Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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CAPTAÇÃO DE DOADORES DE SANGUE: UMA ABORDAGEM REFLEXIVA EM ÉPOCAS DA SÍFILIS, HIV/Aids E ENVELHECIMENTO POPULACIONAL
Valdirene Silva Pires Macena, Marcus Vinícius Macena, João Barbosa da Silva, Halex Mairton Barbosa Gomes e Silva, Mauricio Antonio Pompilio, Juliana Aita, Pedro Augusto Pacheco de Miranda, Nelcile Alves Dias, Edilene de Sá Leal Araújo, Rodrigo Corrêa Gomes da Silva

Última alteração: 2018-05-15

Resumo


INTRODUÇÃO A sífilis é uma infecção de caráter sistêmico, causada pelo Treponema pallidum (T. pallidum). Quando não tratada precocemente, pode evoluir para uma enfermidade crônica com sequelas irreversíveis em longo prazo. A doença apresenta sinais e sintomas muito variáveis que pode evoluir para formas mais graves, podendo comprometer o sistema nervoso, o aparelho cardiovascular, o aparelho respiratório e o aparelho gastrointestinal. A principal via de transmissão da sífilis no ser humano é o contato sexual, seguido pela transmissão vertical para o feto durante o período de gestação de uma mãe com sífilis não tratada ou tratada inadequadamente. O Treponema pallidum também pode ser transmitido através da transfusão sanguínea. A infecção é um importante agravo à Saúde Pública, pois além de ser infectocontagiosa e ela pode acometer o organismo de maneira severa quando não tratada, aumentando o risco de se contrair a infecção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), uma vez que a entrada do vírus é facilitada pela presença das lesões sifilíticas. A presença de uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST), como sífilis, aumenta consideravelmente o risco de se adquirir ou transmitir a infecção por Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) porque a presença do T. pallidum no organismo acelera a evolução da infecção pelo HIV para a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids). Portanto, a notificação do caso de sífilis adquirida, sífilis em gestante e sífilis congênita é obrigatória, conforme Portaria vigente da vigilância epidemiológica. OBJETIVO Orientar a população sul-mato-grossense sobre o aumento da incidência da sífilis e do HIV, a fim de minimizar a soroconversão nas transfusões sanguíneas. MÉTODO DO ESTUDO Trata-se de um estudo observacional, quantitativo e descritivo. RESULTADOS E/OU IMPACTOS Estima-se no mundo mais de 1 milhão de casos de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) por dia. Aproximadamente 357 milhões de novas infecções ao ano, entre clamídia, gonorreia, sífilis e tricomoníase. A sífilis na gestação leva a mais de 300 mil mortes fetais e neonatais por ano no mundo, e coloca um adicional de 215 mil crianças em aumento do risco de morte prematura. Entre 2010 a junho de 2016, foram notificados no Sinan um total de 227.663 casos de sífilis adquirida.Na série histórica de casos de sífilis adquirida notificados, observa-se que 136.835 (60,1%) são homens. Em 2010, a razão de sexos era de 1,8 caso em homens para cada caso em mulheres; em 2015, foi de 1,5 caso em homens para cada caso em mulheres. Em 2015, observou-se que 55,6% dos casos de sífilis adquirida, no Brasil, eram da faixa etária de 20 a 39 anos, 16,3% cursaram ensino médio completo, 40,1% declararam ser da raça/cor branca e 31,0% parda. Ressalta-se que em 36,8% dos casos a informação de escolaridade constava como ignorada. Quanto taxa da sífilis em gestantes dentre às Unidades Federativas, a taxa de detecção mais elevada, em 2015, foi observada no Mato Grosso do Sul (21,9 casos/ mil nascidos vivos), e a mais baixa no Rio Grande do Norte (4,5casos/mil nascidos vivos).  De acordo com os dados da Secretaria Municipal de Saúde (SESAU), em Campo Grande capital do Estado de Mato Grosso do Sul, (janeiro a setembro de 2017) foram registrados 663 casos de sífilis. O número é 17,55% maior que o total registrado em todo ano de 2016, 564 casos. Nos primeiros nove meses de 2017, foram registrados 296 casos em gestantes, contra 303 no mesmo período de 2016. O número de diagnósticos em 2017 representa 73,26% do total registrado em 2016, quando 404 grávidas foram diagnosticadas. Na capital, foram 96 casos notificados de janeiro a setembro de 2017 de sífilis congênita, ante 106 notificações no mesmo período do ano passado. Os casos atuais representam 71,11% dos apontados durante todo o ano 2016, quando foram notificados 135 casos. Embora o tratamento com penicilina seja muito eficaz nas fases iniciais da doença, métodos de prevenção devem ser implementados, pois adquirir sífilis expõe as pessoas a um risco aumentado para outras Infecções Sexualmente Transmissíveis, inclusive a Aids. Estes dados são alarmantes à Saúde Pública, porque na mesma proporção em que cresce o número de pessoas idosas, também, cresce um aumento significativo de pessoas infectadas pela sífilis e pelo HIV. Estima-se que no Brasil, até o ano de 2020 serão 11.328. 144 idosos e 15.005.250 idosas. No Estado de Mato Grosso do Sul também tem observado esse aumento, em 1991 havia 104.852 idosos aproximadamente 5,9% do total de habitantes e, em 2010 este número aumentou significativamente para 239.270, ou seja, cerca de 9,8% do contingente populacional do estado. Ao envelhecer a pessoa torna-se mais vulnerável as doenças degenerativas, aos acidentes domiciliares, as doenças oncológicas e aos distúrbios hematológicos. Neste caso, a doação de sangue torna-se um problema de interesse mundial, porque não há uma substância que possa substituir o tecido sanguíneo e, doar sangue salvam vidas. Captar o doador é importante, porém, há de se pensar na capitação de doadores para reduzir o risco de soroconversão em receptores porque os profissionais responsáveis pela captação deverão pensar não mais em termos de reposição de sangue, mas sim de transfusões de sangue com maior margem de segurança as doenças transmissíveis, pois desde o início da Aids em 1980 até junho de 2015 no Brasil, já foram registrados cerca de 519.183 (65,0%) casos em homens e 278.960 (35,0%) casos em mulheres. A taxa de maior detecção está entre homens de 15 a 19 anos, 20 a 24 anos e 60 anos ou mais. O Estado de Mato Grosso do Sul foi considerado (2010 a 2014), o 6º estado brasileiro com maior índice da doença. CONSIDERAÇÕES FINAIS Referente a captação, é importante considerar esses dados e demonstrar aos candidatos a doação de sangue, sobre o aumento dessas doenças, suas vias de transmissão e cuidados a serem tomados para ser um doador responsável de sangue sensibilizando-os quanto a sua responsabilidade em relação à saúde pública. Ao conscientizar os doadores, estes se tornarão mais cuidadosos e responsáveis, o que proporcionará menor soroconversão e maior confiabilidade no sistema de distribuição de sangue e hemocomponentes à medida que a população vai envelhecendo.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Guia de políticas, programas e projetos do governo federal: Compromisso nacional para o envelhecimento ativo, Brasil. MULLER, N. P. (Org.). Brasília: Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, 2015.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. Boletim Epidemiológico HIV/AIDS Ano IV. n. 1, 2015

BRASIL. Ministério da Saúde. Boletim Epidemiológico Sífilis Ano V. v. 47, n.35, Brasília, 2016.

MATO GROSSO DO SUL. Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Econômico. Diagnóstico socioeconômico de Mato Grosso do Sul – 2015. Campo Grande, 2015.

MACENA, V. S. P.; ARANTES, R.; POMPILIO, M. A. Percepção da vulnerabilidade ao HIV/Aids em idosos pelos ACS e médicos da saúde da família. In: 12º CONGRESSO INTERNACIONAL DA REDE UNIDA. Resumos... Campo Grande: Rede Unida, 2015.

MACENA, V. S. P.; VILALBA, H. C.; DIAS, N. A.; PALUDO, S. M. L.; SILVA, J. B.; RIBEIRO, A.; MONTEIRO, S. A. Fidelização dos doadores de sangue: uma abordagem reflexiva em épocas de envelhecimento populacional e pandemia do HIV/Aids. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE HEMATOLOGIA, HEMOTERAPIA E TERAPIA CELULAR – HEMO 2016. Resumos... Florianópolis: Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular, 2016.

 

 

 


Palavras-chave


Doação de sangue; Infecções Sexualmente Transmissíveis; Segurança transfusional.