Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE A BIOSEGURANÇA NO SETOR DE QUIMIOTERAPIA: UM DESAFIO PARA A PROTEÇÃO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM
Taina da Silva Lobato, Adriele Pantoja Cunha, irineia de oliveira bacelar Simplício, Tayana de Sousa Neves, Lidiane da Silva Evaristo

Última alteração: 2018-01-25

Resumo


Apresentação: A quimioterapia é um setor que visa tratar pacientes com câncer e para isso emprega-se o uso de medicações antineoplásicas de maneira contínua ou intervalar. O trabalho realizado neste setor expõe a equipe de Enfermagem a diversos riscos dentre eles: Risco químico, físico, mecânico, biológico e os ergonômicos, advindos de diversas causas, dentre essas destacam-se: A inadequada manipulação do paciente, preparação e administração de substâncias quimioterápicas, exposição prolongada as partículas dos agentes químicos os quais propiciam que os indivíduos sejam suscetíveis a diversos problemas que podem surgir de forma imediata como: Vertigens, cefaleia, tonturas, vômitos, náuseas, irritação da garganta e olhos, alterações de mucosa e até mesmo reações alérgicas, ou de maneira tardia como: Alterações genéticas e no ciclo menstrual, ocorrência de aborto, malformações congênitas, infertilidade, perda de cabelo, genotoxicidade e até o aparecimento de tumores que vão depender do grau e do tempo que o trabalhador está exposto a esse risco.  Desta forma demanda da equipe de enfermagem cuidados redobrados, pois os mesmos além de realizarem atividades para que haja recuperação do paciente, necessitam estar atentos a sua própria saúde, por isso é imprescindível a biossegurança que consiste no conjunto de procedimentos destinado a prevenir, controlar, minimizar ou extinguir riscos existentes nos processos de trabalho que coloquem em risco a saúde e a vida humana do trabalhador. Sendo assim, é de extrema necessidade que haja capacitação inicial e continuada do profissional da saúde, utilização de equipamentos de proteção individual (EPI’s) em perfeitas condições, preparo e manuseio adequado das substâncias e a manipulação apropriada do paciente, assim consequentemente contribuindo para o controle e redução dos riscos de acidentes a esse trabalhador. Baseado na relevância do tema, o presente estudo tem como objetivo descrever as medidas de biossegurança utilizadas pela equipe de Enfermagem no setor de quimioterapia em um hospital público de referência do Oeste do Pará. Desenvolvimento do trabalho: Trata-se de um estudo descritivo do tipo relato de experiência, com abordagem qualitativa, desenvolvido por discente e docente do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade do Estado do Pará-Campus XII, realizado no dia 01/09/2017 no setor de quimioterapia de um hospital público de referência, localizado na cidade de Santarém/PA. Para obtenção das informações utilizou-se da observação sistemática e dirigida, bem como o uso da Norma Regulamentadora (NR 32). Resultados e /ou impactos: A visita possibilitou uma interação ensino e serviço, conhecimento do dimensionamento de pessoal e riscos presentes no ambiente laboral, bem como a aplicação da NR 32, que constitui-se de informações acerca de procedimentos obrigatórios referentes a medicina e segurança no trabalho. Contudo, por tratar-se de um ambiente permeado de insalubridade o hospital disponibiliza para colaboradores os EPI’s.(máscara de carvão ativado com filtro, protetores auriculares, toca, óculos com proteção lateral, luvas e capotes impermeáveis), sendo obrigatório utilizar durante os procedimentos, os profissionais fazem exames de rotina e acompanhamento com a médica do trabalho semestralmente, é vedado uso de maquiagem e esmalte durante o período que está trabalhando, devido estes conterem chumbo em sua fórmula o que ocasiona o aumento da intensificação dos efeitos da ação dos antineoplásicos contribuindo assim, para ocorrência de problemas cutâneos, é distribuído para o setor manuais de procedimentos e administração segura desses agentes químicos, somente a enfermeira pode manipular medicações quimioterápicas que são divididas em medicações irritantes que quando extravasadas causam reações cutâneas menos intensas como dor e queimação sem necrose tecidual ou formação de vesículas, no entanto mesmo sem o seu extravasamento podem ocasionar dor e reação inflamatória no local da punção e ao longo da veia utilizada para aplicação, já as medicações vesicantes provocam irritação severa com formação de vesículas e destruição tecidual quando extravasados no local da sua administração. Além disso, descartam-se os EPI’s nos resíduos químicos quando há casos de extravasamento ou derramamento de medicações antineoplásicas e solicitam outros através da supervisora do SESMT que fiscaliza o uso e verifica as condições destes EPI’s. Deste modo, percebeu-se que os profissionais do setor da quimioterapia conhecem os principais riscos a que estão expostos sejam, químicos como o contato direto das drogas utilizadas na pele ou mucosa e inalação de partículas aerossolizadas, biológicos como acidentes com perfuro cortantes, riscos físicos como exposição aos ruídos dos exaustores e ergonômicos por meio da repetição de atividades. Em suma todos estes riscos podem ocasionar ao profissional, agravos à saúde com surgimento imediato ou tardio que podem variar de leve a grave. Muito embora existam todos estes riscos, observou-se que os profissionais utilizam algumas medidas preventivas como o uso de equipamentos de proteção individual (EPI’s) inclusive protetor auricular, cuidados acerca da administração de medicações e exercícios de alongamentos para alívio e relaxamento corporal. Considerações Finais: Este trabalho foi de grande contribuição acerca dos conhecimentos sobre os principais riscos e suas formas de prevenção no setor de quimioterapia. No entanto, apesar de estes profissionais terem conhecimento sobre os riscos a que estão expostos, ainda existem grandes desafios para a proteção e segurança desses trabalhadores como: O cansaço, desequilíbrio emocional, pouca adesão ao uso de EPI, falta de compromisso de alguns colaboradores, negligência em seguir as normas preconizadas pelo setor, inexperiência e dupla jornada de trabalho, técnica incorreta de preparação e administração de medicações e falta de cuidado com a postura durante a prática de atividades de rotina, contribuindo dessa maneira para um elevado índice de acidentes de trabalho. Por isso, há necessidade de conscientização dos profissionais da equipe de Enfermagem, conhecimento sobre as medicações mais utilizadas no setor, assim como o a ordem de infusão, o método, a via de administração e as reações adversas que podem causar no paciente e no profissional por meio da exposição e manipulação inadequada, aumento da vigilância acerca do protocolo  que é disponibilizado contendo as normas a serem seguidas e constante capacitação destes profissionais acerca das medidas de proteção neste setor, com intuito de proporcionar qualidade na assistência prestada aos pacientes, mas também segurança do profissional no trabalho.


Palavras-chave


biossegurança, riscos ocupacionais, enfermagem.