Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Última alteração: 2018-01-25
Resumo
INTRODUÇÃO: No Brasil, a partir dos anos 90, alguns modelos de avaliação externa de serviços de saúde, sobretudo acreditação hospitalar (AH), surgiram como proposta de aprimoramento da assistência e melhorias na gestão das instituições hospitalares. No cenário nacional, a Acreditação é aderida de maneira voluntária e possui modelos variados conforme a instituição que irá realizar a certificação. Entre elas estão a ONA (Organização Nacional de Acreditação) Joint Commission International, Acreditação canadense, e a National Integrated Accreditation for Healthcare Organizations. O processo de acreditação hospitalar na metodologia ONA é constituído por fases primordiais, norteadas através de visitas diagnósticas e classificada em três níveis: Segurança (nível 1) denominado “Acreditado”, sinaliza que a instituição possui requisitos básicos de qualidade assistencial e oferece segurança para o paciente; Gestão Integrada (nível 2) “Acreditado Pleno”, caracteriza a adoção do planejamento na organização e “Acreditado com Excelência em Gestão (nível 3), demonstra que a instituição está dentro dos padrões de excelência, utilizando indicadores para avaliação de resultados à melhoria dos processos. De acordo com a ONA, instituição Acreditada, é aquela que comprova a existência de elementos básicos de segurança assistencial e de estrutura; a Acreditada Plena é aquela que tem sistema de gestão, baseado em planejamento estratégico, cumpre os requisitos do nível anterior e utiliza protocolos de padronização de processos assistenciais e Gerenciais. Atualmente o estado do Pará perpassa por uma reestruturação de hospitais públicos com ênfase no aprimoramento da qualidade do serviço, impulsionado por melhora na gestão de recursos e consequentemente produzir melhores resultados a longo prazo, para tal, estão sendo visitados pela ONA. Este relato busca descrever a experiência de acadêmicas do curso de graduação de enfermagem frente às mudanças no contexto organizacional de trabalho provenientes do processo de acreditação hospitalar em Belém-Pa, ocorrida durante a prática de gestão em enfermagem. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: Trata-se de um relato de experiência que busca descrever as mudanças na dinâmica de trabalho de três instituições hospitalares, observadas durante as aulas práticas do componente curricular de Gestão e gerenciamento dos serviços de saúde e enfermagem por acadêmicas de enfermagem do 4 ano da Universidade do Estado do Pará. Foram visitados 3 hospitais de Belém-PA que atendem perfis de usuários diferentes dentro das especialidades de cada instituição. O primeiro é um hospital de Alta e média complexidade referência em atendimento cardíaco e psiquiátrico, o segundo, é referência regional em tratamentos de oncologia e o terceiro é um hospital materno-infantil de grande porte, também referência para o estado. Dentro de cada hospital foram visitados setores diferentes, sendo estes: clinica hematológica, clinica neurológica, clinica cirúrgica e o setor de qualidade e segurança. As aulas práticas foram ministradas no formato de visita técnica, e realizadas no período de 01 a 20 de novembro de 2017 nos hospitais psiquiátrico e oncológico, sendo a experiência no hospital materno-infantil vivenciada por estágio extra-curricular. RESULTADOS/DISCUSSÃO: A partir da observação dos campos de prática, foi possível visualizar as semelhanças e diferenças entre a dinâmica de trabalho de cada hospital, sendo constatada a importância dos métodos gerenciais para a continuidade e efetividade no fluxo das instituições visitadas. Para produzir melhorias na qualidade da assistência, o processo de acreditação exige trabalho interdisciplinar e superação da atenção fragmentada. Nessa perspectiva, para viabilizar a qualidade almejada, é preciso que os profissionais internalizem a lógica do cuidado integral e considerem o usuário como foco do processo de atendimento. Os procedimentos realizados pelas acadêmicas foram à construção de fluxogramas e organograma baseado na observação de cada clinica, também houve discussão a cerca do modo como cada clinica é adaptada conforme a necessidade da clientela assistida. Durante a vivência foi identificados que alguns profissionais se mostraram adaptados às estratégias que abrangem os protocolos de segurança do paciente a exemplo da checagem antes da cirurgia, realizada pelo enfermeiro. Também foi observada a aplicação da escala de Braden que abrange o protocolo de prevenção a Lesões Por Pressão, outro aspecto evidenciado foi o incentivo através de campanhas relacionadas aos protocolos de segurança do paciente e auditorias constantes buscando o aprimoramento de ações e apontar falhas. Os profissionais das unidades de internação demonstraram ter conhecimento sobre a razão das mudanças adotadas pela gerência de modo a reforçar em sua fala a importância da inserção dos protocolos de segurança para o paciente, diminuindo o tempo de permanência no leito e resultando na alta do usuário. Destacam-se ainda o papel de liderança da enfermagem dentro da equipe, pois observamos que nas diferentes clínicas, é possível direciona as ações do cuidado, e propagar informações importantes para os pacientes. Entretanto, dificuldades na efetivação destas mudanças também foram encontradas, como certa resistência a cultura de segurança, bem como falhas no processo gerencial de uma das clinicas a exemplo da delegação da atividade de dimensionamento da equipe do enfermeiro para o técnico de enfermagem, pouca adesão aos impressos de Sistematização da assistência de Enfermagem, passagem de plantão deficiente devido à dupla jornada de trabalho. Logo, faz-se necessário um estudo prévio criterioso acerca das particularidades de cada organização, de modo a identificar a melhor maneira de conduzir o processo de implementar. Tais particularidades podem não ser evidenciadas na primeira fase da Acreditação, uma vez que esta se limita ao diagnóstico dos processos institucionais5. Percebemos ainda, que o tipo de liderança influencia no resultado deste processo, sendo necessário que haja um esforço conjunto das esferas de gestão, bem como dos profissionais assistenciais, técnicos operacionais e pacientes que necessitam ser integrados a estas mudanças. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A oportunidade de perpassar por diferentes hospitais, no momento em que estas mudanças estão sendo executadas possibilitou que fizéssemos um comparativo entre os ambientes e compreender as limitações e superações da gestão hospitalar. Também nos possibilitou entrar em contato com um tópico novo para a gestão no contexto hospitalar, e foi perceptível que a Acreditação possibilita melhoras físicas, estruturais e comportamentais que permitem otimizar a qualidade da assistência hospitalar em Belém-Pa. Desta forma, as mudanças são necessárias para novas possibilidades de melhorias e amplitude de ações resultando em benefícios para o paciente e para a instituição. Além disso, ressalta-se a necessidade de pesquisas e estudos na área, pois constatamos durante o trabalho que há pouca produção acadêmica que abordam o tema, por se tratar de algo relativamente novo. Compreende-se que deve ser reforçada a questão da educação continuada nas unidades de internação, de modo que pacientes e profissionais se sintam parte do processo de Acreditação, tornando-o ainda mais produtivo.