Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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ESTRATÉGIAS PARA ESTÍMULO DA AMAMENTAÇÃO ENTRE PORTADORES DE FISSURA LABIOPALATAL
Eliane Maria de Souza, Elci Lourenço do Bomfim, Elci Lourenço do Bomfim, Tamires Reis Santos, Tamires Reis Santos, Samylla Maira Costa Siqueira, Samylla Maira Costa Siqueira, Diego Costa da Cunha Ferreira, Diego Costa da Cunha Ferreira, Bárbara Conceição Vilas Bôas Marques, Bárbara Conceição Vilas Bôas Marques, Ana Lúcia da Silva, Ana Lúcia da Silva

Última alteração: 2018-01-26

Resumo


Apresentação: A fissura lábio palatina é uma deformidade congênita, caracterizada por uma falha tecidual do lábio palatino superior, podendo comprometer total ou parcialmente a arcada alveolar, o palato duro e mole. Aparece mais comumente em apenas um lado do lábio, mas também pode acometer os dois hemisférios. Pode ocorrer tanto no período embrionário quanto no fetal, uma vez que esta manifestação se desenvolve entre a 3ª e a 12ª semana pós-concepção devido a falhas na fusão dos processos faciais e processos palatinos primários e secundários, sendo considerada multifatorial. Como consequência da fissura lábio palatina, os bebês e suas famílias passam por dificuldades de ordem física e social. Dentre as dificuldades sociais, destacam-se os problemas de aceitação; em se tratando dos transtornos físicos, referem-se os estressores relacionados à amamentação. Infere-se, contudo, que o aleitamento materno, especialmente nos seis primeiros meses do bebê é fundamental, pois diminui o risco de infecções e inflamações, pois o leite humano é composto de nutrientes essenciais, anticorpos e água para o desenvolvimento e crescimento do recém-nascido (RN). Neste contexto, é imprescindível que os profissionais de saúde, especialmente os enfermeiros – uma vez que estes acompanham a família desde o pré-natal – auxiliem estas crianças e seus genitores no processo de amamentação, acolhendo os pais, incentivando o aleitamento ao seio e fornecendo subsídios que reforcem o vínculo materno-infantil. Diante do exposto, este estudo tem como objetivo descrever as estratégias para estímulo da amamentação entre portadores de fissura labiopalatal. Desenvolvimento do trabalho: Revisão integrativa da literatura, realizada em março de 2017 na Biblioteca Virtual em Saúde Enfermagem (BVS) e na Scientific Eletronic Library Online (SciELO). Foram utilizados na busca os seguintes descritores, consultados na biblioteca dos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): “amamentação, fenda labial e fissura palatina”. Em ambos os locais de busca, a combinação dos descritores ocorreu pelas seguintes associações: 1) amamentação + fenda labial; e 2) amamentação + fissura palatina. Na busca, foram identificados, a partir da primeira combinação, 34 materiais na BVS e 2 na SciELO; pela segunda associação, foram encontrados 29 materiais na primeira base e 3 nesta última. Estes foram filtrados a partir dos seguintes critérios de inclusão: apenas artigos, com disponibilidade de texto na íntegra e publicados em português e inglês. Considerando-se a escassez de materiais acerca desta temática, não foi delimitado recorte temporal. Como critérios de exclusão, estabeleceram-se os artigos duplicados nas bases e aqueles que não correspondiam ao objeto proposto neste estudo. A partir da aplicação dos filtros supracitados, foram selecionados, inicialmente, 6 artigos BVS e 2 na SciELO pela primeira combinação e 3 artigos na BVS e 3 na SciELO pela segunda associação, totalizando 14 artigos. Estes tiveram seu título e resumo lidos para identificar compatibilidade com o objeto de estudo aqui proposto. Ao final, foram selecionados 5 artigos (3 na BVS e 2 na SciELO). Resultados: Foram destacadas neste levantamento como estratégias para estímulo à amamentação entre portadores de fissura labiopalatal ações de incentivo ao aleitamento materno (n=3), especialmente no que diz respeito à educação em saúde, quanto aos benefícios da amamentação (n=1) e à melhor posição para lactar as crianças com esta deformidade (n=2). No contexto da educação em saúde direcionada à família de crianças portadoras da fissura, destaca-se a necessidade de orientação sobre a importância do aleitamento materno e seus benefícios, o que vem a tornar oportuno o questionamento tanto da necessidade quanto da viabilidade da prescrição de fórmulas lácteas para ganho de peso corporal, quando a amamentação natural é possível. A educação é, inclusive, uma das estratégias de combate aos mitos concernentes à amamentação. Destaca-se que entre as mães é comum o mito de que bebês fissurados não podem ser amamentados. Infere-se, contudo, que a amamentação deve ser estimulada e esta prática pode ser feita com qualquer criança, inclusive com aquelas com deformidades na cavidade oral, uma vez que os reflexos de sucção e deglutição se encontram preservados, basta apenas que a mãe esteja orientada e compreenda a importância do aleitamento materno. Há grande variedade na apresentação da deformidade, havendo crianças com fissura que em nada compromete a amamentação, enquanto outras apresentam grande dificuldade para serem amamentadas. Assim, é necessário que orientações sejam fornecidas à mãe para que ela seja estimulada a amamentar. Nas ações de educação em saúde, como uma forma de incentivar/estimular o aleitamento materno, o enfermeiro pode esclarecer as mães acerca dos benefícios, que são destacados na literatura como desenvolvimento facial e melhor desenvolvimento da cavidade bucal, proteção contra infecções, prevenção de diarreia e infecções respiratórias. Ademais, cabe destacar os benefícios para a mãe, como proteção contra o câncer de mama, contracepção natural, redução dos gastos e promoção de vínculo entre o binômio. Quanto à posição para amamentação, a orientação acerca do modo correto é apontada como uma das estratégias para promoção dessa prática. Por se tratar de um momento de vínculo entre a mãe e o bebê, a amamentação deve ser um processo tranquilo e confortável. Neste contexto, o enfermeiro deve orientar acerca da melhor posição para a lactação. Destaca-se, contudo, que a técnica de alimentação vai depender da complexidade da fissura e das condições da criança. Entre os bebês portadores de fissura labiopalatal, orienta-se a amamentação em posição semiereta, de frente para o corpo da mãe ou, como alternativa, deitado sobre uma superfície plana, com a cabeça inclinada para o colo materno, enquanto a mãe inclina seu corpo sobre ele. Nessa posição, a ação da gravidade permite que o mamilo e a aréola penetrem com mais facilidade a boca do bebê, proporcionando maior vedação da fenda, promovendo assim um melhor escoamento do alimento para a orofaringe e o esôfago e reduzindo a fadiga e a energia gasta pelo bebê durante a alimentação. A importância da posição adequada para lactação consiste no fato de que a denominada “má pega” interfere na dinâmica de sucção e extração do leite materno, podendo dificultar o esvaziamento do seio e levar à diminuição da produção do leite. Como consequência, a mãe pode introduzir precocemente outros alimentos, contribuindo assim para o desmame precoce. Ademais, o posicionamento incorreto pode gerar as chamadas intercorrências mamárias, sendo estas apontadas em diversos estudos como um dos principais fatores de risco para o desmame precoce. Considerações finais: Ressalta-se a importância da amamentação para o crescimento e desenvolvimento da criança, pois contribui para evitar doenças além de nutrir e aumentar vínculos entre mãe e filho, conferindo benefícios para a saúde de ambos. Diante disso, o enfermeiro deve incentivar o aleitamento materno mesmo quando a fissura for de maior complexidade, pois as crianças com esta deformidade podem ser lactadas ao seio, cabendo a este profissional orientar a mãe acerca desta prática, sua importância e benefícios, oferecendo estas informações ainda durante o pré-natal. O enfermeiro deve buscar a melhor estratégia de estímulo à amamentação. Especificamente nesse estudo, podemos verificar que a amamentação é possível através de orientações acerca da posição correta e a partir de educação em saúde por meio de palestras e outras ações.

 


Palavras-chave


Aleitamento Materno; Fissura Palatina; Enfermagem; Saúde da Criança.