Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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A produção do cuidado e a micropolítica percebida numa revisão integrativa de estudos na saúde
Lucimara Victorino Cardoso Pais dos Santos, Alberto Durán González, Maria Eduarda Romanin Seti, Regina Melchior, Kátia Santos de Oliveira, Maira Sayuri Sakay Bortoletto

Última alteração: 2018-01-21

Resumo


Apresentação: Autores estudiosos sobre o tema apresentam o processo de trabalho em saúde como a prática de interação entre trabalhador e usuários das distintas redes de produção do cuidado. Interações essas que se relacionam com a utilização de tecnologias, que são empregadas no trabalho em saúde que passam a ser compreendidas como tecnologias de cuidado restritiva ou ampliadoras de acesso. Nos serviços de saúde há uma multiplicidade de redes, construindo linhas de produção do cuidado. No aspecto de trabalho em saúde relacionado com a micropolítica do processo de trabalho, considera-se que o sujeito que trabalha é influenciado pelo seu trabalho, ainda com a perspectiva de que, lidar com a saúde das pessoas é lidar com algo inesperado. Dessa forma o trabalhador de saúde necessita de criatividade e de um alto grau de autonomia para improvisar, ter iniciativa e poder exercer um trabalho eficaz dentro da saúde. Este estudo buscou analisar como está apresentada a relação da micropolítica com a produção do cuidado nos estudos na área da saúde.

Desenvolvimento: Este estudo foi realizado a partir do método de revisão integrativa, que consiste na construção de uma análise ampla da literatura, contribuindo para discussões sobre métodos e resultados de pesquisas, assim como reflexões sobre a realização de futuros estudos. A síntese do conhecimento, produzido diante da revisão integrativa reduz incertezas sobre recomendações práticas, permite generalizações precisas sobre o fenômeno a partir das informações disponíveis limitadas e facilita a tomada de decisões com relação às intervenções que poderiam resultar no cuidado mais efetivo e de melhor custo/benefício. Esse método escolhido tem como principal objetivo a integração entre a pesquisa científica e a prática no âmbito da atuação profissional, que ressalta a importância da pesquisa acadêmica na prestação dos cuidados, envolvendo a sistematização e publicação dos resultados de uma pesquisa bibliográfica em saúde para que possam ser úteis na assistência à saúde. Dessa forma esta revisão apresenta o estado de conhecimento sobre determinado assunto e permite identificar espaços que ainda necessitam de novos estudos. As etapas de seleção do estudo utilizadas para a revisão integrativa foi a de elaboração da pergunta norteadora para avaliação de hipóteses, partindo da identificação do tema, estabelecendo objetivos de pesquisa; busca ou amostra na literatura, situando critérios de inclusão e exclusão, tendo como princípio a pergunta norteadora; coleta de dados, representando as características da pesquisa primária; análise crítica dos estudos incluídos; discussão e interpretação dos resultados e apresentação da revisão integrativa. Foi realizada pesquisa com base em estudos publicados pela revisão da literatura de artigos, livros nacionais, manuais do Ministério da Saúde, documentos de Órgãos Governamentais e outras fontes que possa contribuir para a construção deste /trabalho. Essa consulta foi realizada por meio de pesquisa aos bancos de dados Scielo (Scientific Eletronic Library On-line), BVS (Biblioteca Virtual em Saúde), Medline e Lilacs, com a utilização das seguintes palavras: ”Cuidado em saúde”; “Produção do cuidado”; “Micropolítica na saúde” e “Processo de trabalho em saúde”.

Resultados: A partir da análise proposta, chegou-se a 575 artigos, 19 foram excluídos na leitura do títulos, pois não se tratavam do tema a ser estudado, 56 foram excluídos após a leitura do resumos e chegou-se a 51 para leitura do artigo na íntegra, ficando 15 para a revisão final. Estes textos, apresentam como eixo comum, o trabalho em saúde e os fluxos permanentes entre os sujeitos, na dimensão do cuidado a na distribuição das tecnologias, considerando-se as relações que ocorrem durante a produção dos atos de saúde. Construiu-se um caminho para a compreensão do tema, a partir do entendimento do processo de construção do SUS e posteriormente, pelo trabalho em saúde, que é caracterizado como um processo de interação direta entre os indivíduos e que traz à cena o processo de trabalho em saúde, que por vezes, são utilizadas as diferentes tecnologias para a resolução das necessidades apresentadas. O processo de trabalho em saúde opera sobre a centralidade do trabalho vivo e as tecnologias, segundo autores que estudaram o tema, operam e auxiliam no sentido de identificar as possibilidades de provocar mudanças e avanços no fazer em saúde. Na área da saúde, se estabelecem tensões, instabilidades e incertezas entre as políticas e organizações fortemente instituídas, porém, nela também atuam forças instituintes e causam novos arranjos e modo de fabricar a saúde. A micropolítica presente no agir da produção do cuidado na saúde repercute na produção cotidiana de subjetividades presentes no processo de trabalho, formando uma rede, entendida pelo conjunto das relações entre os vários atores. Cuidar torna-se iminentes e referentes às múltiplas possibilidades relativas ao encontro, onde nessa dimensão, amplia-se os elementos e pensamentos empregados na produção do cuidado, de modo que, esta produção em saúde não deve se limitar à realização de procedimentos técnicos, haja vista que se dá, também, na relação entre o usuário e o trabalhador. O processo de trabalho em saúde apresenta-se como a prática de interação entre trabalhador e usuários das distintas redes de produção do cuidado. Essas interações estão relacionadas com a utilização de tecnologias, que são empregadas no trabalho em saúde, a partir das relações que ocorrem durante a produção dos atos de saúde. De acordo com alguns autores, a micropolítica exercida na estruturação do ato de produção da saúde relacionado com a micropolítica do processo de trabalho, ou seja, nos processos de subjetivação que se encontram em um mesmo plano: o das relações e ações do cotidiano.

Considerações finais: Os agentes institucionais, trabalhadores, estabelecimentos, práticas discursivas, arranjos organizacionais passam a ser tecnologias de cuidado restritivas ou ampliadoras do acesso. Tecnologias essas que revelam a complexidade de conexões produzidas nos encontros entre esses elementos são produzidas também no plano micropolítico. Diante dos estudos, a micropolítica pode figurar-se como restritivas ou ampliadoras do acesso, visto que, o agir em saúde é operar na micropolítica dos encontros, no universo do trabalho vivo em ato, portanto, no processo de trabalho em saúde há um encontro de conhecimentos e concepções distintas entre o agente produtor e o consumidor, que, com suas subjetividades, é um agente ativo do processo de saúde e é, em parte, objeto do ato produtivo.


Palavras-chave


Micropolítica, Gestão do Trabalho, Revisão Integrativa