Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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ABSENTEÍSMO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM NAS ENFERMARIAS DE UMA UNIDADE REFERÊNCIA EM ONCOLOGIA DO ESTADO DO AMAZONAS
Ana Elis Guimarães Araújo, Bruno Alves de Almeida, Julia Monica Marcelino Benevides, Érica Jacinto Dutra, Ganesh Ragbeer Júnior

Última alteração: 2018-01-21

Resumo


APRESENTAÇÃO: O absenteísmo ou ausentismo são termos utilizados, para designar a falta do empregado ao trabalho, isto é, o período em que os empregados se encontram ausentes do trabalho, durante o horário do expediente. As organizações hospitalares envolvem o trabalho de um grande número de profissionais com o objetivo de promoção da saúde, combate às doenças e aos agravos à saúde, tratamento e reabilitação dos clientes, entretanto, há fatores que desencadeiam estresse como a falta de material adequado, a insuficiência de pessoal apto às atividades e a desvalorização financeira do profissional. Estes fatores são geradores de insatisfação e condição de agravo à saú­de do trabalhador e o profissional de enfermagem apresenta grande sofrimento, gerando consequências que se manifestam por meio de sintomas digestivos, hipertensão arterial, cefaléia, insônia, depressão e ansiedade. O câncer é uma doença que por si só tem em suas representações sofrimento excessivo, resultando em sobregarga emocional e física sobre os atores da saúde. É importante para justificar novas políticas em relação a melhoria das condições de trabalho, que se investigue em unidades de saúde que prestam serviço em oncologia, as principais causas para as ausências recorrentes, chamando atenção para a categoria de enfermagem que passa 24 horas com o paciente e tem toda uma sobreposição de sofrimento e excesso de trabalho. O objetivo do estudo foi descrever as causas do absenteísmo da equipe de enfermagem nas enfermarias de uma unidade referência em oncologia no Estado do Amazonas, visando tornar-se fonte de subsídio para os gestores no que diz respeito a elaboração de estratégias para prevenir as ausências, além de possibilitar à gerência de enfermagem um planejamento estratégico quanto ao dimensionamento das equipes. MÉTODO DO ESTUDO: Estudo do tipo exploratório, descritivo, quantitativo. Realizado com 95 profissionais de enfermagem, em escala de serviço nas enfermarias da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas – FCECON, no período de agosto 2015 a julho de 2016, após convite, concordância e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, por meio de aplicação de questionário elaborado pelo próprio pesquisador, composto por variáveis sociodemográficas, incluindo remuneração, dados profissionais e sobre absenteísmo, com base nos objetivos do estudo, após aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa da FCECON, CAAE – 45719915.6.0000.0004. Na tabulação e análise dos dados foi utilizada estatística descritiva, por meio do programa Microsoft Excel®. RESULTADOS: Os profissionais entrevistados possuiam idade entre 32 e 66 anos, 60% destes com 32 a 43 anos, que é segundo a literatura, a faixa etária que apresenta maior número de ausências ao trabalho. A maioria é natural do estado do Amazonas (74,74%), casadas, o que pode contribuir para os altos índices de absenteísmo, até por se tratar de atividade predominantemente feminina, tendo, portanto, maiores responsabilidades domésticas, que acaba por sobrecarregá-las. Quanto à escolaridade, 48 possuem ensino médio completo e 19 pós-graduação lato sensu. No que se refere a categoria profissional 79 são técnicos de enfermagem e 16 enfermeiros, sendo portanto, os técnicos de nível médio detentores do maior número absoluto de afastamento, dado ao grande número de profissionais. Quanto ao tempo de serviço na instituição a maioria tinha entre 5 a 10 anos (74,74%), com remuneração na instituição em torno de R$ 1.200,00 a R$ 1.800,00 para nível médio e entre R$ 4.000,00 e R$ 9.000,00 de enfermeiros. 46 profissionais referem ter outro(s) vínculo(s) empregatício(s), com renda mensal variando R$ 1.200,00 a R$ 5.500,00 para técnicos e R$ 8.200,00 a R$ 15.000,00 para enfermeiros, entretanto, a carga horária semanal de trabalho destes servidores é de aproximadamente 70 horas. 57 funcionários tiveram de 1 a 10 faltas no decorrer do ano anterior à pesquisa. Ausências do trabalho referentes a motivos de saúde somaram 96,10% dos pesquisados. Os problemas de saúde mais citados foram: cirúrgicos 12,35%, infecção intestinal 14,81% e depressão 7,41%. Na variável dias em média de licença médica, predominou de 1 a 10 dias correspondente  a 30 profissionais. Em relação às condições de trabalho na instituição a maioria classifica como boa (42,11%), entretanto, 67,37% dos profissionais nunca considera seu trabalho valorizado pela instituição, estando insatisfeitos com sua remuneração em 68,42% dos casos, entretanto, 47,37% dos participantes, sente-se satisfeito em relação a chefia de enfermagem. Segundo os próprios profissionais de enfermagem, as principais causas das ausências na instituição são: doença (34,43%), falta de incentivo (13,93%), baixa remuneração (15,57%) e as péssimas condições de trabalho (17,21%). Um dos principais problemas relatados pelos profissionais em relação às faltas, é o fato de haver interferência na carga de trabalho, o que está ligada à qualidade da assistência prestada aos pacientes. Quando perguntados sobre possíveis medidas para redução das taxas de ausentismo, a maioria respondeu que um incremento salarial (22,09%) e a valorização profissional (15,70%) são fundamentais, seguidos por melhores condições de trabalho (13,37%) e a oferta de plano de saúde (9,88%), visto que um dos maiores motivos de afastamento são as licenças médicas. Os resultados deste estudo foram apressentados ao grupo de trabalho de humanização da FCECON, que é uma equipe interdisciplinar, composto em sua marioria por gestores, que garante o bom funcionamento da Política Nacional de Humanização da instituição, que prontamente iniciou uma busca por métodos que possam melhorar (dentro do possível, até por se tratar de uma instituição pública de saúde), as condições de trabalho dos profissionais de enfermagem, buscando maior satisfação dos servidores e consequentemente a qualidade do serviço ofertada ao público atendido pela Fundação. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A enfermagem é uma categoria profissional que zela pela saúde e bem estar daqueles que se encontram enfermos. Entretanto os resultados finais deste estudo evidenciaram que estes profissionais encontram-se insatisfeitos em relação ao seu trabalho, remuneração e ao local onde realizam suas atividades laborais, tendo como maiores fatores desencadeadores do alto índice de absenteísmo, os problemas de saúde, a sobrecarga de trabalho e a percepção da falta de valorização profissional. Alguns destes fatores também são apontados como primordiais para que tenham outros vínculos empregatícios, o que impacta diretamente nas causas do ausentismo, trazendo sobrecarga de trabalho para aqueles que comparecem ao plantão, o que gera um ciclo vicioso, uma vez que, o excesso de trabalho proporcinado por estas ausências, resulta em desgaste físico, bem como sobrecarga emocional e adoecimento dos membros da equipe. Por constituir a maioria dos profissionais que prestam assistência hospitalar e permanecer mais tempo à beira do leito, é fundamental que os gestores reconheçam a importância de proporcionar formas de valorizar a categoria, percebendo seus anseios, ouvindo suas sugestões, ampliando as discussões do grupo de humanização e apoio às ações estabelecidas.

Palavras-chave


absenteísmo; enfermagem; enfermarias