Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Última alteração: 2018-01-06
Resumo
APRESENTAÇÃO: A cromoblastomicose (CBM) é uma doença tropical causada por fungos que acomete a pele e tecido subcutâneo. É uma doença de distribuição universal. Os países de maior prevalência são: Madagascar, África do Sul, Brasil e Costa Rica. No Brasil, a CBM ocorre em vários estados com casos distribuídos por todas as regiões geográficas. Maranhão, Rio Grande do Sul e Amazônia são considerados endêmicos dessa doença. O primeiro caso brasileiro diagnosticado ocorreu em São Paulo no ano de 1911 e, até 1955, 168 casos da doença haviam sido registrados no país. Mostram estimativas da CBM por regiões geográficas no ano de 2000, a região norte apresentou uma população de 12.911.170, onde foram registrados 65.873 casos da doença; a região nordeste com população de 47.782.488 e 243.788 casos; o centro oeste do Brasil com 11.638.658 habitantes e 59.381 casos; o sul com população de 25.110.349 e registrou 128.114 casos e o sudeste com população de 72.430.194 e 369.541 casos. Apesar de o Brasil apresentar elevado número de casos, a doença ainda é pouco conhecida pela população em geral e até mesmo pelos profissionais da saúde. A CBM é causada por fungos melanizados, ou seja, fungos que possuem melanina em sua parede celular, sendo Fonsecaea pedrosoi o agente responsável pelos casos da doença no Brasil, esses fungos são saprófitas, vivem no solo e em vegetais absorvendo nutrientes oriundos da decomposição da matéria orgânica. A CBM afeta principalmente trabalhadores rurais de regiões de clima tropical e subtropical, essa micose apresenta aspecto clínico diversificado, no qual as lesões se localizam, geralmente, nos membros inferiores e raramente em outros locais da superfície cutânea. Caracteriza-se pela presença de ulcerações verrucosas, nodulares, tumorais, em placas, cicatriciais e tricofitóides. A terapia é longa e podem ocorrer recidivas, e dependendo da situação clínica e da extensão das lesões, os procedimentos terapêuticos podem variar. A lesão tende a se expandir pelo órgão afetado, podendo ocasionar a perda do membro, em alguns casos pode ocorrer à disseminação da doença, podendo comprometer os órgãos internos do indivíduo levando-o a morte. Diante do exposto, o objetivo do presente trabalho é divulgar as principais características da CBM afim de que o profissional da saúde, em particular o enfermeiro, tenha maior conhecimento da doença, tornando-se apto na identificação e acompanhamento do tratamento de pacientes. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: Pesquisa bibliográfica em trabalhos científicos publicados no Brasil nos últimos 23 anos, utilizando como fonte de pesquisa site de universidades e bancos de dados, relacionados a estudos morfológicos, características, diagnóstico, tratamento, ocorrência e etiologia da CBM. RESULTADOS E/OU IMPACTOS: Segundo Silva et al (1992) a Cromoblastomicose pode ser considerada uma doença crônica ocupacional que apresenta em média um tempo de evolução das lesões de 10 a 20 anos. No estudo, a localização das lesões em 84,6% dos pacientes foi nos membros inferiores, nos quais a forma verrucosa confluente e a cor acastanhada das lesões foram observadas em todos os casos. Como tratamento foi utilizado 5 – fluorocitosina, que apresentou bons resultados, principalmente em lesões únicas e que apresentavam pequeno diâmetro. Conforme Ribeiro et al. (2006) a cromoblastomicose é uma doença presente na realidade populacional brasileira, concentrando a maioria dos casos da doença na região sudeste. Em contrapartida Araújo (2008) e Massoud (2014), afirmam que a região norte é a área com maior número de casos dessa micose. No que se refere ao diagnóstico, Gimenes (2003) e Massoud (2014), certificam que a presença de pontos negros nas lesões é uma característica marcante da CBM, segundo eles o diagnóstico laboratorial é realizado pela remoção desses pontos por raspagem ou biópsia, através da cultura dos mesmos, o agente etiológico pode ser detectado, as colônias suspeitas aparecem depois de 7 a 15 dias de cultivo. De acordo com Araújo (2008) o itraconazol é eficaz para pacientes com Cromoblastomicose em doses de 100, 200 e 400 mg/dia administrado isoladamente ou associado a criocirurgia. Entretanto o uso prolongado em lesões graves a partir de 2 anos podem causar resistência e o aparecimento de cepas do fungo (LAMB et al. 1999). Massoud (2014) e Gimenes (2003), afirmam que dentre os antifúngicos disponíveis para a prática terapêutica, temos o fluconazol, tiabendazol, cetoconazol, anfotericina B e 5-anfotericina, e a administração do itraconazol é um dos métodos para o tratamento que apresenta melhores resultados, e este ultimo associado à crioterapia, mediante o acompanhamento prolongado segundo Gimenes (2003) e Araújo (2008) pode resultar em cura clínica e micológica. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Com base nos trabalhos utilizados, observa-se que a CMB é uma doença crônica e ocupacional, pacientes acometidos pela doença são em sua maioria do sexo masculino, que trabalham habitualmente descalços e com roupas rasgadas, onde os membros inferiores é comumente a região mais afetada, havendo relatos de pequenos ferimentos por espinhos, madeiras, pedras, facilitando a penetração oportunista do fungo. Essas atividades são realizadas principalmente por homens e que geralmente possuem idade entre 30 e 50 anos, visto que a doença possui tempo médio entre 10 e 20 anos de evolução. A situação se agrava quando se considera a realidade desta população predominantemente rural que possui pouco acesso ao nível secundário de saúde, fazendo com que ocorra um atraso entre o início da infecção e a busca de cuidados médicos. Dessa forma, estudos de casos de pacientes portadores de Cromoblastomicose apresentam uma predominância de pacientes em idade mais avançada, retratando a realidade do diagnóstico tardio. Diante disto, é importante o enfermeiro saber identificar a sintomatologia da CBM nos pacientes para o diagnostico precoce, evitando assim a evolução da doença e aumentando as chances de cura. O enfermeiro também pode assumir a função de orientar a população, em especial a rural, quanto às medidas profiláticas a serem tomadas para evitar o contágio com os agentes causadores da doença, como o uso de botas, luvas e vestimentas adequadas, impedindo o traumatismo cutâneo e seu consequente desenvolvimento.