Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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ESPASTICIDADE PÓS-AVC: UM OLHAR DA REABILITAÇÃO MULTIPROFISSIONAL
Prisca Dara Lunieres Pêgas Coêlho

Última alteração: 2018-01-25

Resumo


APRESENTAÇÃO: O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é resultado da falta de circulação do sangue em uma área do cérebro, que pode ocorrer devido à obstrução ou sangramento cerebral originado a partir de um vaso sanguíneo. Os profissionais de saúde ligados à área de reabilitação desempenham um papel fundamental no estabelecimento de um plano de tratamento de pacientes após um Acidente Vascular Cerebral com base no diagnóstico médico e funcional. O AVC pode afetar diversas regiões do cérebro, comprometendo algumas funções, sendo assim, o paciente pós-AVC pode apresentar: alteração na mobilidade; como consequência da rigidez muscular e da incapacidade para se movimentar, a dor também pode surgir; ao afetar o sistema nervoso central, o AVC pode originar sequelas no sistema intestinal e urinário em que o individuo perde o controle de suas necessidades fisiológicas; dificuldades para falar e/ou escrever, para expressar o que pensa e para utilizar números; o paciente pós-AVC também pode sofrer com depressão; alteração de cognição; a interação com amigos e familiares pode se tornar difícil por conta de toda a mistura de sentimentos e adaptações necessários para recuperar a qualidade de vida do paciente; e pode apresentar também a espasticidade, que consiste na tensão ou rigidez de alguns músculos e na incapacidade de controlá-los, podendo surgir até um ano após o AVC. Portanto, a correta avaliação de cada uma delas é importante para a tomada de medidas de reabilitação. Evidências clínicas mostram que os benefícios são significativos quando os pacientes iniciam o tratamento precoce da espasticidade pós-AVC, pois após seis meses de AVC, mais de 40% dos pacientes terão desenvolvido espasticidade, e quando não tratada apresenta maior probabilidade de se tornar incapacitante ao longo do tempo, causando dor, deformidade e contraturas. Diante desse contexto, o presente estudo teve como objetivo relatar a importância do tratamento multiprofissional na espasticidade do paciente em pós-AVC. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: Trata-se de um relato de experiência vivenciado pela Residência Multiprofissional em Saúde do Programa de Atenção Integral na Saúde Funcional em Doenças Neurológicas, do Hospital Universitário Getúlio Vargas, da Universidade Federal do Amazonas, durante cenário de prática no Ambulatório de Espasticidade, do Ambulatório Araújo Lima, da cidade de Manaus, capital do Amazonas, durante o período de maio de 2017 a fevereiro de 2018. A equipe de residência multiprofissional conta com profissionais das áreas de fisioterapia, enfermagem, psicologia, educação física e assistente social. Dos 51 pacientes acompanhados durante o período de prática nesse campo 17 (33.33%) são pacientes em pós-AVC apresentando espasticidade como sequela. No Ambulatório de Espasticidade, primeiramente o paciente passa por uma avaliação médica de um neurologista com o objetivo de avaliar a necessidade de administração da toxina botulínica, além do tratamento medicamentoso. O tratamento com toxina botulínica, realizado com injeções diretamente nos músculos afetados, atuando na junção neuromuscular, leva a um relaxamento muscular sem efeito generalizado e transitório. Assim, para maior benefício, as aplicações devem ser repetidas a cada três meses. Após iniciar o tratamento com a toxina botulínica esse paciente passa a ser acompanhado pela equipe da residência multiprofissional com a finalidade de identificar fatores exacerbadores, tais como constipação, lesão por pressão e síndrome dolorosa pós-AVC, além da correção da postura anormal, orientação para programas e benefícios de direito e distúrbio no aspecto emocional envolvendo paciente/familiar quando necessário. RESULTADOS e/ou IMPACTOS: A reabilitação desse paciente é na maioria das vezes, um grande desafio. Os esforços para minimizar o impacto na qualidade de vida e para aumentar a recuperação funcional após AVC têm sido o foco para as equipes interdisciplinares de reabilitação. O início precoce da reabilitação no paciente em pós-AVC é fator chave para minimizar a incapacidade em longo prazo, ou seja, esperar até que a espasticidade se instale antes de iniciar o tratamento pode prejudicar a reabilitação. Em contrapartida, conforme os estudos clínicos, as terapias de reabilitação aplicadas nos três primeiros meses pós-AVC apresentam maior probabilidade de benefícios. Os pacientes com espasticidade possuem necessidades específicas, esses pacientes têm suas próprias motivações, interesses e habilidades. Portanto o tratamento deve ser especificamente concebido para abordar todos os aspectos das necessidades dos pacientes. A toxina botulínica pode desempenhar um papel importante na melhora dos resultados quando realizada em conjunto com outros tratamentos. Os benefícios do tratamento com toxina botulínica variam de acordo com as indicações clínicas e as características do paciente, mas dentre os principais benefícios do medicamento estão a melhora funcional do membro acometido pela espasticidade, diminuição da dor, maior facilidade no uso de órteses, prevenção de contraturas e deformidades, melhora da higiene, retardo na indicação de procedimentos cirúrgicos ou suspensão dos mesmos. Contudo, um ano após o desenvolvimento da espasticidade, 47% dos pacientes elegíveis ao tratamento não recebem a toxina botulínica e sabe-se, também, que os efeitos da toxina botulínica são amplificados quando associado a uma abordagem multiprofissional, porém, tal conhecimento necessita de uma maior divulgação, pois muitos carecem dessas informações, e com isso o número de pacientes após um acidente vascular cerebral apresentando sequelas, como a espasticidade, aumenta cada dia mais. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Não existe tratamento para a cura da espasticidaade e sim tratamentos que podem diminuir as incapacidades geradas. Portanto, percebe-se a importância de diferentes abordagens serem integradas entre si, bem como um programa de reabilitação integral com foco no paciente, visto que o tratamento da espasticidade requer uma abordagem multiprofissional, tanto para a avaliação quanto para o tratamento. Além do tratamento multiprofissional, a aplicação da toxina botulínica ajuda a reduzir esses movimentos involuntários (espasticidade), buscando chegar o mais próximo possível da situação normal da função muscular. Com isso, ao realizar movimentos, antes impossibilitados, auxilia nos cuidados do paciente, como: higienização, locomoção, alimentação, vestir-se, facilitando muito o dia a dia do paciente e cuidador e melhorando sua qualidade de vida. Seguindo esse contexto, pretende-se com esse estudo sensibilizar quanto à importância da prática multiprofissional na assistência a um paciente pós-AVC e trazer uma crítica-reflexiva sobre a implantação de centros de reabilitação com uma equipe multiprofissional especializada e facilidade de acesso à toxina botulínica pelo Sistema Único de Saúde, pois necessita de um melhor planejamento das três esferas de governo para aperfeiçoamento desses programas.


Palavras-chave


Acidente Vascular Cerebral; Espasticidade Muscular; Equipe de Assistência ao Paciente.