Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Pratica de gestão e gerenciamento em enfermagem: uma experiência sobre o Processo de Acreditação Hospitalar em Belém-Pa
Eliene do Socorro da Silva Santos, Gabriela Evelyn Rocha da Silva, Ana Kedma Correa Pinheiro, Brunna Susej Guimarães Gomes, Ana Paula Rezendes de Oliveira, Jhennifer Pereira Rodrigues, Widson Davi Vaz de Matos, Héllen Cristhina Lobato Jardim Rêgo

Última alteração: 2018-01-25

Resumo


INTRODUÇÃO: No Brasil, a partir dos anos 90, alguns modelos de avaliação externa de serviços de saúde, sobretudo acreditação hospitalar (AH), surgiram como proposta de aprimoramento da assistência e melhorias na gestão das instituições hospitalares. No cenário nacional, a Acreditação é aderida de maneira voluntária e possui modelos variados conforme a instituição que irá realizar a certificação. Entre elas estão a ONA (Organização Nacional de Acreditação) Joint Commission International, Acreditação canadense, e a National Integrated Accreditation for Healthcare Organizations. O processo de acreditação hospitalar na metodologia ONA é constituído por fases primordiais, norteadas através de visitas diagnósticas e classificada em três níveis: Segurança (nível 1) denominado “Acreditado”, sinaliza que a instituição possui requisitos básicos de qualidade assistencial e oferece segurança para o paciente; Gestão Integrada (nível 2) “Acreditado Pleno”, caracteriza a adoção do planejamento na organização e “Acreditado com Excelência em Gestão (nível 3), demonstra que a instituição está dentro dos padrões de excelência, utilizando indicadores para avaliação de resultados à melhoria dos processos. De acordo com a ONA, instituição Acreditada, é aquela que comprova a existência de elementos básicos de segurança assistencial e de estrutura; a Acreditada Plena é aquela que tem sistema de gestão, baseado em planejamento estratégico, cumpre os requisitos do nível anterior e utiliza protocolos de padronização de processos assistenciais e Gerenciais. Atualmente o estado do Pará perpassa por uma reestruturação de hospitais públicos com ênfase no aprimoramento da qualidade do serviço, impulsionado por melhora na gestão de recursos e consequentemente produzir melhores resultados a longo prazo, para tal, estão sendo visitados pela ONA. Este relato busca descrever a experiência de acadêmicas do curso de graduação de enfermagem frente às mudanças no contexto organizacional de trabalho provenientes do processo de acreditação hospitalar em Belém-Pa, ocorrida durante a prática de gestão em enfermagem. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: Trata-se de um relato de experiência que busca descrever as mudanças na dinâmica de trabalho de três instituições hospitalares, observadas durante as aulas práticas do componente curricular de Gestão e gerenciamento dos serviços de saúde e enfermagem por acadêmicas de enfermagem do 4 ano da Universidade do Estado do Pará. Foram visitados 3 hospitais de Belém-PA que atendem perfis de usuários diferentes dentro das especialidades de cada instituição. O primeiro é um hospital de Alta e média complexidade referência em atendimento cardíaco e psiquiátrico, o segundo, é referência regional em tratamentos de oncologia e o terceiro é um hospital materno-infantil de grande porte, também referência para o estado. Dentro de cada hospital foram visitados setores diferentes, sendo estes: clinica hematológica, clinica neurológica, clinica cirúrgica e o setor de qualidade e segurança.  As aulas práticas foram ministradas no formato de visita técnica, e realizadas no período de 01 a 20 de novembro de 2017 nos hospitais psiquiátrico e oncológico, sendo a experiência no hospital materno-infantil vivenciada por estágio extra-curricular. RESULTADOS/DISCUSSÃO: A partir da observação dos campos de prática, foi possível visualizar as semelhanças e diferenças entre a dinâmica de trabalho de cada hospital, sendo constatada a importância dos métodos gerenciais para a continuidade e efetividade no fluxo das instituições visitadas. Para produzir melhorias na qualidade da assistência, o processo de acreditação exige trabalho interdisciplinar e superação da atenção fragmentada. Nessa perspectiva, para viabilizar a qualidade almejada, é preciso que os profissionais internalizem a lógica do cuidado integral e considerem o usuário como foco do processo de atendimento. Os procedimentos realizados pelas acadêmicas foram à construção de fluxogramas e organograma baseado na observação de cada clinica, também houve discussão a cerca do modo como cada clinica é adaptada conforme a necessidade da clientela assistida. Durante a vivência foi identificados que alguns profissionais se mostraram adaptados às estratégias que abrangem os protocolos de segurança do paciente a exemplo da checagem antes da cirurgia, realizada pelo enfermeiro. Também foi observada a aplicação da escala de Braden que abrange o protocolo de prevenção a Lesões Por Pressão, outro aspecto evidenciado foi o incentivo através de campanhas relacionadas aos protocolos de segurança do paciente e auditorias constantes buscando o aprimoramento de ações e apontar falhas. Os profissionais das unidades de internação demonstraram ter conhecimento sobre a razão das mudanças adotadas pela gerência de modo a reforçar em sua fala a importância da inserção dos protocolos de segurança para o paciente, diminuindo o tempo de permanência no leito e resultando na alta do usuário. Destacam-se ainda o papel de liderança da enfermagem dentro da equipe, pois observamos que nas diferentes clínicas, é possível direciona as ações do cuidado, e propagar informações importantes para os pacientes. Entretanto, dificuldades na efetivação destas mudanças também foram encontradas, como certa resistência a cultura de segurança, bem como falhas no processo gerencial de uma das clinicas a exemplo da delegação da atividade de dimensionamento da equipe do enfermeiro para o técnico de enfermagem, pouca adesão aos impressos de Sistematização da assistência de Enfermagem, passagem de plantão deficiente devido à dupla jornada de trabalho. Logo, faz-se necessário um estudo prévio criterioso acerca das particularidades de cada organização, de modo a identificar a melhor maneira de conduzir o processo de implementar.  Tais particularidades podem não ser evidenciadas na primeira fase da Acreditação, uma vez que esta se limita ao diagnóstico dos processos institucionais5. Percebemos ainda, que o tipo de liderança influencia no resultado deste processo, sendo necessário que haja um esforço conjunto das esferas de gestão, bem como dos profissionais assistenciais, técnicos operacionais e pacientes que necessitam ser integrados a estas mudanças. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A oportunidade de perpassar por diferentes hospitais, no momento em que estas mudanças estão sendo executadas possibilitou que fizéssemos um comparativo entre os ambientes e compreender as limitações e superações da gestão hospitalar. Também nos possibilitou entrar em contato com um tópico novo para a gestão no contexto hospitalar, e foi perceptível que a Acreditação possibilita melhoras físicas, estruturais e comportamentais que permitem otimizar a qualidade da assistência hospitalar em Belém-Pa. Desta forma, as mudanças são necessárias para novas possibilidades de melhorias e amplitude de ações resultando em benefícios para o paciente e para a instituição. Além disso, ressalta-se a necessidade de pesquisas e estudos na área, pois constatamos durante o trabalho que há pouca produção acadêmica que abordam o tema, por se tratar de algo relativamente novo. Compreende-se que deve ser reforçada a questão da educação continuada nas unidades de internação, de modo que pacientes e profissionais se sintam parte do processo de Acreditação, tornando-o ainda mais produtivo.


Palavras-chave


gestão em saúde; enfermagem; assistência hospitalar.