Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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PERFIL COMPORTAMENTAL DOS ESTUDANTES DE ENFERMAGEM EXPOSTOS AOS VÍRUS DAS HEPATITES B E C
Carlos Eduardo Bezerra Monteiro, Francisca Moreira Dantas, Josiane Montanho Mariño

Última alteração: 2017-12-27

Resumo


Apresentação: A hepatite B é causada pelo vírus da hepatite B (HBV), sendo um vírus DNA pertencente à família Hepadnaviridae, considerado altamente infectivo. É uma doença viral que cursa de forma assintomática ou oligossintomática, prejudicando a sua identificação e o tratamento na fase aguda. A hepatite C é ocasionada pelo vírus da hepatite C (HCV), um vírus do tipo RNA no qual pertence ao gênero Hepacivirus e família Flaviviridae. Na maioria dos casos a infecção é subclínica ou assintomática, representando uma ameaça significativa para a saúde pública, podendo transmitir o vírus a outros, sem o conhecimento. As hepatites virais têm grande importância para a saú­de pública no Brasil e no mundo devido ao número de indivíduos atingidos e pela possibilidade de complicações. Constitui-se um importante desafio especialmente pela prevalência da infecção e risco de desenvolvimento das complicações crônicas incluindo cirrose, insuficiência hepática crônica e carcinoma hepatocelular. O objetivo do estudo é descrever o perfil sociodemográfico e comportamental dos acadêmicos do curso de Enfermagem do Instituto de Saúde e Biotecnologia expostos aos vírus das Hepatites B e C. Desenvolvimento do trabalho: Trata-se de um estudo quantitativo, descritivo, transversal, aninhado à pesquisa intitulada “Hepatite B e C em estudantes de enfermagem: prevalência e associação com os fatores de risco”. A amostra foi composta por 94 acadêmicos do curso de Bacharelado em Enfermagem do Instituto de Saúde e Biotecnologia (ISB) da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) localizado no município de Coari, Amazonas.  O curso de enfermagem do ISB tem 5 turmas por semestre (ocorre apenas uma entrada de 40 alunos por ano). Desta maneira, no período em que os dados foram coletados, os alunos cursavam o 1º, 3º, 5º, 7º e 9º semestres. O estudo teve como critérios de inclusão graduandos de ambos os sexos, matriculados regularmente nos cinco semestres do curso, onde foram selecionados de forma aleatória. Estiveram excluídos da pesquisa os acadêmicos afastados de sala de aula quando o motivo da reclusão não se relacione com o evento estudado, a exemplo dos casos de licença maternidade e outras patologias. Foram excluídos, ainda, os alunos oriundos de povos indígenas, bem como os discentes com matrículas trancadas. Os dados foram coletados por 2 entrevistadores previamente treinados, nos meses de Julho e Agosto de 2017 no laboratório de Enfermagem do ISB, em local privado. Os pesquisadores envolvidos explicaram os objetivos do estudo, procedimentos e destino dos dados, bem como informaram que a participação na pesquisa consiste de forma voluntária e que os resultados seriam tratados com confidencialidade, garantindo o anonimato das informações. Os entrevistados participantes do estudo assinaram duas vias do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. O instrumento utilizado para a coleta de dados foi um questionário composto por três blocos (1) informações gerais: dados sociodemográficos; (2) informações comportamentais e (3) resultados dos exames (teste rápido das Hepatites B e C). Os dados foram tabulados e analisados com o auxilio do software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) 20.0 for Windows. O projeto de pesquisa foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Amazonas, que aprovou conforme Certificado de Apresentação para Apreciação Ética (CAAE) 67016317.6.0000.5020, resguardando todos os aspectos éticos dos estudos envolvendo seres humanos. Resultados e/ou impactos: Dos 94 estudantes do curso de graduação em enfermagem avaliados 62,8% (n=59) eram do sexo feminino e 37,2% (n=35) do sexo masculino, com faixa etária entre 16 e 39 anos, obtendo uma média de idade de 22,5 anos. Se tratando da situação conjugal 78,7% eram solteiros, 11,7% união estável e 9,6% casados. Quanto aos fatores comportamentais em que estão expostos aos vírus das Hepatites B e C, 8,5% dos alunos realizaram tatuagens e 91,5% não fizeram tatuagens, 97,9% efetivaram transfusão sanguínea e 2,1% não executaram a transfusão sanguínea, no uso de preservativo durante as relações sexuais 54,3% garantiram usar sempre, 37,2% relataram usar às vezes e 3,2% não faziam uso do preservativo. De 94 acadêmicos entrevistados, 58 estudantes já haviam realizado aulas práticas conforme a matriz curricular do curso de Bacharelado em Enfermagem do ISB. Durante a fase das aulas práticas do curso 8,6% dos alunos tinham se acidentado com material perfurocortante. Quanto ao uso dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s) necessários em estágio, 10,3% dos graduandos costumavam utilizar às vezes durante a realização dos procedimentos e 89,7% afirmaram fazerem uso sempre dos EPI’s. Considerações Finais: Os estudantes da área de enfermagem encontram-se inseridos no grupo de risco para a infecção pelo vírus da hepatite B e C, pois o currículo é constituído de um ciclo básico de matérias que englobam as disciplinas das áreas biológicas e humanas, onde aprende-se na teoria e, posteriormente, aplica-se na prática nos laboratórios do curso com simuladores e depois com pacientes  hospitalizados e em situações de risco, o que aumenta a exposição à infecções. Vários fatores de risco podem estar associados à transmissão do HBV e HCV como o uso de drogas injetáveis, transfusão de sangue, realização de tatuagens e relação sexual desprotegida. Os acidentes com materiais perfurocortantes de­vem ser considerados por representarem gravidade especial, devido à possibilidade de contaminação biológica. A pesquisa abordada torna-se relevante para ampliação da visão dos estudantes de enfermagem sobre esse grave problema de saúde pública que pode ser de uma cronicidade elevada, levando em consideração a evolução para estágios irrevogáveis de assistência hepatológica, aumentando substancialmente o risco de morte, pois a hepatite B juntamente com a do tipo C são patologias progressivas que tem aumentado suas incidências. Recomenda-se que os acadêmicos de enfermagem expostos às infecções pelos vírus da Hepatite B e vírus da Hepatite C em função de contato com pacientes e manipulação de fluidos corporais, sejam todos conscientizados da necessidade da utilização permanente dos equipamentos de proteção individual EPI’s, e de fazer a prevenção da hepatite B através da vacinação. Destaca-se que a pesquisa pode caracterizar como uma importante ferramenta para a instituição pertencente, uma vez que permite conhecer as características dos seus alunos, possibilitando estratégias de intervenção na promoção da saúde. Propõem-se, também, estu­dos adicionais de investigação da soroprevalência de imunidade pós-vacinação e de procedimentos frente aos acidentes com material perfurocortante.