uma dinâmica muito distinta na humanidade, o Câncer com seu crescimento desenfreado de células anormais em tecidos ou órgãos, está entre as principais causas de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT). Podendo chegar a 80% dos casos por fatores ambientais. Estima-se que 8,3 milhões de pessoas morrem de câncer no mundo e cerca de 70% ocorreram em países com média e baixa renda, e a falta de tratamento é apontado como principal motivo. Aproximadamente 60% das pessoas com câncer no Brasil, recebem o diagnóstico da doença em estado avançado, e o norte é uma das regiões com maior dificuldade de acesso às novas tecnologias médicas, especialmente na área da oncologia. Este estudo tem como objetivo demonstrar o itinerário dificultoso de pessoas com necessidades oncológicas de comunidades rurais.

Trata-se de um relato de experiência de profissionais da saúde que convivem com pacientes que necessitam de atenção especializada nas comunidades rurais próximas aos municípios de Rurópolis e Placas, do estado do Pará, às margens da Rodovia Transamazônica.  Os atendimentos oncológicos são direcionados ao Hospital Regional do Baixo Amazonas, localizado na cidade de Santarém no Estado do Pará, pólo de referência.  Os municípios de Placas e Rurópolis fazem parte dos 20 municípios que abrangem este território, e encaminham seus pacientes que precisam de atendimentos de alta complexidade, para o hospital regional por meio do Tratamento Fora de Domicílio (TFD), para diagnóstico e tratamento de câncer e outras doenças e agravos.

A demora no atendimento é a principal problemática encontrada no território e podemos afirmar que, a dificuldade da chegada de informação ao paciente, devido muitas dessas pessoas não possuírem telefone e muito menos internet em suas propriedades, as localidades afastadas dos centros urbanos, o deslocamento das pessoas para outras cidades por meio fluvial e terrestre, logística territorial complicada com muitos problemas á serem transponíveis, municípios de residência sem equipamentos e estrutura necessária para diagnóstico (mamógrafo para que as mulheres realizem a mamografia regularmente a fim de detecção precoce de possível câncer de mama). Estes fatores aliado, a precariedade de equipamentos e serviços, aos tabus impostos na sociedade, comum em cidades pequenas, o que é gerado também por falta de uma devida orientação prestada a esse público. Outro fator relevante para aumento de mortes por câncer é a não realização do exame citopatológico (Papanicolau), muitas vezes por insegurança, vergonha, ou proibição dos seus parceiros. Todos esses fatores do itinerário de acesso dos pacientes são causados principalmente pelas distâncias geográficas, que é uma característica peculiar da região Amazônica. Estas dificuldades contribuem para que muitos usuários não tenham acesso à assistência e atenção à saúde, contribuindo para ocorrência de casos emergenciais, ainda bastante recorrentes na Região Amazônica.

Dessa forma um dos maiores desafios hoje, é a busca por diagnósticos precoces do câncer, com maior acessibilidade e disponibilidade de resolução por parte da rede de saúde, contribuindo assim para o aumento da porcentagem de cura para os pacientes com neoplasias e melhora na distribuição territorial.


Palavras-chave


Território; Câncer; Amazônia